Os Sacramentos da vida e a vida dos Sacramentos
BOFF, Leonardo. Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos, Petrópolis, RJ; Vozes, 1975; 80 pg.
A obra “os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos”, é um ensaio sobre os sacramentos da Igreja Católica. Leonardo Boff traz nesta obra de oitenta paginas um resumo simples para explicar o que seria o sacramento.
No primeiro capitulo o autor deixa claro que sacramento é a sensibilidade do homem ver o mundo como grande sacramento de DEUS, é ler nas entrelinhas as mensagens que o mundo transmite a ele.
O homem moderno por ser um ser, é também capaz de produzir símbolos expressivos de sua interioridade, com isso, o mesmo se torna apto para decifrar o sentido simbólico do mundo.
O mundo humano nunca é só material e técnico, é, no entanto carregado de símbolos e de sentido.
Segundo Leonardo Boff, o sacramento possui um profundo encaixamento antropológico, por isso para ele os cristãos de hoje deveriam ser educados para ver além dos sete sacramentos.
Para o autor a religião é fundamental, pois nela contem uma experiência vital capaz de proporcionar um encontro com um sentido definitivo.
Em todos os capítulos vamos encontrar historias pessoais do autor. Já no segundo capitulo conta a historia da caneca de sua família, o mesmo o faz para contextualizar o que seria o sacramento.
A obra ressalta que sacramento é algo que todos vivem e que nem todos sabem que vivem, pois o dia a dia do ser humano é cheio de sacramento.
A obra tenta sempre partir de um acontecimento pessoal para mostrar que o sacramento é aquilo que por muitas vezes nos remete lembrança.
¹Toda vez que uma realidade do mundo, sem deixar o mundo, evoca uma outra realidade diferente dela, ela assume uma função sacramental. (pg.23)
Boff começa o quarto capitulo falando que tudo que evoca a lembrança de um passado faz parte da sacramentalidade do cotidiano humano, o pensar sacramental se caracteriza pelo modo como o homem aborda as coisas.
O sacramento é algo imanente, transcendente e transparente, é imanente enquanto faz se diante do homem, é transcendente, pois, é símbolo, e transparente quando se torna intermediário. Diante da transparência o sacramento acolhe tanto à imanência quanto à transcendência em um ou vários sentidos.
No quinto capitulo o autor fala sobre os sacramentos divinos, que seria uma profunda experiência de DEUS. DEUS lhe aparece como um mistério tão absoluto e radical que se anuncia em tudo, tudo penetra e por tudo resplandece.
Sacramento segundo o autor vai além do objetivismo. Jesus de Nazaré é mais do que um homem da Galileia, é o Cristo, o sacramento do DEUS vivo e encarnado n’ELE.
A Igreja é mais que uma sociedade de batizados, ela é sacramento de Cristo ressuscitado fazendo-se presente na historia.
Para o autor o sacramento indica e aponta para DEUS, enquanto em função reveladora se comunica e expressa DEUS presente nele.
No sexto capitulo a obra vai se deter na questão judaica, e a forma que aquele povo interpretou a imanência do DEUS vive. A sacralização se dá quando o povo faz a releitura do passado diversas vezes, a ponto deste passado marcar definitivamente o presente e o futuro daquele povo.
A no contexto do povo de Israel uma forma de leitura sacramental, onde se vê tudo a partir de um fim derradeiro.
Um sacramento não precisa ser necessariamente um objeto como uma caneta, um pedaço de pão ou uma vela natalina, o sacramento pode ser a historia quando esta porta um sentido radical. Quando está também media um absurdo mais profundo como a perdição, ou quando traz um sublime alento de salvação.
Cristo é sacramento. Pois, nele DEUS marca seu encontro com o homem, nele DEUS está de forma humana e o homem está de forma divina.
Assim o capitulo sete termina, mostrando que Jesus é caminho e o termo final de si mesmo.
A obra vai falar que a Igreja é um sacramento, e lar do fiel, uma comunidade, sociedade e fraternidade Santa. A Igreja se torna sacramento enquanto participa e atualiza o sacramento de Cristo através do mistério pascal, tudo nela é sacramental, pois sua grandeza é unitária e universal.
