Poesia comprometida com a minha e a tua vida - Thiago de Mello
Na verdade eu não conhecia absolutamente nada escrito pelo Thiago de Mello. Ignorância? Não sei! Minha trilha literária foi iniciada há poucos anos e, ao receber de alguém muito querido A FRUTA ABERTA, escrita por ele, comecei a buscar conhecê-lo de uma forma mais profunda.
O livro que me foi emprestado na Oficina, demonstra uma profundidade e um caráter de otimismo que me deixou ainda mais surpresa.
Amadeu Thiago de Mello nasceu em Barreirinha/AM, em 30 de março de 1926. É considerado um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas em mais de 30 idiomas. Foi preso durante a ditadura e exilou-se no Chile, encontrando em Pablo Neruda um amigo e colaborador. Um traduziu a obra do outro e Neruda escreveu ensaios sobre o amigo. Viveu também na Argentina, Chile, Portugal, França e Alemanha e, com o fim do regime militar, retornou à Barreirinha, onde vive até hoje.
Seu poema mais conhecido é Os Estatutos do Homem, onde o poeta chama a atenção do leitor para os valores simples da natureza humana.
Este livro rendeu-lhe, em 1975, ainda durante o regime militar, prêmio concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e tornou-o conhecido internacionalmente como um intelectual engajado na luta pelos Direitos Humanos.
Em homenagem aos seus 80 anos, completados em 2006, foi lançado, pela Karmim, o CD comemorativo A Criação do Mundo, contendo poemas que o autor produziu nos últimos 55 anos, declamados por ele próprio e musicados por seu irmão, Gaudêncio Thiago de Mello.
Recomendo a leitura desse livro por várias citações que abaixo descrevo, consideradas, por mim, extremente positivas para a vida de cada um de nós:
- É PRECISO FAZER ALGUMA COISA – “Escrevo esta canção porque é preciso. Se não a escrevo, falho com o pacto que tenho abertamente com a vida ...”
- “É preciso ajudar. Porém, primeiro, para poder fazer o necessário, é preciso ajudar-me, agora mesmo, a ser capaz de amor, de ser um homem ...”
- PARA OS QUE VIRÃO – “Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro ...”
- O CAJUEIRO ENSINADO – “Por medo de perder pouco, acabaste te perdendo. Não quiseste te dar todo e terminaste sem nada ...”
- POUCA FALA - “O tempo é o do fazer silencioso ...”
- NÃO SOMOS OS MELHORES – “Aprendí, por exemplo, que não somos os melhores. Custou mas aprendí. Tempo largo levei para enxergar que era de puro desamor a chama que crescia no olhar do companheiro.”
- TIRANDO OS CINCO DA MÃO – “Posso me olhar sem medo de me ver. Já decidí não ajudar no engano. Dói dizer. Mas é preciso.”
- “Não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo, mesmo que longe ainda esteja, de aprender a conjugar o verbo amar”
Prá mim, uma lição de otimismo, de auto-conhecimento e de esperança, sobrepujando toda a violência cruel e experiências amargas pelas quais passou, não deixando-o de colher seus frutos e abaterem o seu ânimo.
Vale a leitura!
25/08/2011
Resenha escrita para cumprir tarefa de Oficina de POESIA E LINGUAGEM DA CCMQ em Porto Alegre - Oficineiro: Mario Pirata