RESENHA CRÍTICA ACERCA DA OBRA: A FUNÇÃO SOCIAL DA GUERRA NA SOCIEDADE TUPINAMBÁ – FLORESTAN FERNANDES

Nascido em 22 de julho de 1920, Florestan Fernandes foi um paulistano pobre que retornou muito tarde a seus estudos aos 17 e aos 27 anos já obtinha o título de Mestre em Sociologia e professor da Universidade de São Paulo (USP). Além de ser um professor exemplar o jovem Florestan dedicou sua vida em prol da investigação sociológica acerca da sociedade brasileira, sendo que seus livros são de imensa contribuição aqueles que querem ingressar seja ele no estudo etnográfico, antropológico e social que constitui a organização sociológica no Brasil.

Florestan defendia a idéia de uma sociologia brasileira que não importasse esquemas teóricos e tornou-se a figura mais representativa da futura escola sociológica paulista. Escreveu mais de 50 livros e centenas de artigos que influenciaram intelectuais como Octavio Ianni, Fernando Henrique Cardoso e Paul Singer.

Aqui vamos analisar com um olhar sociológico sua tese de doutoramento defendida em 1951: “A função social da guerra na sociedade tupinambá” que mais tarde veio a se tornar um clássico da antropologia brasileira.

Os Tupinambá foram uma sociedade indígena do Brasil extinta nos anos quientistas e seiscentistas, daí a imensa dificuldade de se estabelecer um estudo voltado para a reconstrução e explicação sociológica de uma sociedade que já não existia, esse estudo de Florestan foi considerado por muitos um feito heróico e praticamente impossível de ser ter sido realizado, devido ao fato da extinção de praticamente todas as formas de como esta sociedade se organizava. Florestan Fernandes em seus estudos sobre a função social da guerra nos tupinambá demonstra a centralidade da guerra como um mecanismo de reprodução da sociedade e de manutenção do equilíbrio cultural Tupinambá, contudo com a influência dos europeus no solo brasileiro e através do catolicismo aqui implantado faz com que diminuam relatos como guerra e antropofagia, sendo pois a guerra nessa sociedade uma ponto negociável, uma vez que através de um choque de culturas a guerra diminui uma de suas principais características. A desobediência do povo Tupinambá as palavras de mair, como um ato fundador da guerra é uma grande prova que da indicio para compreensão por partes dos Tupinambás, que passou a ver a guerra como alguma coisa que se contrapõe a um valor fundamental do europeu (religião cristã).

"Florestan trouxe contribuições de primeira ordem em várias áreas da sociologia", avalia Gabriel Cohn, sociólogo da Universidade de São Paulo (USP). As teses de mestrado e doutorado de Florestan são referência até hoje no estudo dos Tupinambá. Na década de 50, volta-se para a questão do racismo, num trabalho pioneiro que, segundo Gabriel Cohn, "lançou sérias dúvidas sobre o mito da democracia racial e deu alento para o estudo da democracia de forma mais ampla, um tema muito presente em sua obra."

Florestan em vida defendeu a educação publica, sendo eleito duas vezes deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores. A educação e o PT são temas de suas obras, bem como a critica ao governo militar que impôs seu exílio em 1969. Vítima de um erro médico Florestan Fernandes faleceu em 1995 aos 75 anos, seis dias após se submeter a um transplante de fígado, e é hoje considerado o maior sociólogo brasileiro, tendo suas obras como referências no estudo da sociologia em todas as universidades do pais.

Wellington Moreno
Enviado por Wellington Moreno em 12/06/2011
Código do texto: T3029928
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