Literatura, vampiros e muita diversão

Imaginem a cena: uma autora famosa e reconhecida, vivendo incógnita numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos, como dona de uma pequena livraria. Além de não receber os direitos autorais de suas obras, que seguem vendendo bem mesmo após duzentos anos, ela vê os originais de seu novo romance sendo recusados por editora após editora, e não pode revelar quem é ralmente.

Não, o "duzentos anos" do parágrafo acima não foi erro de digitação. É que a escritora em questão é nada menos do que Jane Austen, que não morreu como se pensava, mas sim foi transformada em vampira por seu grande amor, Lorde Byron, que depiis a abandonou. Ao menos, no livro Jane Austen, A Vampira, de Michael Thomas Ford (editora Lua de Papel, 304 páginas, R$ 39,90).

Já falei rapidamente dele no blog Palavra Escrita (www.pioneiro.com/palavraescrita), quando foi lançado, cerca de um ano atrás. Na época, como disse no post, ainda não havia lido o livro, e tinha minhas desconfianças de que fosse apenas mais um lançamento de olho na onda vampiresca que rondava (e ainda ronda, mas já parece ter diminuído o ritmo) a literatura mundial. No entanto, a curiosidade foi mais forte, e, quando vi o livro na livraria, comprei.

O que posso dizer é que a leitura valeu a pena. Diferentemente de outros livros do gênero - tentei ler algumas adaptações de grandes clássicos mesclados com sobrenatural, e achei horríveis -, o livro é divertido, bem escrito e com uma trama envolvente. Não é uma paródia mal feita, é uma história criativa e gostosa de ler.

Quanto à heroína-vampira, ela pode até se alimentar de sangue, mas é bem humana em seus dramas - a frustração por não reconhecerem o valor de sua escrita, a indignação por ver as mais absurdas adaptações de sua obra e da sua biografia (boa sacada dentro de um livro que não deixa de ser uma reescrita da vida de Austen), as dúvidas no amor, a alegria quando finalmente elogiam seu novo livro sem saber que "Jane Fairfax" é na verdade uma das maiores escritoras de todos os tempos.

E um aviso aos fãs das histórias vampirescas: o livro até tem mordidas, mas é possível dizer que elas são acessórias, e não centrais na história.

Fica a sugestão de leitura. Quem aceitar dificilmente vai se arrepender.

(publicado originalmente no meu blog Palavra Escrita - www.pioneiro.com/palavraescrita; confira lá mais dicas)

Maristela Scheuer Deves
Enviado por Maristela Scheuer Deves em 08/12/2011
Código do texto: T3377466
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