Inclusão escolar

FACULDADE DON DOMÊNICO

ILTON JOSÉ DA SILVA - R.M.: 19588

ATIVIDADES PRÁTICAS

“Inclusão escolar: o que é?” Crise de paradigmas

citação

O mundo gira e, nestas voltas, vai mudando, e nestas mudanças, ora drásticas ora nem tanto, vamos também nos envolvendo e convivendo com o novo, mesmo que não nos apercebamos disso. Há, contudo, os mais sensíveis, os que estão de prontidão,”plugados” nessas reviravoltas e que dão os primeiros gritos de alarme, quando anteveem o novo, a necessidade do novo, emergência do novo, a urgência de adotá-lo, para não sucumbir à morte, à degradação do tempo, à decrepitude da vida.

Ocorre que, saibamos ou não, estamos sempre agindo, pensando, propondo, refazendo, aprimorando, retificando, ampliando segundo paradigmas.

“Conforme pensavam os gregos, os paradigmas podem ser definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializam de modo imperfeito no mundo concreto. [...] ”(p. 15) Uma crise de paradigmas é uma crise de concepção, de visão do mundo e quando as mudanças são radicais, temos as chamadas revoluções científicas.

O período em que se estabelecem as novas bases teóricas suscitadas pela mudança de paradigmas é bastante difícil, pois caem por terra os fundamentos sobre os quais a ciência se assentava, sem que se finquem de todos os pilares que a sustentarão daí por diante . Sendo ou não uma mudança radical, toda crise de paradigma é cercada de muita incerteza, de insegurança, mas também de muita liberdade e ousadia para buscar outras alternativas, outras formas de interpretação e de conhecimento que nos sustente e nos norteie para realizar a mudança. “A escola se entupiu do formalismo da racionalidade e cindiu-se em modalidades de ensino, tipos de serviços, grades curriculares, burocracia.[...]” (p.12)

A inclusão portanto, implica mudança do atual paradigma educacional, para que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos retraçando. Nosso modelo educacional mostra a algum tempo sinais de esgotamento, e nesse vazio de ideias, que acompanha a crise paradigmática, é que surge o momento oportuno das transformações. “[...] Redes cada vez mais complexas de relações, geradas pela velocidade das informações, estão rompendo as fronteiras das disciplinas e estabelecendo novos marcos de compreensão entre as pessoas e do mundo em que vivemos.” (p.12) “Diante dessas novidades, a escola não pode continuar ignorando o que acontece ao seu redor nem anulando e marginalizando as diferenças nos processos pelos quais forma e instrui alunos.[...]” (p.12) A exclusão escolar manifesta-se das mais diversas e perversas maneiras, e quase sempre o que está em jogo é a ignorância do aluno diante dos padrões de cientificidade do saber escolar. Ocorre que a escola se democratizou abrindo-se a novos grupos sociais, mas não aos novos conhecimentos. Exclui então, os que ignoram o conhecimento que ela valoriza e, assim, entende que a democratização é massificação de ensino e não cria a possibilidade de diálogo entre diferentes lugares epistemológicos, não de abrem a novos conhecimentos que não couberam, até então, dentro dela. “O pensamento subdividido em áreas específicas é uma grande barreira para os que pretendem, como nós, inovar a escola. [...] Toda a trajetória escolar precisa ser repensada.[...]” (p.13) “Os sistemas de educação também estão montados a partir de um pensamento que recorta a realidade, que permite dividir os alunos em normais e deficientes, as modalidades de ensino em regular e especial, os professores em especialistas nesta e naquela manifestação das diferenças.[...]” (p.13) Chegamos a um impasse, como nos afirma Morin (2001), pois, para se reformar a instituição, temos de reformar as mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições. Integração ou inclusão?

A discussão em torno da integração e inclusão cria ainda inúmeras e infindáveis polêmicas, provocando as corporações de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no atendimento às pessoas com deficiência – os paramédicos e outros, que tratam clinicamente crianças e jovens com problemas escolares e de adaptação social. A inclusão também “mexe” com as associações de pais que adotam paradigmas tradicionais de assistência às suas clientelas; afeta, e muito os professores da educação especial, temerosos de perder o espaço que conquistaram nas escolas e redes de ensino; e envolve grupos de pesquisa das universidades (Mantoan. 2002; Doré, Wagner e Brunet, 1996).

“Os professores de ensino regular consideram-se incompetentes para lidar com as diferenças nas salas de aula, especialmente atender os alunos com deficiência [...]” (p.14) Há também um movimento de pais de alunos se deficiência, que não admitem a inclusão por acharem que as escolas vão baixar e/ou piorar ainda mais a qualidade de ensino se tiverem de receber esses alunos.” O processo de integração escolar tem sida entendido de várias maneiras. O uso do vocábulo ”integração” refere-se mais especificamente à inserção de alunos com deficiência nas escolas comuns, mas seu emprego dá-se também para designar alunos agrupados em escolas especiais para pessoas com deficiência, ou mesmo em classes especiais, grupos de lazer ou residências para deficientes.

