HISTÓRIAS DA BAHIA- DE JOLIVALDO FREITAS

Li o livro “Histórias da Bahia” de Jolivaldo Freitas. Como um estrangeiro que chegou há trinta anos, confesso, levei tempo para adaptar-me aos hábitos e costumes deste povo ávido e repleto de festividades. Minha primeira boa impressão foi meteórica e permaneceu luzente: a meteorologia, o tempo, o clima. Nunca havia me surpreendido por ter um clima tão estável por uma semana, duas semanas, um mês em toda minha vida. Vindo das terras mineiras, onde à uma estação seguem todas as outras em um só dia, a estabilidade aplacou minha a alma.

Meu batismo foi de sangue nas pedras e pinaúnas de Itapuã, e com os dois pés. As letras, como de todo Carlos, desejavam as palavras da Bahia. E como fazer arte em um terreiro de santos, em praças apinhadas de coreógrafos, em becos enfeitiçados de odores, em largos estreitos de tanta gente atritando-se em suores? Que calendário seguiam, o que comiam? De onde colhiam poesias? ...se os tambores hipnotizavam os neobaianos como eu?!

Há que vivenciar para saber contar. Os nascidos destes ritmos bem o fazem em propagá-los. As novas tecnologias apagam a cada lançamento um hábito, uma galhofa, uma idéia, um ato de bravura, uma miragem popular. Se não ficar impressa às novas gerações a essência de cada gesto as receitas se perdem. Assim os trabalhos de Jolivaldo Freitas traduzem o implacável tempo, que não nos previne de sua força em seus ventos e trovões e arrasta as multidões e as gerações.

Satisfeito volto à leitura, agora confrontando cada milagre com sua deidade. Do Convento do Carmo, Amém!

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 19/12/2011
Reeditado em 21/09/2013
Código do texto: T3396482
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