Os Segredos da Ficção
varejosortido.blogspot.com
Antes de escrever qualquer coisa que parecesse um texto em minha vida, fui leitora. Li muito e de tudo que me caía nas mãos e continuo achando que melhor exercício não há, pois o que lemos além de informação e de encanto, nos coloca em contato com formatos de textos diversos.
Quando estudante nunca tive preguiça para aprender algo que fosse do meu interesse e sempre fui “interessada” em Literatura e até hoje, sempre que o tempo permite, procuro ler vários autores que me ensinaram e ensinam o que tento aplicar no que escrevo, mas sem abrir mão do meu jeito de ser e entender o mundo.
E embora alguns colegas achassem que para escrever um texto bastava juntar lé com cré, um sujeito, um verbo e um predicado e “tava bom”, por curiosidade epistemológica ou “defeito de fabricação” mesmo, sempre soube que comunicar algo por escrito, com coerência, exigia cuidado e aprendizado.
Encontrei eco no que pensava e penso em livros como Os Segredos da Ficção, de Raimundo Carrero, que já inicia me instigando a ir adiante: “Não se pretende aqui ditar normas à criação. Absolutamente. No entanto é preciso acreditar que o trabalho literário exige disciplina e método.”
É claro que as pessoas de bom senso não vão achar que basta ler um livro de dicas sobre o ato de escrever, que aprender teoria literária vá transformar alguém num escritor reconhecido no que faz e premiado como é o autor Raimundo Carrero e todos que ele cita como exemplo ao longo do livro.
Os Segredos da Ficção é um livro de estudo e pesquisa. Não o li “de carreirinha”, como se diz e volto a ele sempre que quero e preciso relembrar algum aspecto abordado pelo autor nos exemplos de trechos destacados por ele.
O autor deixa claro que na busca pela “intimidade do texto” tudo é válido: “conversas de vencer horas, manhãs, tardes e noites. Livros emprestados, anotados, examinados. Conselhos. Reflexões infindáveis.” E citando várias obras elencadas como exemplo de narrativa importante para a literatura universal, Raimundo Carrero dá um banho de informação sobre criação literária.
O passo a passo, o longo e prazeroso ou tortuoso caminho da transformação de uma ideia em uma historia é tratado nesse livro com a paciência didática que Carrero acumula em mais de dez anos mantendo uma concorrida oficina literária em Recife. Além de ser leitora dos seus excelentes livros, já o ouvi palestrando numa bienal e me impressionou sua cultura, sua habilidade com o encanto da palavra.Fui fisgada quando me deparei com o inusitado, denso e poético Minha Alma é irmã de Deus , que venceu o Prêmio S. Paulo de Literatura em 2010.
Tenho certeza que quem acha que escreve bem, mas que é possível melhorar, vai gostar e deve ler/ter esse livro.
Mais sobre o livro*
O romancista e contista premiado, Raimundo Carrero, revela em 'Os Segredos da Ficção', os caminhos da arte de escrever narrativas, e também que a literatura está ao alcance de todos aqueles que tem o impulso de criá-la. Mas é preciso ter perseverança e trabalhar duro para transformar suas idéias em contos, novelas e romances. Não há receita para a boa literatura, existem, sim, caminhos para chegar a ela. E é nestas trilhas que Carrero guia o leitor, falando diretamente a ele com a ajuda de ilustres companheiros de viagem como Lygia Fagundes Telles, Ariano Suassuna, Antônio Torres, Rilke, Jack Kerouac, Gustave Flaubert, Mario Vargas Llosa, para citar alguns gênios de diversos estilos e épocas que têm em comum a disciplina e o rigor de seus universos ficcionais. Dividido em três capítulos, no primeiro - 'A Voz narrativa', o autor escreve sobre os tipos de narrador; interação autor e personagem; os mestres e encontrando a própria voz. No segundo-'O Processo Criador', os temas são intuição, técnica pulsação narrativa e organização. E no terceiro- 'A Construção do Personagem', Carrero discute gênese, conhecimento, apresentação, classificação e desenvolvimento.
*Adaptado da Resenha da editora Agir
Mais sobre o autor*
Raimundo Carrero de Barros Filho (Salgueiro PE 1947). Romancista e contista. Na adolescência muda-se com a família para o Recife, e tem seu primeiro contato com a literatura ao encontrar caixas de livros abandonadas por seu irmão mais velho, que se tornara artista de circo. Cursa ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, mas profissionalmente torna-se jornalista. Atua na televisão, no rádio e no Diário de Pernambuco, onde permanece por 25 anos. No início dos anos 1970 participa da criação do Movimento Armorial, liderado pelo escritor Ariano Suassuna (1927), que na ficção representa a retomada de temas pertencentes à literatura oral e popular nordestina. Um de seus contos, O Bordado, a Pantera Negra, é usado para ilustrar a prosa do movimento, em brochura publicada em 1974. No ano seguinte lança seu primeiro romance, A História de Bernarda Soledade, a Tigre do Sertão. Como professor, leciona na UFPE de 1971 a 1996 e em 1989 funda a Oficina de Criação Literária, no Recife, dedicada a jovens interessados na carreira de escritor. É também autor de Somos Pedras que se consomem (prêmios APCA e Machado de Assis em 1999) e de As Sombrias Ruínas da Alma (prêmio Jabuti de 2000).