“Os movimentos a favor da integração de crianças com deficiências surgiram nos Países Nórdicos, em 1969, quando se questionaram as práticas sociais e escolares de segregação.[...]” (p.15) “O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar – da classe regular ao ensino especial[..] Trata-se de uma concepção de inserção parcial, porque o sistema prevê serviços educacionais segregados .” (p.15) A integração escolar pode ser entendida como o”especial na educação”, ou seja a justaposição do ensino regular ao especial, ocasionando um inchaço desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, métodos e técnicas da educação especial às escolas regulares. “O objetivo da integração é inserir um aluno, ou um grupo de alunos, que já foi anteriormente excluído, e o mote da inclusão, ao contrário, é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo da vida escolar.[...]” (p.16) “[...]Todos sabemos, porém, que a maioria dos que fracassam na escola são alunos que não vêm do ensino especial, mas que possivelmente acabarão nele!” (p.16) “A metáfora da inclusão é o caleidoscópio. Essa imagem foi bem descrita pelas palavras de uma de suas grandes defensoras, Marsha Forest [...]” (p.17)

Em sua homenagem, destaco como Marsha se refere caleidoscópio1 educacional: O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que o compõem. Quando se retiram pedaços dele, o desenho se torna menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, aprendem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado.

Inclusão escolar: porquê?

“A escola brasileira é marcada pelo fracasso e pela evasão de uma parte significativa dos seus alunos, que são marginalizados pelo insucesso, por privações constantes e pela baixo autoestima resultante da exclusão escolar e da social – alunos que são vítimas de seus pais, de seus professores e, sobretudo, das condições de pobreza em que vivem, em todos os seus sentidos .[...]” (p.18) “As soluções sugeridas para reverter esse quadro parecem reprisar as mesmas medidas que o criaram [...] Esse fracasso continua sendo do aluno, pois a escola reluta em admiti-lo como sendo seu.” (p.18) “Estou convicta de que todos nós, professores, sabemos que é preciso expulsar a exclusão de nossas escolas e mesmo de fora delas e que os desafios são necessários, a fim de que possamos avançar, progredir, evoluir em nossos empreendimentos [...]”(p.19) Focalizei o porquê da inclusão a partir de três questões que são o alvo das iniciativas inclusivas, nas suas pretensões de “revitalizar” a educação escolar. Abordando cada uma delas a seguir . A questão da identidade X diferença.

Ao avaliarmos propostas de ação educacional que visam à inclusão, encontramos habitualmente, nas orientações dessas ações, dimensões éticas conservadoras. Essas orientações, no geral expressam-se pela tolerância e pelo respeito ao outro, que são sentimentos que precisamos analisar com mais cuidado, para entender o que podem esconder em suas entranhas. Nessas orientações , entendem-se as eficiências como “fiadas” no indivíduo, como se fossem marcas indeléveis as quais só nos cabem aceita-las, passivamente, pois pensa-se que nada poderá evoluir, além do previsto no quadro geral das suas especificações estáticas: os níveis de comprometimento, as categorias educacionais, os quocientes de inteligências, as predisposições para o trabalho e outras tantas mais.

“A diferença, nesses espaços,”é o que o outro é”- ele é branco, ele é religioso, ele é deficiente, como nos afirma Silva (2000). “é o que está sempre no outro”, que está separado de nós para ser protegido ou para nos protegermos dele. [...]” (p.19) A ética, em sua dimensão crítica e transformadora, é que referenda nossa luta pela inclusão escolar. Por tudo isso, a inclusão é produto de uma educação plural, democrática e transgressora. Ela provoca uma crise escolar, ou melhor, uma crise de identidade institucional, que, por sua vez, abala a identidade dos professores e faz com que seja ressignificada a identidade do aluno. O aluno da escola inclusiva é outro sujeito, que não tem uma identidade fixada em modelos ideais, permanentes, essenciais.

