A
Dádiva
Como o espírito criador transforma o mundo
 
Lewis Hyde, escritor, poeta, tradutor e crítico da cultura nasceu em Boston em 1945.
     Em 1983 publicou A Dádiva, um livro, que poderia ser chamado de “um ensaio profético”, na definição do autor. Relançado em 2010, segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que trás, também, um posfácio em que contextualiza sua concepção e comenta sobre a internet.
     Dividido em dez capítulos, o autor analisa a origem do sistema de trocas de dádivas e o processo de mudança, até chegar aos dias atuais, sob a égide do triunfalismo do mercado. Trata-se de um livro fundamentado na história, na literatura e na antropologia.
     Segundo o autor, a obra de arte é uma doação, não uma mercadoria. A troca de dádivas difere da troca de commodities porque cria um vínculo emocional. Comercializar coisas, não. Um dom que não pode ser doado deixa de ser um dom. Conflito que vive o artista moderno ao optar por desenvolver seu dom em uma sociedade dominada pela lógica do mercado.
     Em um mundo no qual o capitalismo reduz as relações humanas a vínculos monetários, como reconciliar o valor do trabalho criativo com as exigências da economia de mercado?
     Clássico moderno, A dádiva é uma brilhante defesa do valor da criatividade e de sua importância em uma cultura abarrotada de produtos e cada vez mais governada pelo dinheiro.
     Uma leitura esclarecedora, especialmente para quem tem o dom da criação.  
 
O artista cativa uma parte do nosso ser (...) com algo que é doado e não pode ser adquirido – e é, portanto, muito mais duradouro.
 
                                                                                Joseph Conrad
 
Recebeis minhas dádivas e as aceitastes.
Mas não entendeis como são os mortos.
Não entendeis o odor de maçãs no inverno, a geada e o linho.
Tudo são dádivas neste mundo, pobre mundo.
 
                                                                                Czeslaw Milosz
 
Minha vocação [a percepção, quando ainda criança, de que seria escritor] mudou tudo: os gestos com a espada se perdem no ar, o texto permanece. Descobri na literatura que o Doador pode transformar-se em sua própria Doação, isto é, em puro objeto. O acaso havia me feito homem, a generosidade faria de mim um livro.
 
                                                                                 Jean-Paul Sartre
 
“A dádiva existe para o doador e retorna quase toda a ele – isso nunca falha”.
 
                                                                                 Walt Whitman


Resenha adaptada, uma quase colagem da orelha do livro.