PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
Pedagogia da Autonomia do ano de 2006. È uma obra de autoria de Paulo Freire, publicado pela editora Paz e Terra, na cidade de São Paulo.
Esta obra possui 148 páginas, divididas em 3 capítulos. Dentre eles: Não há docência sem discência; Ensinar não é transferir conhecimento; Ensinar é uma especificidade humana.
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas ideias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos – em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.
Pedagogia da autonomia é uma obra na qual retrata a construção do conhecimento através das práticas pedagógicas. Neste manual docente, Paulo Freire, mostra caminhos a serem seguidos por educadores e educadoras progressistas e não progressistas, no relato o autor aborda de maneira bem compreensível, como este educador vai dá subsídios para o educando construir seu aprendizado. Freire (2006), fala: “Não há docência, sem discência" (p.. 23). Enfatiza o respeito ao conhecimento que este aluno trás de sua vivência, argumenta que o professor não é detentor de todo saber e que pode sim aprender com seu aluno.
Aconselha que o educador, busque, instigue, pesquise, crie, inove, e reveja a todo momento o seu ato de educar. Que o profissional professor seja um condutor de experiência, dinâmico, instigador de curiosidades em outras palavras que "Pense certo", pois quem pensa certo respeita a vivência trazida pelo discente, não despreza as experiência do senso comum que o aluno leva para sala de aula, não se amesquinha, pensando que é detentor soberano do conhecimento. “Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio a formação moral do educando” (p...33) esta prática é essencial para o trabalho docente.
O docente deve trabalhar sempre que possível o saber empírico que o discente carrega, pois “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (p...23). Freire (2006) afirma que o educador deve fazer com que o educando entenda o mundo que o cerca, pois assim ele o explicará com mais clareza e o entenderá melhor.
Conforme o autor relata a função do educador não é só de transferir conhecimento, mas fazer com que o seu aluno seja um ser crítico. “Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago” (p...29).
Freire (2006) afirma que o docente deve mais do falar bonito, este precisa encarnar essa explicação, envolver o aluno na construção do pensamento. Bem como precisa valorizar o respeito, amar a profissão, ter simplicidade, dignidade, humildade, gentileza. Conhecimentos que para prática docente e de muita valia. Para o autor o professor precisa conscientizar-se que é um ser inacabado, afinal “A consciência do inacabamento entre nós, nos faz seres responsáveis, daí a eticidade da nossa presença no mundo” (p...57)
Segue sua análise, dizendo que o professor precisa duvidar de suas certezas, questionar suas verdades, para desenvolver isso nos educandos. Daí o pensar certo. O docente que pensa certo, para Freire é aquele que faz parte do processo ensino-aprendizagem, pois “Ensinar, aprender e pesquisar lidam com dois momentos: o em que se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente” (p...28)
Revela que os conselhos apresentados em seu livro sempre foi uma inquietação dele ao decorrer de sua vida docente, aprendeu muito e ensinou bastante. Em prol de uma sociedade mais justa.
Revela ainda que o docente precisa ser democrático, transgressor, mas que saiba fazê-lo, pois o genial desta profissão é não desvalorizar o conhecimento empírico do educando, minimizando-o, ironizando-o, que o professor não despreze sua sintaxe, sua curiosidade e sim aproveite esse gancho para sedimentar o aprendizado.
Segundo o autor, outro ponto crucial na prática docente é o bom senso, pois vai fazer com que o professor respeite a “autonomia, a dignidade e identidade do educando” (p...62)
Esta obra de Paulo Freire (2006) desapoia qualquer forma de preconceito sejam eles classe social, raça, credo, e cor, pois fere a democracia. Democracia esta, que educador progressista sempre terá que aplicar em sua didática docente, segundo Freire.