“Se a igualdade é referência, podemos inventar o que quisermos para agrupar e rotular os alunos como PNEE, como deficientes. Mas se a diferença é tomada como parâmetro, não fiamos mais a igualdade como norma e fazemos cair toda uma hierarquia das igualdades e diferenças que sustentam a “normatização” [...]” (p.20). Temos, então, de reconhecer as diferentes culturas , a pluralidade das manifestações intelectuais, sociais e afetivas; enfim, precisamos construir uma nova ética escolar, que advém de uma consciência ao mesmo tempo individual, social e, por que não, planetária! Nem todas as diferenças necessariamente inferiorizam as pessoas. Há diferenças e há igualdades – nem tudo deve ser igual, assim como nem tudo deve ser diferente. Então, como conclui Santos (1995), é preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais quando a diferença nos inferioriza. A questão legal

Mesmo sob a garantia da lei, podemos levar o conceito de diferença para a vala dos preconceitos, da discriminação, da exclusão, como tem acontecida com a maioria das nossas políticas educacionais. Temos de ficar atentos.“ [...]

O caráter dúbio da educação especial é acentuado pela imprecisão dos tetos legais que fundamentam nossos planos e nossas propostas educacionais e, ainda hoje, fica patente a dificuldade de distinguir o modelo médico-pedagógico do modelo educacional-escolar dessa modalidade de ensino. Essa falta de clareza faz retroceder todas as iniciativas que visam à adoção de posições inovadoras para a educação de alunos com deficiência “. (p.21) A nossa Constituição Federal de 1988 respalda os que propõem avanços significativos para a educação escolar de pessoa com deficiência, quando elege como fundamentos da República a cidadania e a dignidade da pessoa humana (art. 1, incisos II e III) e, como um dos seus objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art. 3, inciso IV). Ela garante ainda o direito à igualdade (art. 5U) e trata, no artigo 205 e seguintes, do direito de todos à educação. Esse direito deve visar ao “ pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Quando garante a todos o direito a educação e ao acesso à escola a Constituição Federal não usa adjetivos e, assim sendo, toda escola deve atender aos princípios constitucionais, não podendo excluir nenhuma pessoa em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade ou deficiência. “No Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto - , artigo 205, a Constituição prescreve em seu artigo 208 que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de [...]atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência , preferencialmente na rede regular de ensino.” (p.22) O “preferencialmente” refere-se a atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, abrangendo principalmente instrumentos necessários à eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência naturalmente têm para relacionar-se com o ambiente externo, como, por exemplo:ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras), do código Braile, uso de recursos de informática, e outras ferramentas e linguagens que precisam estar disponíveis nas escolas ditas regulares.

Na interpretação evolutiva de nossas normas educacionais, há, portanto, que se entender e ultrapassar as controvérsias entre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB de 1996) e a Constituição Federal de 1988. Aqui há uma razão para que a inclusão seja um mote em nossa educação escolar, ultrapassando-se os impasses de nossa legislação. Práticas escolares que contemplem as mais diversas necessidades dos estudantes,inclusive eventuais necessidades especiais, devem ser regra no ensino regular e nas demais modalidades de ensino(como a educação de jovens e adultos, a educação profissional), não se justificando a manutenção de um ensino especial, apartado. Além do mais, após a LDB de 1996 surgiu uma nova legislação, que revoga as disposições anteriores que lhe são contrárias. Trata-se da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, celebrada na Guatemala, em maio de 1999. O Brasil é signatário desse documento, que foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo n. 198,de 13 e junho de 2001, e promulgado pelo Decreto n. 3956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da República. Esse documento, portanto, tem valor legal, já que se refere a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana . Como em nossa Constituição consta que educação visa ao pleno desenvolvimento humano e o seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205), qualquer restrição ao acesso a um ambiente marcado pela diversidade, que reflita a sociedade como ela é, como forma efetiva de preparar a pessoa para a cidadania, seria uma “diferenciação ou preferência” que estaria limitando “em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas”. Para essa nova corrente de interpretação jurídica da educação para pessoas com deficiência, as escolas atualmente inscritas como “especiais” devem, então, por força da lei, rever seus estatutos, pois, pelos termos da Convenção da Guatemala, a escola não pode intitular-se “especial” com base em diferenciações fundadas nas deficiências das pessoas que pretende receber. Todos os níveis dos cursos de formação de professores devem sofrer modificações nos seus currículos, de modo que os futuros professores aprendam práticas de ensino adequado às diferenças. Os serviços de apoio especializado, tais como os de intérpretes de língua de sinais, aprendizado do sistema braile e outros recursos especiais de ensino e de aprendizagem, não substituiriam, como ainda ocorre hoje, as funções do professor responsável pela sala de aula da escola comum.