*Adaptado da Enciclopédia Itaú Cultural da Literatura Brasileira
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Antes de escrever qualquer coisa que parecesse um texto em minha vida, fui leitora. Li muito e de tudo que me caía nas mãos e continuo achando que melhor exercício não há, pois o que lemos além de informação e de encanto, nos coloca em contato com formatos de textos diversos.
Quando estudante nunca tive preguiça para aprender algo que fosse do meu interesse e sempre fui “interessada” em Literatura e até hoje, sempre que o tempo permite, procuro ler vários autores que me ensinaram e ensinam o que tento aplicar no que escrevo, mas sem abrir mão do meu jeito de ser e entender o mundo.
E embora alguns colegas achassem que para escrever um texto bastava juntar lé com cré, um sujeito, um verbo e um predicado e “tava bom”, por curiosidade epistemológica ou “defeito de fabricação” mesmo, sempre soube que comunicar algo por escrito, com coerência, exigia cuidado e aprendizado.
Encontrei eco no que pensava e penso em livros como Os Segredos da Ficção, de Raimundo Carrero, que já inicia me instigando a ir adiante: “Não se pretende aqui ditar normas à criação. Absolutamente. No entanto é preciso acreditar que o trabalho literário exige disciplina e método.”
É claro que as pessoas de bom senso não vão achar que basta ler um livro de dicas sobre o ato de escrever, que aprender teoria literária vá transformar alguém num escritor reconhecido no que faz e premiado como é o autor Raimundo Carrero e todos que ele cita como exemplo ao longo do livro.
Os Segredos da Ficção é um livro de estudo e pesquisa. Não o li “de carreirinha”, como se diz e volto a ele sempre que quero e preciso relembrar algum aspecto abordado pelo autor nos exemplos de trechos destacados por ele.
O autor deixa claro que na busca pela “intimidade do texto” tudo é válido: “conversas de vencer horas, manhãs, tardes e noites. Livros emprestados, anotados, examinados. Conselhos. Reflexões infindáveis.” E citando várias obras elencadas como exemplo de narrativa importante para a literatura universal, Raimundo Carrero dá um banho de informação sobre criação literária.
O passo a passo, o longo e prazeroso ou tortuoso caminho da transformação de uma ideia em uma historia é tratado nesse livro com a paciência didática que Carrero acumula em mais de dez anos mantendo uma concorrida oficina literária em Recife. Além de ser leitora dos seus excelentes livros, já o ouvi palestrando numa bienal e me impressionou sua cultura, sua habilidade com o encanto da palavra.Fui fisgada quando me deparei com o inusitado, denso e poético Minha Alma é irmã de Deus , que venceu o Prêmio S. Paulo de Literatura em 2010.
Tenho certeza que quem acha que escreve bem, mas que é possível melhorar, vai gostar e deve ler/ter esse livro.
Mais sobre o livro*
O romancista e contista premiado, Raimundo Carrero, revela em 'Os Segredos da Ficção', os caminhos da arte de escrever narrativas, e também que a literatura está ao alcance de todos aqueles que tem o impulso de criá-la. Mas é preciso ter perseverança e trabalhar duro para transformar suas idéias em contos, novelas e romances. Não há receita para a boa literatura, existem, sim, caminhos para chegar a ela. E é nestas trilhas que Carrero guia o leitor, falando diretamente a ele com a ajuda de ilustres companheiros de viagem como Lygia Fagundes Telles, Ariano Suassuna, Antônio Torres, Rilke, Jack Kerouac, Gustave Flaubert, Mario Vargas Llosa, para citar alguns gênios de diversos estilos e épocas que têm em comum a disciplina e o rigor de seus universos ficcionais. Dividido em três capítulos, no primeiro - 'A Voz narrativa', o autor escreve sobre os tipos de narrador; interação autor e personagem; os mestres e encontrando a própria voz. No segundo-'O Processo Criador', os temas são intuição, técnica pulsação narrativa e organização. E no terceiro- 'A Construção do Personagem', Carrero discute gênese, conhecimento, apresentação, classificação e desenvolvimento.
*Adaptado da Resenha da editora Agir
Mais sobre o autor*
Raimundo Carrero de Barros Filho (Salgueiro PE 1947). Romancista e contista. Na adolescência muda-se com a família para o Recife, e tem seu primeiro contato com a literatura ao encontrar caixas de livros abandonadas por seu irmão mais velho, que se tornara artista de circo. Cursa ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, mas profissionalmente torna-se jornalista. Atua na televisão, no rádio e no Diário de Pernambuco, onde permanece por 25 anos. No início dos anos 1970 participa da criação do Movimento Armorial, liderado pelo escritor Ariano Suassuna (1927), que na ficção representa a retomada de temas pertencentes à literatura oral e popular nordestina. Um de seus contos, O Bordado, a Pantera Negra, é usado para ilustrar a prosa do movimento, em brochura publicada em 1974. No ano seguinte lança seu primeiro romance, A História de Bernarda Soledade, a Tigre do Sertão. Como professor, leciona na UFPE de 1971 a 1996 e em 1989 funda a Oficina de Criação Literária, no Recife, dedicada a jovens interessados na carreira de escritor. É também autor de Somos Pedras que se consomem (prêmios APCA e Machado de Assis em 1999) e de As Sombrias Ruínas da Alma (prêmio Jabuti de 2000).
*Adaptado da Enciclopédia Itaú Cultural da Literatura Brasileira