Da nota do autor de NARCISO DO VALÃO
“Alienígenas seríamos se nos comportássemos numa contida observação dos que nos cerca; deuses se não os percebêssemos e o Grande Criador Supremo se os ignorássemos por completo. Isso não é humano, e felizmente o somos... Às vezes é necessário bagunçar para arrumar... Indago sobre o absurdo e a loucura, falo de sonhos e me engajo em repetir palavras de otimismo para mim mesmo, onde suponho que sua repetição possa tornar real o acontecer e o realizar de projetos e ações pessoais às vezes vazadas claramente, outras num subjetivismo metafórico, outonal e bucólico. Faço desse livro e suas “poesias” meu livro de “auto-ajuda”...”
 
Da folha de rosto VILA DA PENHA
“Arte é o encontro com o mais profundo recôndito da irracionalidade no estado puro e animalesco”.
 
Do texto CONSIDERAÇÕES DE ABERTURA
“Sintoma, causa, efeito, parecer, percepção, faro... sinto coisas, compreendo coisas, penso coisas e elas, ‘as coisas’ vão completando o quebra-cabeça que já de antemão inauguro como ‘tese’ de minhas abstrações contidas nas demais páginas: PRISMA, ÓTICA; tudo tem o tamanho, a forma e a imagem que nossa vista resolve enxergar... Expurgo pouco a pouco coisas que sempre me foram impostas por não sei quem nem onde nem porque, no intuito de me tornarem ‘cidadão’. Quando me ofereceram a opção de SER ou NÃO SER ‘civilizado’?... Estou deixando de voar e virando lagarta roedora de vegetais!... Nesse magro corpo fiquei pesado demais com tanta ética, moral, códigos e bons costumes. Me vi nu, corcunda nessa tão breve existência, frágil e irremediavelmente passageira. Sou em minhas concepções totalmente livre para pensar e ver com meus próprios olhos, outrossim, completamente escravo daquilo que deixei me contaminar. Sou perfeitamente capaz de montar meu guarda-roupa!”
 
Da poesia DETECTOR DE TUAS MENTIRAS
“É mentira que a cegonha me deixou! Ainda vôo pendurado nela procurando um casal para me adotar... é mentira que foi uma sementinha que papai pôs na barriga de mamãe: não virei flor, nem árvore, nem hortaliça... É mentira que o rancor causa úlcera! Fiz endoscopia... É mentira que é perigoso atravessar sem olhar! Nem sempre tem um carro disposto a nos atropelar...”
 
Do texto NICE TO MEET YOU
“Prazer pode ser um pouco de tudo ou tudo de um pouco. Pode ser alternativo ou constante, medieval ou atual”.
 
Da poesia APOSTOLADO
“Computador somente para espalhar idéias... Caixote somente para carregar bons frutos... espaço somente para se ocupar... Poesia somente para se recuperar. Mulher somente para compartilhar... amor somente para se amar. Semente somente para se plantar”.
 
Da poesia MÚSICA
“Música é algo demais gritando algumas... Música é demais e nunca me fora demais... É muito momento, é todo o instante; música me é emocionante... Não saberia viver sem música demais, ademais, sem música pouca que fosse”.
 
Da poesia DESESPERO
“Preciso de conversa melhor que a do bar; preciso saber onde estou, pode me sintonizar”.
 
Da poesia DO JEITO QUE CHEGUEI
“As plantas que cultivo, os bichos que crio, os quadros que espano; meus gritos de socorro, as almofadas em que me deito, os caminhos que percorro, tudo sempre em busca do amor. Todo mundo é assim, no fundo, no mundo, todo mundo é assim... Tive mil carinhos, mil caminhos até chegar aqui: são, salvo e ileso. Minhas letras viram música; meus textos, livros; minha voz, rouquidão; nossa história, página; nosso sexo, ilustração; minha agonia, revisão; nossos próximos anos: paz. Isso mesmo: paz. Precisaremos de muita paz... Me deixe sempre assim, gaiola aberta, assim você acerta; sans doute”.
 
Da poesia ARTE ISPIRA ARTE
“Me toco aos sons, as cores, as letras; eu pinto minhas angústias; escrevo de mim para mim. São minhas as frases que invento, meu pai também era assim”.
 
Da poesia MAIS UM COPO, MAIS UM LEITO
“Sim eu topo, sim eu aceito, não tem jeito, mais um copo, mais um leito”.
 
Da poesia PROLÍFICO
“Síntese do arcaísmo confabulatório!... O ritmo se acelera, estou ficando prolífico, às vezes prolixo... Temática do exorcismo monologante!”
 