A questão das mudanças

“Os caminhos propostos por nossas políticas (equivocadas?) de educação continuam insistindo em”apagar incêndios”. Eles não avançam como deveriam, acompanhando as inovações, e não questionam a produção da identidade e da diferença nas escolas [...]” (p.26) Penso que nem sempre levamos a sério os nossos compromissos educacionais, como os outro povos, neste e em outros momentos da nossa história educacional. Desconsideramos o que nós mesmos nos propusemos a realizar quando definimos nossos planos escolares, nosso planejamento pedagógico, quando escolhemos as atividades que desenvolveremos com nossas turmas e avaliamos o desempenho de nossos alunos e o nosso, como professores. Uma coisa é o que está escrito e outra é o que acontece, verdadeiramente, nas salas de aula, no dia a dia, nas nossas rotinas de trabalho. Somos, certamente, bem pouco sinceros com nós mesmos, com a comunidade escolar, com os pais e com os nossos alunos, principalmente! Uma das maiores barreias para se mudar a educação é a ausência de desafios, ou melhor, a neutralização de todos os desequilíbrios que eles podem provocar na nossa velha forma de ensinar.E, por incrível que pareça, essa neutralização vem do próprio sistema educacional que se propõe a se modificar, e que está na inovação, nas reformas do ensino para melhorar a sua qualidade. A inclusão pegou as escolas de calças curtas – isso é irrefutável. E o nível de escolaridade que mais parece ter sido atingido por essa inovação é o ensino fundamental .

Os alunos do ensino fundamental estão divididos por séries, o currículo é estruturado por disciplinas e o seu conteúdo é selecionado pelas coordenações pedagógicas, pelos livros didáticos, enfim, por uma “inteligência” que define os saberes e a seqüência em que devem ser ensinados. O tempo de aprender é o das séries escolares, porque é necessário hierarquizar a complexidade do conhecimento, sequenciar as etapas de sua aprendizagem, mesmo sendo este o básico, o elementar do saber. Também às disciplinas é atribuída uma escala de valores, em que a matemática reina absoluta, como a mais importante e poderosa, enquanto as Artes e a Educação Física “É como se o espaço escolar fosse de repente invadido e todos os seus domínios fossem tomados de assalto. A escola se sente ameaçada por tudo o que ela mesma criou para se proteger da vida que existe para além de seus muros e de suas paredes – novos saberes, novos alunos, outras maneiras de resolver problemas e de avaliar a aprendizagem, outra “artes de fazer” como nos sugeriu Michel de Certeau, um autor de todas nós, professores, deveríamos conhecer a fundo [...]” (p.28) Mas como não há mal que sempre dure, o desafio da inclusão está desestabilizando as cabeças dos que sempre defenderam a seleção, a dicotomização do ensino nas modalidades especial e regular, as especializações e os especialistas, o poder das avaliações e da visão clínica do ensino e da aprendizagem. E como não há bem que sempre “ature”, está sendo difícil manter resguardados e imunes às mudanças de todos aqueles que colocam exclusivamente no ombros dos alunos a incapacidade de aprender. As condições de que dispomos, hoje, para transformar a escola única e para todos, em que a cooperação substituirá a competição, pois o que se pretende é que as diferenças se articulem e se componham e que os talentos de cada um sobressaiam. “Nós, os professores, temos de retomar o poder da escola, que deve ser exercido pelas mãos dos que fazem, efetivamente, acontecer a educação[...]”(p.29) É inegável que as ferramentas estão aí, para que as mudanças aconteçam e para que reinventemos a escola, “desconstruindo” a máquina obsoleta que a dinamiza, os conceitos sobre os quais ela se fundamenta, os pilares teórico-metodológicos em que ela se sustenta. “Os pais podem ser nossos grandes aliados na reconstrução da nova escola brasileira [...]” (p.30) A inclusão também se legitima, porque a escola, para muitos alunos, é o único espaço de acesso ao conhecimento. É o lugar que vai proporcionar-lhe condições de se desenvolverem e de se tornarem cidadãos, alguém com uma identidade sociocultural que lhes conferirá oportunidades de ser e de viver dignamente. “[...] Não podemos contemporizar soluções, mesmo que o preço que tenhamos de pagar seja bem alto, pois nunca será tão alto quanto o resgate de uma vida escolar marginalizada, uma evasão, uma criança estigmatizada sem motivos.”(p.30) Inclusão escolar: Como fazer?

