Resenha: Mundo Contemporâneo - Nelson Bacic
Olhos clínicos para a atualidade
Júlia Marssola Loures
O desenvolvimento histórico-geográfico de uma nação é sempre alvo de distintas interpretações e conceitos, expressos nos mais variados veículos comunicativos. Um deles, o livro, obteve grande destaque com a obra de Nelson Bacic, Mundo Contemporâneo, um rico apanhado de artigos coesos e consistentes acerca dos mais importantes aspectos da geopolítica, meio-ambiente e cultura da atualidade, em âmbito mundial.
Bacic adentra os traiçoeiros labirintos conflitivos mundiais através de uma abordagem concisa e essencialmente aproveitável, de forma que cada palavra escrita tem sua importância no decorrer do texto, o qual é justamente ilustrado por gráficos e mapas que permitem uma maior compreensão do leitor acerca do relatado na obra, apresentada por uma breve introdução que o aproxima de seu contexto. A fim de evitar a confusão e facilitar a comunicação, divide os assuntos em quatro facções: Questões e visões do mundo atual, Geopolíticas da água, Pelos caminhos do mundo, Aquarelas brasileiras e Literatura, cinema realidade e ficção, em torno das quais utiliza uma argumentação fascinante para explicar os fenômenos sociais, econômicos e ambientais que atingem o planeta.
Na primeira vertente, o enfoque é dado para as consequências socio-econômicas dos acontecimentos, claramente perceptível nos artigos sobre a relação político-administrativa entre Guantánamo e EUA. Os conflitos separatistas e tensões fronteiriças também são amplamente discutidos, no mundo árabe e islâmico, principalmente. É curioso o fato de que, como ocorre não só aqui mas durante todo o livro, Nelson procura expressar as reações das grandes potências em relação aos acontecimentos de grande repercussão, bem como sua influência e atuação.
Quanto à questão híbrida, prioriza as causas e consequências naturais, demográficas, socio-econômicas e até culturais acarretadas por sua escassez, bem como as tensões hidroconflitivas pelo compartilhamento e posse.
O assunto seguinte é curto e de temática relativamente mais variada, enfocando aspectos dificilmente abordados corriqueiramente, como a existência das Ilhas Malvinas e o sucesso da Noruega.
Imprescindíveis, os maiores problemas brasileiros também são retratados, especialmente as diferenças sociais e econômicas das regiões Norte e Nordeste, justificando-as e apresentando projetos de solução, como a nova Estratégia Nacional de Defesa composta pelo Exército, Marinha e Força Aérea.
Em Litera.., os holofontes destacam a maneira como os grandes acontecimentos mundiais são retratados em mega-produções hollywoodianas e adjacentes.
A leitura da obra propõe ao leitor um intenso período de profunda reflexão sobre sua genialidade, minuciosamente desenvolvida com um possível intuito de instrução popular. Elegantemente escrita, contribui consideravelmente para a ampliação do vocabulário e escrita. A globalidade dos artigos permite uma visível extensão do conhecimento de mundo, bem como despertar do interesse pela compreensão de seu complexo funcionamento. Inundado de preciosa análise crítica, o livro incita o desenvolvimento dessa indispensável capacidade. O público-alvo é, portanto, selecionado. Contudo, seria interessante a leitura de jovens a partir de 15 anos cuja maturidade e conhecimento já suportam uma leitura de tamanha bagagem cultural e informativa
Fantástica, é também uma excelente opção para os amantes intelectuais da geopolítica mundial.