Da poesia NADA É PRECISO
“Eu vou ser a felicidade em pessoa... Ninguém vai me arrasar, ninguém vai me atrasar. Sou os olhos da chuva que cai; sou o vento que cheira; sou o abismo que beira a felicidade... Preciso da imprecisão desta vida. Nada na verdade é preciso; nem a vida...”

Da poesia VOCÊ CONSEGUE
“Preciso me manter na Lua em minhas viagens ‘juliovernianas’. Não dispenso teus tetos, teus gastos, teus gestos; sei de meu lado crítico, cítrico e amargo tragar. Não precisa me agradar com tuas superficialidades, sou criança ainda! Você consegue muito mais que isso”.
 
Da poesia NÃO PRECISA RESPONDER
“8. Quem pode ser mais feliz quando antes vivia-se rápidas e supersônicas paixões e todo o envolvimento era superfície áspera demais e agora depara-se ao inusitado, agora vê-se envolvido, sabe que envolve e prometem-se anos à fio desse envolvimento?”
 
Da poesia LATIFÚNDIO II
“Eu não perdi nada, continuo pensando, vou continuar livre, livre naquilo que não perdi... Não sei quase nada do papel, só sei agora do computador; dito meus textos com puta dor, minhas arcaicas sobrelinhas, letras arrogantes e fortuitas. Amanhã é outro dia e nada se fará nesse cosmo, além daquilo que sempre se fez”.
 
Da poesia NESSE INFERNO DE CALOR SOZINHO
“... Mas são vermelhos meus glóbulos; cristalinas minhas águas nesse valão; são fábulas muito mais Lobato que Esopo; estou por aí nas filas... Me façam entender como as coisas são; estou por aí no ‘extra extra’ dos semáforos; estou nesse inferno de calor sozinho!”
 
Da poesia DE LEITE
“Minhas filhas estão pelos orfanatos desse mundão; meu coração é um ser e eu, um outro que ainda vai nascer”.
 
Da poesia DA REDAÇÃO DO “VÃO ACABAR ME VENDO PELADO”
“Quando vão descobrir que sou isso tudo e muito mais? Quando vai perceber que meu retorno antipático é no mesmo tom? Quando vão desistir de me tornar ainda pior que sou? Quando vão ficar sabendo que vivi uma porrada de coisas?”
 
Da poesia TUDO EM SEU LUGAR
“Primeiro nossos corpos... Depois nosso lar... Depois nossas coisas... Depois nossa varanda... Depois nosso quintal... Depois nosso espírito... Enfim, nossa alma”.
 
Da poesia ESCRAVO DO LUGAR-NENHUM
“Eu sou escravo do lugar-nenhum; a felicidade insiste em estar nesse lugar, na cidade do lugar-nenhum... Nesses espessos beiços e as loucas que eu vivia e você achava que era eu quem sofria!”
  
Da poesia PRESÉPIOS
“Fica mais ou menos assim meu santuário; imagens nada mais que imagens; meus presépios, minhas mulas, burros, jegues e bestas, onde nenhuma estrela me perseguiu ou me guiou, onde não sou salvador nem mago. Quando não se tem noção dos motivos, criam-se códigos...”
 
Da poesia CORRENTE PRÁ FRENTE
“Ser humano põe tudo para fora. Esse pessoal é muito recatado, defecam às portas fechadas, espalham melecas pelos postes, peidam silenciosa e fedidamente, expelem fétido suor e se entopem de perfumes, mal seguram os pingos da urina, ejaculam no corpo de outras vaginas, acordam com um péssimo hálito, sem contar os sangramentos, os cerumes, as remelas, sem dizer das purulências e outras secreções amarelas. Ser humano põe tudo para fora...”
 
Da poesia IDADE DOS PORQUÊS
“... Descobri que vieram me salvar depois que eu havia pulado no precipício... Descobri que existe uma luz no fim do túnel depois que a Light cortou... Descobri que depois da tempestade vem a bonança depois que a mesma destelhou meu barraco...”
 
Da poesia NEO-EROTICAMENTE FALANDO
“O abstrato é bem mais colorido; movimentação, ligeira movimentação; o clímax, o gozo, momentos que fugimos ao corpo etéreo”.
 
Da poesia CARECA DE SABER
“Já adulto então, resolvi mudar minhas mulheres. Demorei muito a perceber que quando mudam, mudam para pior... Um dia acreditei que podia mudar o mundo...”
 