Neste capítulo, vamos tratar das condições que contribuem para que as escolas se tornem espaços vivos de acolhimento e de formação para todos os alunos e de como transforma-las em ambientes educacionais verdadeiramente inclusivos. A intenção é ressaltar o que é típico de uma escola em que todas as crianças sejam bem-vindas, indiscriminadamente. Infelizmente, não estamos caminhando decididamente na direção da inclusão, seja por falta de políticas públicas de educação apontadas para estes novos rumos, seja por outros motivos menos abrangentes, mas relevantes, como pressões corporativas, ignorância dos pais, acomodação dos professores. Na base de tudo está o princípio democrático da educação para todos, e que só se evidencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos os alunos, e não apenas em alguns deles (os com deficiência). Recentemente, ao proferir uma palestra para professores, quiseram me apertar contra a parede! No momento das perguntas, senti que não seria fácil . “Um jovem professor tomou a palavra e me disse: A escola a que a professora está se referindo não é uma utopia? [...]” (p.32) “E respondi-lhe: Professor, penso que é exatamente o contrário. Quem está sempre falando e imaginando a escola ideal me parece que é o senhor e tantos outros que me julgam utópica, idealista! Eu falo de um aluno que existe, concretamente, que se chama Pedro, Ana, André... Eu trabalho com as peculiaridades de cada um e considerando a singularidade de todas as suas manifestações intelectuais, sociais, culturais, físicas [...]” (p.32) Do meu ponto de vista, é preciso mudar a escola e, mais precisamente, o ensino nela ministrado. A escola aberta a todos é o grande alvo e, ao mesmo tempo, o grande problema da educação nestes novos tempos. Mudar a escola é enfrentar muitas frentes de trabalho, cujas tarefas fundamentais, a meu ver são: Reorganizar pedagogicamente as escolas, abrindo os espaços para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico seja exercitados nas escolas, por professores, administradores, funcionários e alunos, porque são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania.

Formar, aprimorar continuamente e valorizar o professor, para que tenha condições e estímulo para ensinar a turma toda,sem exclusões e exceções. Recriar o modelo educativo

Não se pode encaixar um modelo novo, como é o caso da inclusão, em uma velha matriz de concepção escolar – daí a necessidade de recriar o modelo educacional vigente. Suportar o sistema tradicional de ensinar é um propósito que temos de efetivar com toda a urgência. Essa superação refere-se ao”que” ensinamos aos nossos alunos e ao “como” ensinamos, para que eles cresçam e se desenvolvam, sendo seres éticos, justos, pessoas que terão de reverter uma situação que não conseguimos resolver inteiramente: mudar o mundo e torna-lo mais humano. Recriar esse modelo tem a ver com o que entendemos como qualidade de ensino. Uma escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando consegue: aprimorar os alunos entre si; tratar as disciplinas como meios de conhecer melhor o mundo e as pessoas que nos rodeiam; e ter como parceiras as famílias e a comunidade na elaboração e no cumprimento do projeto escolar. Tem-se um ensino de qualidade a partir de condições de trabalho pedagógico que implicam formação de redes de saberes e de relações, [...] no compartilhamento do processo educativo com todos que estão direta ou indiretamente nele envolvidos”. (p.34) “ [...] Nas práticas pedagógicas predominam a experimentação, a criação, a descoberta, a co-autoria do conhecimento. Vale o que os alunos são capazes de aprender hoje e o que podemos oferecer-lhe de melhor para que se desenvolvam em um ambiente rico e verdadeiramente estimulador de suas potencialidades “(p.34)

Em suma: as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de personalidades autônomas, críticas, espaço onde as crianças e jovens aprendem a ser pessoas. Nesses ambientes educativos, ensinam-se os alunos a valorizar a diferença pela convivência com seus pares, pelo exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo clima sócio-afetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade escolar – sem tensões competitivas, mas com espírito solidário, participativo. Escolas assim concebidas n/ao excluem nenhum aluno de suas classes, de seus programas, de suas aulas, das atividades e do convívio escolar mais amplo. São conceitos educacionais em que todos os alunos têm possibilidade de aprender, frequentando uma mesma e única turma. Reorganizar as escolas: aspectos pedagógicos e administrativos.

Para universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de todos, incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a educação, muitas mudanças já estão acontecendo em algumas escolas e redes públicas de ensino – vitrines que expõem o sucesso da inclusão. Os dados do projeto político-pedagógico esclarecem diretor, professores, coordenadores, funcionários e pais sobre a clientela e sobre os recursos, humanos e materiais, de que a escola dispõe. Para se integrar áreas do conhecimento e se atingir a concepção transversal de novas propostas não-disciplinares de organização curricular, o sentido das disciplinas acadêmicas muda – elas passa a ser meios, e não fins se si mesmas. O estudo das disciplinas partirá das experiências de vida dos alunos, dos seus saberes e fazeres, dos significados e de suas vivências, para chegar a sistematização dos conhecimentos.

