- RESENHA - Avaliação em língua portuguesa: contribuições para a prática pedagógica
Avaliação em língua portuguesa: contribuições para a prática pedagógica (Belo Horizonte: Autêntica, 2006), livro organizado por Beth Marcushi e Lívia Suassuna é dividido em oito capítulos, procura contribuir para o ensino da língua portuguesa.
No primeiro capítulo, Avaliação na escola e ensino da língua portuguesa: introdução ao tema, Andréa Tereza Brito Ferreira juntamente com Telma Ferraz Leal falam que a avaliação faz parte da vida, procurando discutir tópicos como: o papel da avaliação na escola, descrevendo como se deu esse papel e como ele passou a fazer parte da cultura escolar; a organização curricular e avaliação, mostrando a organização do sistema escolar brasileiro e relacionando os processos avaliativos com o sistema em ciclos. O último tópico do primeiro capítulo é a alfabetização e letramento como focos de discussão, onde as autoras abordam que o desenvolvimento da escrita e da leitura são uns dos principais recursos para auxiliar no processo avaliativo desde as séries iniciais.
O segundo capítulo, Paradigmas de avaliação: Uma visão panorâmica, escrito por Lívia Suassuna, busca retratar por um ângulo histórico os paradigmas dos processos avaliativos, descreve os modelos de acordo com cada época abordada no capítulo, apresentando também questionamentos sobre os modelos que geram exclusões. A autora vai tratando paulatinamente de questões avaliativas questionáveis e tradicionais, como por exemplo, o modelo positivista, pois ela afirma que as avaliações se dão em abstrato. Suassuna vai passando ao longo do capítulo por vários temas falando também sobre os aspectos dos paradigmas tradicionais de avaliação, até chegar ao modelo avaliativo atual (formação).
Avaliação da compreensão leitora: em busca da relevância, terceiro capítulo, escrito por Normanda da Silva Beserra, procura tratar em seu texto, principalmente, das práticas escolares para a avaliação da compreensão leitora. A autora fala de como deve ser feito o trabalho com textos para incitar os alunos a tomarem gosto pela leitura. A partir daí, a autora aborda os seguintes assuntos: o que deve ser avaliado em leitura e como avaliar a compreensão leitora, ressaltando a importância da linguagem e dos processos pedagógicos no ensino da língua portuguesa.
No capítulo seguinte, de autoria de Beth Marcushi, começa no primeiro tópico contextualizando o tema (texto escolar e avaliação) e ressalta nesse mesmo tópico quais são as noções de texto escolar e avaliação. Marcushi no segundo tópico demonstra como analisar os textos escritos pelos alunos, através de relatos das práticas de avaliação e redação pertencentes a alguns professores. A autora conclui o capítulo fazendo algumas observações finais muito interessantes, pois ajuda aos professores construírem critérios na hora de avaliar os textos dos alunos.
O quinto capítulo, Superando os obstáculos de avaliar a oralidade, escrito pelas autoras Cristina Teixeira Vieira de Melo e Marianne Bezerra Cavalcante, inicia o capítulo apresentando uma das dificuldades encontrada no ensino e na avaliação da oralidade: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) deixam para a escola planejar as alternativas pedagógicas de ensino da oralidade e a existência de poucos instrumentos que ajudem o professor a pensar o que é oral, como avaliar e ensinar. A partir daí, nos tópicos seguintes, as autoras tratam de assuntos relevantes para o ensino e avaliação da oralidade, como exemplo: o que é o ensino oral e esclarecendo que o oral não existe, porém o que existe são gêneros orais diversos; porque trabalhar com gêneros orais públicos; como trabalhar com gêneros orais e o que avaliar no gênero oral. Concluindo o capítulo, Cristina Melo e Marianne Cavalcante fala da variação dialetal e de registro, presentes no ensino da oralidade, e o que seria o aluno competente para a ótica avaliativa.
Márcia Mendonça, autora do sexto capítulo, Análise linguística: porque e como avaliar, inicialmente procura esclarecer que a analise linguística (AL) vai além de ser compreendida como um ensino renovado de gramática. A partir disso, a autora mostra e procura discutir algumas questões centrais sobre os aspectos da avaliação do eixo AL. Mendonça começa falando historicamente da analise linguística para mostrar de onde veio (como surgiu). Já com os objetivos, conteúdos e avaliação do ensino da gramática e sua prática de análise, a autora busca mostrar o que a analise linguística propõe. No segundo tópico, Márcia Mendonça fala sobre a AL no ensino fundamenta I, especificamente, a alfabetização e também sobre como avaliar. O terceiro tópico, A AL e a norma-padrão, de um modo geral propõe falar sobre o quê e como ensinar, e também, como avaliar os textos dando condições para que a norma-padrão seja aprendida. Uma das coisas que a autora conclui sugerindo é que o ensino da análise linguística, como prática escolar, possa desenvolver no aluno compreensão de diversos gêneros textuais.
O sétimo capítulo, Instrumentos de avaliação em língua portuguesa: limites e possibilidades, mais um capítulo de autoria de Lívia Suassuna, procura discutir sobre os instrumentos (tarefas, exercícios, atividades, testes, etc.) de avaliação no ensino relacionando-os com as concepções de linguagem, escrita, leitura, oralidade, etc. vistos nos capítulos anteriores. No decorrer do texto, a autora expõe exemplos de instrumentos de avaliação e comenta cada um deles contribuindo para o entendimento do assunto que está sendo tratado no capítulo. Suassuna conclui apontando o que defende em relação ao aos instrumentos de ensino (leitura, produção de texto escrito, linguagem oral e análise linguística).
O livro é encerrado pelo oitavo capítulo, Avaliação e Alfabetização, autoria de Eliana Borges C. de Albuquerque e Artur Gomes de Morais, no capítulo os autores apontam que diante da evasão escolar, repetência e passar para outra série sem saber ler e produzir um texto com autonomia tem feito com que alguns profissionais da educação repensem sobre as práticas pedagógicas de alfabetização e de avaliação. No decorrer de todo o capítulo, os autores vêm discutindo as práticas pedagógicas de avaliação na alfabetização e tratando de questões como: o que avaliar? Para que avaliar? Como avaliar? Albuquerque e Morais concluem falando sobre o cenário atual das medidas tomadas para eliminar os efeitos excludentes das práticas tradicionais da alfabetização e também de como incluir não só o aluno no processo de avaliação, mas a família também tem que participar desse processo (no sentido de avaliar a escola e acompanhar o aluno).
Pode-se observar que os autores tiveram a preocupação com a amarração dos assuntos propostos entre todos os capítulos do livro, sempre relacionando os assuntos de seus respectivos capítulos com os anteriores. É uma leitura de fácil compreensão, apesar de ser um assunto complexo, mas a linguagem acessível facilita o entendimento do livro. Esse livro é indispensável não só a todos os professores, mas também a todos aqueles que estão interessados nas práticas pedagógicas de avaliação e ensino dos alunos, interessados como e porquê ensinar e avaliar. Com conceitos esclarecedores para os leitores e métodos pedagógicos atraentes para os professores aplicarem com os alunos na sala de aula, pode-se notar o quanto os capítulos são ricos para construirmos e reconstruirmos os nossos conhecimentos sobre como e o que avaliar e ensinar para os alunos.