Da poesia QUANTO MAIS DO ALTO SE OLHA, MENORES SE TORNAM AS COISAS OU ADQUIREM SUAS VERDADEIRAS DIMENSÕES
“Contemplo desse alto como são pequenas as coisas lá embaixo... (impressionantemente lá em cima também ficamos pequenos aos que nos vêem lá debaixo)”
 
Da poesia O BOM CABRITO AGORA BERRA
“Quando se nasceu para revoluções, quando se cresceu sem códigos de barras, quando se madurou calejado coração, o pouco é sempre muito, o muito é sempre pouco. Deseja-se o infinito da própria alma, persegue-se o perfeito encaixe do quebra-cabeça, dilapida-se o bruto diamante achado na lama, criam-se mundos subjetivos e mágicos demais, esconde-se em redomas de ampla visão externa”.

Da poesia TESTAMENTO DESATENTO
“Ficam por aí as impressões que fui tendo da vida, ficam por aí as impressões que fui fazendo nas máquinas de off-set; minhas cuecas furadas, minhas camisas manchadas, minhas paixões malucas e um único amor que senti”.
 
Da poesia TROPEÇO NOS DESNÍVEIS NATURAIS
“Nossa história para os de ‘fora’. ' Pare os de fora! ’ Nosso mundo é nosso mundo”.
 
Da poesia MIM
“Há que ser um pouco que seja sábio para discernir as coisas. Há que ser um leitor que seja para se discutir fatos. Há que ser um pouco que seja incrédulo para acreditar que os outros são melhores que nós... Até hoje não sei a diferença entre eu e o espelho que me reflete”.
 
Da poesia INCANSÁVEL
“Estou digladiando com um mundo de pequenas coisas: estou ganhando todas! Minhas primordialidades são imortais; poucos meus músculos, fracos meus ossos, porém aço meus anseios. Deixei de lado as coisas ínfimas, dei de ombros ao pessimismo, fiz ouvidos moucos aos torpes, ignorei as ‘línguas envenenadas’, deletei os insatisfeitos com minha ascensão, passei ao longe dos frustrados”.
 
Da poesia NAQUILO QUE MEDIEVALMENTE FAÇO
“Deve ser a cerveja, deve ser a ‘religião’, deve ser a música rei ki, deve ser sua áspera mão, deve ser essa merenda, deve ser o século XXI, devem ser os livros, deve o Jornal do Brasil, devem ser os CDS de jazz, deve ser Lenine, Zeca Baleiro, a voz de Ana Carolina, deve ser minha profissão, deve ser esse desgaste, deve ser esse projeto: toda essa energia!”
 
Da poesia IMPACTO CORTANTE E MELÓDICO
“Derramei sobre vários disformes pés lágrimas que reclamavam um amor. Espargi incensos para iluminar ambientes distantes de meu vazio. Joguei água benta em meio a tempestades de vários copos vazios. Fiquei pelado no meio de tantas pernas mortas e puras varizes. Perdi espaço em meu taquicardíaco coração, sublocando espaços à parasitas”.
 
Da poesia SOU FELIZ NESSAS SUAS INTENÇÕES
“Você me arrastou nesse brinde de faróis que cruzei em Curitiba. Você me encontrou lamento e me deixou ‘fica frio... ’. Você balançou minha cabeça e me cobriu com nossos lençóis. Você percebeu que fênix é uma ave em extinção!”
 
Da poesia PLATÉIA
“Acostumado a ser derrotado, a aceitar tudo calado, aparece você do nada, começa a acreditar em minhas imperfeições, consegue enxergar minhas predileções, prossegue ao meu lado como que grudada, anseia me ver citado, me amostra panfletoriamente; representa no palco de meu louco teatro. Seca com seu sorriso meu inundo lacrimejar!”
 
Da poesia OLHOS QUE BRILHAM VENDO O PARAÍSO I
“Por que as melhores músicas cantam o desamor?”
 
Da poesia PARA AS ESTÉREIS
“São seus méritos, és completa nessa missão, você vai ver, você vai ver nos olhos de nossa princesa, você vai ser uma das mães mais felizes desse mundo. Feliz dia das Futuras Grandes Mães!”
 
Da poesia ISABELANDO
“Sonhei, sonhei que era argonauta, sonhei que era astronauta, sonhei que era internauta, sonhei que nunca mais sentiria sua falta”.
 
Da poesia POR SORTE ERA PESADELO
“Ora sou lagarta, ora butterfly!”
 