“Como essas experiências variam entre os alunos, mesmo sendo membro de uma mesma comunidade, a implantação dos ciclos de formação é uma solução justa e muito adequada para se mudar os critérios de agrupamento escolar atuais. [...] Foram confundidos com junção de séries escolares, como, por exemplo: um ciclo compreendendo a junção de 1ª e da 2 séries, e assim por diante “(P.36)

“[...] não podemos diferenciar um aluno pela sua deficiência (como já nos referimos no capítulo em que tratamos das questões legais da inclusão e nos remetemos à Convenção da Guatemala). Na visão inclusiva, o ensino diferenciado continua segregado e discriminando os alunos dentro e fora das salas de aula”(p.36) Eis aí um grande desafio a ser enfrentado quando nos propomos a reorganizar as escolas, cujo paradigma é meritocrático, elitista, condutista e baseado na transmissão dos conhecimentos, não importa o quanto estes possam ser acessíveis ou não aos alunos. “[...] A maioria dos professores não pensam assim nem é alertada para esse fato e se apavora, com razão, ao receber alunos com deficiência ou com problemas de aprendizagem em sua turmas, pois prevê como será difícil dar conta das diferenciações que um pretenso ensino inclusivo exigir-lhes-á”. Um hábito extremamente útil e natural, e que tem sido muito pouco promovido nas escolas, é o de os alunos se apoiarem mutuamente durante as atividades de sala , de aula” (p.37)

A descentralização da gestão administrativa e condição para que se promova maior autonomia pedagógica, administrativa e financeiras de recursos materiais e humanos das escolas e é promovida por meio da atuação efetiva dos conselhos, dos colegiados e das assembleias de pais de alunos

Ensinar a turma toda: sem exceções e exclusões

Para ensinar a turma toda, parte-se do fato de que os alunos sempre sabem alguma coisa, de que todo educando pode aprender, mas no tempo e do jeito que lhe é próprio. Além do mais, é fundamental que o professor nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade de progredir dos alunos e que não desista nunca de buscar meios para ajudá-los a vencer os obstáculos escolares. Como não canso de dizer, ensinar atendendo às diferenças dos alunos, mas sem diferenciar o ensino para cada um, depende, entre outras condições de se abandonar um ensino transmissivo e de se adotar uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, integradora, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber. A educação não-disciplinar (Gallo,1999) reúne essas condições, ao propor: o rompimento das fronteiras entre as disciplinas curriculares;a integração de saberes, decorrente da transversalidade curricular e que se contrapõe ao consumo passivo de informações e de conhecimentos se sentido: ambientes polissêmicos, favorecidos por temas de estudos que partem da realidade, da identidade sociocultural dos alunos, contra toda a ênfase no primado do enunciado desencarnado e no conhecimento pelo conhecimento. “O ponto de partida para se ensinar a turma toa, sem diferenciar o ensino para cada aluno ou grupo de alunos, é entender que a diferenciação é feito pelo próprio aluno, ao aprender, e não pelo professor, ao ensinar.[...]”(p.39) O mito de que é o professor que tem a chave do saber para melhor explicar e dosar os conhecimentos que o aluno vai/deve aprender precisa cair. Defendemos o ensino que emancipa e não aquele que submete os alunos intelectualmente. A avaliação também é um instrumento de aperfeiçoamento e de depuração do ensino e quando a tornamos mais adequada e eficiente, diminuiremos substancialmente o número de alunos excluídos das escolas. Para ensinar a turma toda, vamos contra certas práticas consagradas das escolas. .

Ensinar com ênfase nos conteúdos programáticos das séries. Adotar o livro didático como ferramenta exclusiva de orientação dos programas de ensino. Propor projetos de trabalho totalmente desvinculados das experiências e do interesse dos alunos, que só servem para demonstrar a pseudo-adesão do professor às inovações. Considerar a prova final como decisiva na avaliação do rendimento escolar do aluno. É assim que a exclusão se alastra e se perpetua, atingindo todos o alunos, não apenas os que apresentam uma dificuldade maior de aprender ou uma deficiência específica. “As desigualdades tendem a se agravar quanto mais especializamos o ensino para alguns alunos [...]” (p.40) E a atuação do professor?

“O professor que ensina a turma toda não tem o falar, o copiar e o ditar como recursos didático-pedagógicos básicos. Ele não é um professor palestrante, identificado com a lógica da distribuição do ensino e que pratica a pedagogia unidirecional do “A para B e do A sobre o B”. como afirmou Paulo Freire, nos idos de 1978, mas aquela que partilha “com” seus alunos a construção/autoria dos conhecimentos produzidos em uma aula.O ensino expositivo foi banido da sua sala de aula [...]” (p.40) Certamente, um professor que engendra e participa da caminhada do saber “com” seus alunos consegue entender melhor as dificuldades e as possibilidades de cada um provocar a construção do conhecimento com maior adequação. O professor, da mesma forma, não procurará eliminar as diferençar em favor de uma suposta igualdade do alunado, que é tão almejada pelos que apregoam a (falsa) homogeneidade das salas de aula. Antes, estará atento à singularidade das vozes que compõem a turma, promovendo o diálogo entre elas, contrapondo-as, complementando-as.

Preparar-se para se um professor inclusivo?