Já no capitulo nove o autor corre pela historia, constatando que desde sínodo de Lyon (1274), passando pelo concilio de Florença (1439) até o concilio de Trento, o conceito de sacramento havia evoluído aponto que no concilio de Trento no séc. XII ser definido os setes sacramentos definitivamente da Igreja, sedo eles: o batismo, a confirmação, a eucaristia, a penitencia, a extrema – unção, a ordem e o matrimonio (sessão VII, cânon I).
Segundo Leonardo Boff, a escolha dos setes sacramentos é extremamente pertinente, pois, eles representam e traduzem ao nível ritual os eixos fundamentais da vida humana.
O autor fala do significado do numero sete e sua amplitude de significado, deixando claro que o essencial não é o numero sete, e sim os ritos contidos nesta enumeração.
Boff vai dizer que os sacramentos pagãos em sua ultima realidade, não são pagãos, pois, o paganismo é um conceito sociológico e não teológico. Sociologicamente pagão é aquele que não foi batizado, mas teologicamente não existe pagão uma vez que, ninguém consegue subtrair o influxo do VERBO ETERNO.
Já no capitulo dez os sacramentos de DEUS, passaram para o sacramento de Cristo e este transmite a Igreja para ser sinal de salvação e rendição. Batizar não significa mais participar da vida da divindade, mas mergulhar na vida de Jesus Cristo.
Já no capitulo onze o autor vai reforçar a idéia de que o sacramento clarifica e deixa nítido a autentica comunicação, realizando tudo que ele traz de significado, sendo Jesus não só um sacramento, mas uma palavra de garantia de DEUS perante ao homem.
DEUS assume um símbolo na Eucaristia o pão é o aconchego familiar, levando para uma dimensão divina a existencial humana.
O sacramento é proposta de DEUS e também resposta humana, o homem vai descobrindo DEUS e sua graça nos gestos significativos da vida.
Sem conversão a celebração do sacramento é ofensa a DEUS, pois para tal celebração é necessário um coração em contrito com tudo que o ritual tem de simbologia e significado, segundo o capitulo doze o sacramento é um processo de libertação, no sentido que ele exige um engajamento social e espiritual.
Já Leonardo Boff, no capitulo seguinte diz que: o sacramento possui um momento simbólico de unir, recordar e trazer presente a fé, pois sem fé ele não traz nenhuma mensagem.
A fé e o sacramento são duas coisas altamente ligadas, pois o sacramento serve para exprimir o conceito. São sinais de concretização da vitória humana não somente o pecado, mas também sobre a falta de sentido.
No ultimo capitulo o autor decide concluir sua obra abordando a questão da sacramentologia e suas proposições sintéticas, ele aborda o sacramento em diferentes temas dividindo em dezoito tópicos, fazendo um apanhado de tudo que correu sobre a obra, e concluindo dizendo que, fé, humanidade, e historia, caridade, Igreja são todos termos propícios para identificar sacramentos.
Após ler este livro tive grande esclarecimento sobre sacramento. Diferentemente da forma que eu acreditava pude pensar em quantas coisas sacramentais esbarro no meu dia a dia, fazendo-me até mesmo esquecer-se dos sete sacramentos para enxergar a magnitude que o tema traz.
Pois quando dizemos “sacramentos” a tendência é reduzir para os sete, não quero eu com isso diminuir os sete, pois tamanha prepotência seria em vão, quero somente constatar que quando nos damos a chance para conhecer o universo da sacralidade se percebe que não se dá dando valor para as coisas comuns do dia a dia e não se percebe o quando são sagrados.
Ver o pássaro cantando de manha, um café fresquinho com um pão com manteiga, um abraço fraterno com o irmão, a comunhão no momento da eucaristia, a reciprocidade com o menos favorecido, são coisas sagradas que por muitas vezes o dia a dia anestesia a pessoa a ponto de fazê-la não perceber a vantagem de estar vivo.
Portanto, sugiro este livro não somente para pessoas que estudam teologia, ou buscam uma fé mais madura, sugiro para todos os fieis e infiéis, pois se trata de uma obra com uma leitura fácil e ao mesmo tempo com um conteúdo profundo.