Da poesia VALE-NOS ESSE PRESENTE
“Não podemos dar aquilo que não temos; podemos ver o céu sem ver as estrelas, porém não vemos o futuro sem que haja um presente. É precisamente imprecisa nossa existência; vale-nos esse presente”.
 
Da poesia BODAS DE PAPEL
“Quero mais música, quero mais poesia, quero mais Quatro Estações, quero mais algodões, mais andante, allegro, mais sinfonia, realizações; quero mais cama, mais sintonia!”
 
Da poesia MUNDO SOBRENATURAL
“Se nada disso for real, se nada disso for natural, não vou resistir, nem deixar de tentar: viver em meu recluso mundo ‘sobrenatural’!”
 
Da poesia VIVA OXFORD!
“Palavras tipo gorjeio de pombos, onde não me entorpecerei com teu ópio, não me enredarei em tua teia tarantulenídea”.
  
Da poesia FOGO, MOLDE E LUZ
“Faísca é um restinho de fogo que ainda resta; caco de vidro um naco de algo um dia moldado; lampejo talvez seja a prova de uma grande luz. Cada grão dessa areia, cada célula dessa pele, um único fio de cabelo que seja são coisas grandes demais para se pensar”.
 
Da poesia ESCREVA
“Pense numa nova poesia como se estivesse na cama. Pense nesse novo dilema como se fosse um drama. Pense nesse novo tema como se pensa em quem se ama... Escreva como quem grita; escreva como alguém que está vivo e EXISTE... Escreva tua ‘flor da pele’, escreva teu íntimo sentimentar, teus pulsos e impulsos libere: abra as comportas quando transbordar... Ponha no papel rabiscos que sejam. Escreva quando achar que é merda: que feda! Escreva quando achar que é arte: que foda! Escreva quando achar que é morte: que sorte!”
 
Da poesia 2006: O ANO QUE NÃO QUIS ACABAR
“Sou dor, sou sonho, sou sonhador!”
 
Da poesia AGORA SOU EU E VOCÊ
“Agora sou eu e você, estou bem aqui perto cagando para putarias. Copacabana também é logo ali; só tenho 32, preciso viver muita coisa ainda”.
 
Da poesia MEUS LIVROS NÃO SÃO MAIS MEUS
“Um dia me programei para grandes mudanças, aquela fase de ‘reestruturação’; preciso viver até os 76 anos pelas minhas contas; o processo é bem mais lento que eu imaginava. Sendo assim paulatino, menos sofrível”.
 
Do texto RECONSIDERAÇÕES
“Ficam tais RECONSIDERAÇÕES no intuito de alertar meus possíveis três leitores de que minha utópica sociedade realmente livre, pensa por si, ataca, defende, até agride; porém não oprime, não piora, não invade os direitos alheios com a finalidade de mantê-la continuadamente livre: nada que prive tal suposta liberdade. Minha utópica sociedade é justa e não quer empanturrar ninguém com novidades diferentes das velhas, com as quais o mundo já se habituou.

Do texto DAS QUESTÕES RELIGIOSAS
“Me torno cada vez mais pragmático em minha repulsa aos que se entregam à nulidade, aos que se deixam levar pelo TRÁGICO PESSOAL, aos que sem motivos, entre eles o maior de todos: a indolência, deixam de pensar e passam a absorver pensamento já elaborado por outrem. Percebo fraqueza nas pessoas levadas por emoção e que nela constroem pilastras; se arraigam e cauterizam-se num emblema, numa bandeira, qualquer que seja e nela propagam sua visão individual, como se universal fosse, da temática da salvação; e de quê?!”
 
Do texto COM PENA DE AGATÃO
“Mataria minha alma numa vida de amor condicionado, utópico. Irrefletido e contradito seria às minhas aspirações reais e aos meus divagares, fossem eles lascivos ou românticos; nocivos à minha maneira única de conceber e minha mania única de ganhar sempre, livre e pacificamente. Enfim, sou grato à sua existência; não sei se compreendi bem a dialética de Sócrates descrita por Platão a Agatão, mas sou feliz nessa MANUTENÇÃO e por tudo aquilo que me passas Isabel”.
 
Da poesia MEU JEITO CATÓLICO DE SER
“Quando finjo te achar bonito, quando finjo que suas letras são boas, é quando nada sei, nada sinto, nada reparo da arte... Somos demasiadamente HUMANOS e isso é só. Meu jeito ‘santo’ católico de ser continua filtrando todo o puritanismo”.
 
Marcelo Braga
Enviado por Marcelo Braga em 09/05/2011
Código do texto: T2959540
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