O argumento mais freqüente dos professores, quando resistem à inclusão, é não estarem ou não terem sido preparados para esse trabalho.Tentarei discutir brevemente essa preparação na formação inicial e em serviço, sempre com base em minha experiência de formadora, nessas duas opções. Não se trata de uma visão ingênua do que significa ser um professor qualificado para o ensino inclusivo, mas de uma concepção equivocada do que é uma formação em serviço e do que significa a inclusão escolar. Mais uma vez, a imprecisão de conceitos distorce a finalidade de ações que precisam ser concretizadas com urgência e muita clareza de propósitos, retardando a inclusão. Os dirigentes das redes de ensino têm expectativas semelhantes, quando se solicitam essa formação, pois estão habituados a cursos que se realizam segundo outros moldes de trabalho . “[...] Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola da educação e das práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus níveis. Como já nos referimos anteriormente, a inclusão escolar não cabe em um paradigma tradicional de educação e, assim sendo, uma preparação do professor nessa direção requer um design diferente das propostas de profissionalização existentes e de uma formação em serviço que também muda, porque as escolas não serão maia as mesmas, se abraçarem esse novo projeto educacional. [...]” (p.43) “[...] estão sendo oferecidos cursos de especialização lato sensu sobre educação inclusiva e que se sugere a inserção da disciplina Educação Inclusiva em cursos de formação de professores e profissionais de áreas afins: Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional e outras. Falta apenas ser criada uma habilitação específica nos cursos de Pedagogia!” (p.43) Idealizei, e,1991, um projeto de formação em serviço que tem sido adotado até então por redes de ensino públicos e escolas particulares brasileiras. Assim como qualquer aluno, os professores não aprendem no vazio. Por isso, a proposta de formação parte do “ saber fazer” desses profissionais, que já possuem conhecimentos, experiências e práticas pedagógicas ao entrar em contato com a inclusão ou qualquer outra inovação educacional. “[...] A intenção é que os professores seja capazes de explicar o que antes só sabiam reproduzir a partir do que aprendiam em O foco da formação é o desenvolvimento da competência de resolver problemas pedagógicos. Analisa-se, então, como o ensino está sendo ministrado e a construção do conhecimento pelos alunos, pois esses processos interagem e esses dois lados – ensino e aprendizagem – devem ser avaliados sempre que se quiser esclarece-los.

“Algumas redes de ensino criaram centros de gestão da proposta educacional da rede e de apoio e atualização dos professores. Esses centros representam um avanço na nova direção da formação em serviço, pois além de sediar ações de aprimoramento da rede, promovendo eventos de pequeno, médio e grande porte, como workshops, seminários, entrevistas com especialistas, fóruns e outra atividades, reúnem os profissionais que atendem (individualmente ou em pequeno e grandes grupos) os professores, nas suas respectivas escolas, os pais e a comunidade [...]” (p.45) Tenho verificado com freqüência que os cursos e demais atividades de formação em serviço habitualmente oferecidos aos professores pelas redes de ensino, no moldes costumeiros, não estão obtendo o retorno que o investimento propõe, o que justifica a minha insistência na criação desses centros – porque a existência de seus serviços dispensa o que já é usual nas redes de ensino, ou seja, o apoio do professor, pelos professores itinerantes ou também pelos coordenadores pedagógicos sediados nas escolas. Se um aluno não vai bem, seja ele uma pessoa com ou sem deficiência, o problema precisa ser analisado com relação ao ensino que está sendo ministrado para todos os demais da turma. Ele é um indicador importante da qualidade do trabalho pedagógico, porque o fato de a maioria dos alunos estar se saindo bem não significa que o ensino ministrado atenda às necessidades e possibilidade de todos. Os coordenadores das escolas diferem muito dos coordenadores dos centros de formação. Estes são profissionais que existem para que todas as situações problemáticas sejam enfrentadas e para que, de fato, as mudanças no ensino se concretizem com mais facilidade e com maior isenção de vieses pessoais, como já os citado A avaliação dos seus efeitos não se mede, portanto, pelo aproveitamento de alguns alunos, os que apresentam dificuldades de aprender ou aqueles com deficiência, incluídos nas classes do ensino regular. Embora esses casos mereçam toda atenção, o que almeja, acima de tudo, é saber se pedagogicamente, atualizando a maneira de ensinar, a partir de novas concepções e práticas educacionais; se as escolas estão se transformando; se os alunos estão sendo respeitados nas suas possibilidades de avançar, autonomamente, ao construírem conhecimentos; se estes conhecimentos e outros são produzidos coletivamente, nas salas de aula, em clima solidário e com responsabilidade; se as relações entre crianças. Pais, professores e toda a comunidade escolar se estreitam, em laços de cooperação, de diálogo, que são frutos de um exercício diário de compartilhamento de seus deveres, problemas, sucessos. Ideação:

A inclusão escolar é um tema de extrema relevância, porém também, caracteriza-se como um assunto que suscita discussões calorosas, tendo em vista que os maiores envolvidos com o assunto, pais, professores e instituições educacionais, veem cada um por um ângulo diferente. Pais têm receio de inserir seus filhos com “deficiência”, sejam elas quais forem, em salas de aulas “comuns”. Por outro lado, os professores ficam receosos de receberem esses alunos, por entenderem que não estão preparados para darem a assistência adequada que eles venham a necessitar. A defesa da inclusão escolar por alguns especialistas da área é incisiva, porém, também defendem a qualificação dos professores para que possam ter plenas condições para cuidarem de forma responsável e competente essas pessoas que necessitam de muita atenção e carinho. Mas que também precisam estar em um ambiente que as insiram em ambientes isentos de segregação social, assim ganhando “apoios psicológicos” para que se sintam inseridos de forma respeitosa na sociedade.

Os professores têm que ter condições para que possam atender as necessidades de alunos com dificuldades de comunicação, audição, coordenação motora, dificuldade de visão, entre tantas outras necessidades. Mas, como chegar a uma condição satisfatória para que seus alunos “especiais” possam se sentir de igual para igual com seus colegas “normais”?

Talvez a solução seja a conscientização de pais, professores, sociedade e as instituições responsáveis por esta missão de suma importância que é a de tornarem pessoas “especiais não em “normais”, mas sim, em pessoas que tenham condições de conviver em harmonia com a sociedade e principalmente consigo mesmas.

Investimento maciço pelo governo e as instituições de particulares de ensino , para que os professorem pudessem , sem receio, trabalhar com alunos diferenciados em sua salas de aula, juntamente com todos os alunos ditos “normais”. Também deve haver uma conscientização dos pais de alunos que não necessitam de atenção especial, pois os alunos especiais precisam do contato das outras pessoas para que possam se sentir em um ambiente agradável e de inclusão, não só escolar como social. Enfim os portadores de necessidades especiais não precisam da piedade barata de quem quer que seja, mas sim, de respeito e inserção na sociedade. Apenas desta forma conseguirão viver de forma agradável e feliz. “Cada criança é única, não adianta compará-la com outra”. (Dorothy Corkille Briggs – A auto estima do seu filho)”. Comentário:

Maria Teresa Eglér Mantoan, é muito feliz em abordar um tema de suma importância, um assunto que nos faz pensar como somos hipócritas em pensarmos que somos pessoas inclusivas.Verdade esta que se desmorona logo que avistamos alguma pessoa que possua alguma deficiência ao nosso redor. Aborda o assunto inclusão escolar de forma clara e de fácil compreensão. Tema este que implica em uma mudança de paradigma educacional radical para que se possam inserir crianças nas escolas de forma adequada. Discorre com propriedade quando diz que o sistema educacional teima em dividir nossas crianças em classe de “especiais e normais”. Nosso modelo de educação mostra há muito tempo sinais de “deficiência” em seu sistema educacional. E há sérios problemas também na formação dos professores, que se sentem incapazes de lidar com essas diferenças e acabam por se frustrarem com essas situações. Há uma grande necessidade de investimento na preparação de nossos professores, para que eles possam ter condições de desenvolverem um trabalho de integração entre os ”diferentes”. Esse trabalho já teve início nos países Nórdicos a partir de 1969, em virtude da segregação de crianças deficientes. A educação tem que ter caráter inclusivo, uma educação que não diferencia nem A nem B, para que seres humanos não sejam tratados como lixo social e sim como pessoas dignas de respeito e compreensão. Temos de ter política claras e não políticas que acabam mais prejudicando que beneficiando os “especiais”. Há um mundo entre o que está escrito e o que realmente ocorre realmente, nem sempre ou quase nunca, vemos as políticas educacionais aplicadas de forma adequada.

Precisa-se urgentemente que haja um reorganização pedagógica para que se possa abrir uma janela de diálogo entre os envolvidos com este assunto de suma importância e máxima urgência. Sendo assim, devemos nos unir e cobrar os responsáveis, mas também fazermos nossa parte participando ativamente dos processos de criação de leis para que se possa inserir nossos “especiais” em um mundo de respeito e inclusão, não só escolar como social.

Referência Bibliográfica:

MANTOAN, Maria Tereza Egler. Inclusão escolar. Oque é? Por quê? Como fazer.1ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.

FACULDADE DON DOMÊNICO

GUARUJÁ - SP

2009

Ilton J S
Enviado por Ilton J S em 22/05/2011
Reeditado em 25/05/2011
Código do texto: T2985860
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