Uma resenha impossível
Ana, a do poético pseudônimo, perguntou-me o que eu queria ganhar como presente de amigo secreto. E eu, desatenta (ou desatualizada, em total desconformidade com o século 21), apenas depois vi na rede social que ela, poeta assumida, havia publicado algumas de suas obras numa coletânea. Foi exatamente o que escolhi.
Então Ana, a iluminada, enviou-me não apenas o presente solicitado, mas também uma agenda poética belamente ilustrada com poesias diárias de vários artistas, ela entre eles. Presente mais que bem vindo, já que sou assim, meio voadora nas datas, meio desprendida de compromissos.
Porém ambos os presentes não me fixaram ao chão e, pelo contrário, fizeram-me voar ainda mais. De quebra penso na minha sina, esta, a de fazer resenha de um livro de poesias, que pela segunda vez sou chamada a tentar. Para complicar, agora, de uma coletânea. Como assim?
Como se resume uma obra poética? Como se passa a alguém, de forma sucinta, o turbilhão de emoções que pode haver em uma única frase? Penso, tento e desisto. Nada pode descrever uma poesia além da leitura. E para corroborar o que digo, vem dela, a própria Ana-poeta, a frase que resume, de forma muito melhor do que qualquer outra que eu pudesse ousar, a função de sua obra e a obra de tantos poetas e escritores de modo geral:
"Sempre que fizer uma leitura, procure nas entrelinhas os seus sentimentos, que podem não ser os mesmos do autor; mas isso é a magia da literatura."
Sábio conselho... O poeta é o condutor que nos coloca frente a frente com nós mesmos, com sensibilidade e senso estético, para que possamos admirar nossa própria capacidade de sermos fluidos e profundos como um lago, surpreendentes e brilhantes como a luz. Assim, a amostra que segue fica como agradecimento a Ana Lago de Luz pela lição aprendida com este modo de ver a poesia: como um espelho mágico, encantado, mutante, colorido pelas tintas de nossas próprias emoções.
"Venha a chuva
para confundir
as lágrimas
que tenho...
Bebo algumas gotas...
Mas ainda tenho
alguns risos.
Os gritos deixo
no mar...
Ainda ouço os
violinos...
Os sons azuis do ar!"
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Poetas Contemporâneos do Brasil - vol. II (Vários autores)
Portal do Poeta Brasileiro, 2011
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Este texto faz parte do exercício criativo Amigo Secreto - Resenha 2011
Saiba mais lendo os outros textos participantes em: http://encantodasletras.50webs.com/resenha2011.htm