O autor propõe que docente trace suas lutas em prol de mais dignidade profissional, e respeito à educação. O escritor relata que o desrespeito pela educação é dos males históricos da sociedade brasileira, mas que isso não seja um obstáculo na pratica educacional, que o docente não se torne um fatalista acomodado “não há o que fazer” é um discurso acomodado que não podemos aceitar (p...67)
Em seu discurso Paulo Freire (2006), afirma que o “respeito pela pessoa do educando” (p...67), há de ser maior que qualquer outra insatisfação da profissão, não deve o educador “desgostar do que faz, sob pena de não fazê-lo bem” (p...67). Para Freire (2006), esta problemática deve ser “organizada politicamente, que eles e elas se vejam. A questão que se coloca obviamente, não é parar de lutar, mas sim reinventar a forma também histórica de lutar. (p...68)
Consequentemente o autor esclarece que o educador precisa ter esperança “A esperança que o professor e aluno juntos, podem aprender, ensinar, inquietar-se-ão igualmente, resistir aos obstáculos à nossa alegria” (p...72)
No decorrer de seu relato, diz ainda que o educador deve crer que a mudança é possível que os obstáculos muitas vezes desestimulam nos fazem pensar de uma maneira fatalista, mas que na verdade posso fazer parte do processo de mudança e não ser um mero expectador.
Seguindo em pensamento o autor diz que o educador não menospreze a curiosidade do docente, não ignore e nem silencie essa inquietação. Que o professor tem que instigar essa descoberta, fazer da curiosidade uma ferramenta em favor da construção dos conteúdos. “Como professor devo saber que sem curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo e nem ensino” (p...85)
Com esta obra, Paulo Freire expõe que todo discente deve ser respeitado quanto ser humano, que o professor precisa aprender a amar o que se propõe a fazer. Ser democrático, para praticar a “ética universal”. Sua generosidade, há de ser maior que sua arrogância para poder levar em consideração o saber empírico do outro, pois o “educando que exercita sua liberdade ficará tão mais livre...(p...93). Podendo assim reinventar sua autonomia.
Porém Freire alerta que autonomia consiste na “reinvenção do ser humano pelo conhecimento”. Pois antes de ser educador e “saber um pouco mais que seu aluno” tenho que me conscientizar que sou um ser inacabado e para reelaborar a autonomia na pessoa do educador. Segundo o escritor o professor deve ser humilde, nunca diminuir o educando e suas experiências, reconstruir a prática docente através da intervenção no mundo.
O autor expõe como o professor deve gerir sua atividade delimitando a liberdade em prol de sua autoridade, assumir o papel de intermediador da liberdade em construção. Na prática pedagógica, segundo Freire o educador crítico se posiciona com ética e conduz seus alunos na compreensão do mundo em sua volta, pois assim formaram cidadãos éticos e críticos. Amar a profissão professor, desmitificar essa consciência que o aluno de favela não pode isso e aquilo, que por ser pobre não pode ser o construtor de seu conhecimento. Desmitificar ainda que por ser professor não precise da opinião e nem da curiosidade do aluno, mas que isso, assumir sua postura de norteador de conteúdos e fazer disso um novo conteúdo.
O escritor aposta na “especificidade humana”, a qual escuta, dialoga, debate e estimula o conhecimento de uma forma generosa e humilde, sem o autoritarismo indevido.
Por fim o autor clama por uma reinvenção na pessoa do educando, afim de construir um ser crítico, o qual conheça as mazelas da sociedade e que tenha a capacidade de torna-se o sujeito deste processo através da autonomia de seus conhecimentos.
Mesmo que Freire tenha relatado com muita propriedade os saberes para prática docente. Analiso que seus conselhos são inquestionáveis, no que diz respeito as ações para com o ser humano e sua vivência, porém a realidade da nossa sociedade é bem diferente. Segundo CORRÊA (2008), “Refletindo que a cultura pedagógica conservadora ainda esta enraizada profundamente na população brasileira”. Concluo que Paulo Freire (2006) esqueceu de relembrar que muitas serão as lutas na reinvenção do sistema educacional, pois o autoritarismo está enraizado na população, tanto em escolas, como em docentes e até mesmo nos discente. E preciso que se Inove e renove não só o ato de educar, mas diretrizes desta educação, propondo a união da sociedade com o ensino, mudando assim o sistema educacional que é caótico.
Freire no discorrer de seu texto faz citações de outros autores, reforçando suas idéias.
Esta obra é indicada aos acadêmicos do curso de licenciatura de pedagogia, bem como aos profissionais da educação e quem se interessa pelo assunto.
Referências
CORRÊA, Adriana: CURRÍCULO: teoria e prática. Blumenau: Edifurb; Gaspar: SAPIENCE Educacional, 2008.