O casaco de Marx - roupas, memória e dor
O livro de Peter Stallybrass retrata a relação de afetividade que as pessoas têm com as suas roupas e objetos tanto no aspecto material como imaterial.
Podem-se citar as reflexões: sobre consumo, valor dos bens de consumo, capitalismo e materialismo.
A questão do apego, da memória - as lembranças - são questões trazidas em uma linguagem poética, cuja narrativa relata a história de vida de Marx e seu dilema com os seus pertences, especificamente seu casaco, constantemente penhorado, devido a seus problemas financeiros.
O autor faz questão de salientar a importância que as roupas têm em nossas vidas, sua marca humana, sua moldura, a pessoa que usou determinada peça, o valor sentimental de quem a possuí.
O primeiro ensaio traz a relação da morte com a vestimenta, a dor da perda. O quão triste é se desfazer daquele casaco,vestido,saia de um parente querido que faleceu.
Stallybrass neste trecho lembra-se de um amigo, Allon White, que falecera. E afirma: "Eu conheço Allon através do cheiro de sua jaqueta".
Marx desmonta a ideia de roupa como: materialismo capitalista com o “fetiche” representado como objeto simbólico do qual pode-se dizer que os objetos não são só um adereço ou uma simples moda, há uma ideologia por trás, uma história, uma memória.
Na Inglaterra Marx sofreu inúmeras dificuldades com a sua família para escrever “O capital”, tendo assim que penhorar seu casaco que o protegia do frio intenso da Europa.
Assim, estabeleceu uma sensação de perda, cada vez que ia a loja de penhores. Não só pela representação de aquecimento que o casaco tem como o valor simbólico que ele possuiu.
Marx não conseguia concluir seus estudos no Museu Britânico, pois não se considerava apresentável para estar presente no local sem o seu casaco.
Sua família não podia frequentar determinados ambientes, pois todas as roupas que tinham estavam penhoradas. “Para os Marx, a penhora de suas roupas delimitava sensivelmente suas possibilidades sociais".
A Inglaterra nesta época era um centro industrial da cadeia têxtil, em que Marx se viu totalmente inserido. Assim, analisou o funcionamento do capitalismo e as dificuldades enfrentadas por ele, para fazer a sua pesquisa e sobreviver diante de tanto tumulto.