Resenha crítica de Memorial do convento de José Saramago
Memorial do convento, obra de José Saramago, foi publicado em 1982 e está em sua 39ª edição. Considerado um romance que conta a história de uma humilde e nobre família, na época da inquisição em Portugal e representa uma investida no campo da narrativa histórica, percorrendo um período de aproximadamente 30 anos dentro de um cenário rico, registrando não só o fato histórico, bem como, reconstitui a vivência popular, passando por diferentes povoados ao redor de Lisboa.
José Saramago superou com Memorial do Convento as expectativas de seus leitores desde o incomparável romance “Levantando do Chão” primeira obra a chegar ao Brasil desde então. Ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1998, o dono de estilo único da literatura contemporânea com características interventivas e persuasivas, José Saramago não se limita apenas aos romances, apesar de ter sido considerado em sua terra natal (Portugal) como “escritor da nova geração do Romance”, ele se estende a poemas e ao teatro desde 1966, ano em que iniciou sua publicações.
O romance é composto por 25 capítulos e por quatro diferentes linhas de ação. Sendo a 1ª sobre o Rei D. João V e todos os personagens da família real, a 2ª a principal sobre os construtores do convento, obra e promessa do rei e os sacrifícios dos homens representados por Baltazar e Blimunda, que subsequenciam a 3ª com sua história de amor e de vida dos portugueses e por último a 4ª ação sobre o padre Bartolomeu mediador entre a Corte e o Povo, o sonho e o desejo de construir uma máquina voadora e por fim, então, que voe a “Passarola”.
Memorial do Convento constitui uma reflexão crítica ao problematizar temas perfeitamente adaptáveis à época contemporânea do autor – condescendente a uma releitura do passado e a correção da visão que se tem da História. Contém desigualdades sociais, um rei de caráter duvidoso, antimonárquico, mas que possuía suas convicções visto que construiu a Passarola.
Mesmo se tratando de uma ficção a obra retrata a desigualdade social que abrange também a nação brasileira fato que leva o leitor a identificar tanto com a obra quanto com as preocupações com o ser humano, suas misérias, lutas, injustiças, grandezas e com seus limites.
Caracteriza uma época de excessos e diferenças sociais: opulência/miséria, poder/opressão, amor ausente/amor sincero.
Oferece-nos uma descrição minuciosa da sociedade portuguesa do início do século XVIII, preocupando-se com a realidade social.
Visa denunciar a história repressiva portuguesa da primeira metade do século XX.
Revela a necessidade do autor em repensar os acontecimentos e figuras históricas à luz de uma nova realidade criada no presente e pressentida no futuro.
Memorial do Convento é um clássico do modernismo Português e é de suma importância que alunos do curso de Letras, leiam uma obra, como tal, que retrata uma sociedade com problemas atuais. Esta despertará o senso crítico para os problemas políticos e sociais.