Da nota do autor de PRETENSÃO DE ENCARAR O SOL
“Poesias escritas despretensiosamente em períodos de sonolência e inapetência, quando contraditoriamente eu era apenas sonho e impulso. Trechos de minha envelhecida juventude, precocemente enrugado e bastante perdido... porém sabe-se muito bem que a luz nasce da escuridão e sempre me serão bem-vindas as tempestades e tormentas, certamente “amanhã serei mais feliz”.
Da poesia PRETENSÃO DE ENCARAR O SOL
“No princípio, tudo era nobre, até a maça...”
Da poesia VASOS CÁRDIOS
“É da cerveja: o álcool que me ludibria e me faz rir à toa. É da cereja: o gosto azedo que me faz pensar que é boa”.
Da poesia MANGUES
“A Lua chapeia os mangues, donde sai um favor de silêncio e de maré. É sobra que apalpo num cortejo de castas rainhas. Meus olhos vadiam nas lágrimas. Lhe vejo coberta de estrelas. Sua calma agrava o silêncio dos brejais...”
Da poesia ENGAIOLADO
“O tempo aprisiona minhas aspirações...”
Da poesia COM OS DIAS CONTADOS 1
“Viver é inevitável!”
Da poesia COM OS DIAS CONTADOS 2
“Meu cheiro se entranhará nos trapos; meus sapatos abaixo da fria mármore; os vermes putos por tão pouco carne’.
Da poesia COM OS DIAS CONTADOS 4
“Vão pôr velas do meu lado, delas farei um iate”.
Da poesia A VIAGEM
“Viajo, louca e rápida viagem, sem ervas, pós, cogumelos. A música, a poesia, a musa me ocupam nessa viagem”.
Da poesia BIS
“Essa vida não passa de mera repetição. Há anos observo o Sol permutando com a Lua. Todo dia, as mesmas linhas de ônibus, a chuva, o sereno, os relâmpagos: tudo repetições...”
Da poesia TANTAS COISAS QUE SE PERDEM
“Perco minhas horas entre os dedos. Tantas coisas que se perdem. Se dilacera, se estropia até mesmo nossa figura, assim diz o “espelho acusador”! foram-se 22 anos, quem sabe 44... tantas coisas que se perdem...”
Da poesia POUCAS PALAVRAS
“Também sei ser mesquinho; não tenho comido rochas por serem compactas demais. Se eu estivesse novamente triste, a terra, a árvore, esse riacho SABERIAM!”
Da poesia VÍNCULO
“Agora covardia tem de ser bruta, valentia um tanto covarde; é louco o passo que degluta todo resto de vida que arde!”
Da poesia CLASSE MÉRDIA
“Não sou dessa ou daquela classe. Ninguém terá o direito de me definir. O que vale é nossos sonhos. Eles é que falam alto!”
Da poesia SEJA BEM-VINDO
“O mundo nos assusta. Obrigado por mais um dia, João Marcos: seja enfim bem-vindo, tua hora está chegando; vais ver as coisas mais loucas, até mesmo vais se agonizar, mas venha para ser feliz!”
Da poesia COMO SEMPRE
“Como sempre, faz frio e é noite. Como sempre, a música não pára. Como sempre, como sempre meu feijão”.
Da poesia CÉREBRO ANÃO
“Continua a reprise do inédito, tudo se engloba na forma, tudo já foi dito e escrito, tudo já foi e retorna. O pensamento por si é rebelde, o lamento incauto é vão, tudo confrontar é debalde e meu cérebro: raquítico! anão!”
Da poesia TRANSGRESSÃO
“As coisas envelhecem e morrem. O velho e o novo são idênticos. A verdade nem sei se existe. Todos têm razão e estão errados!”
Da poesia GLORINHA
“Glória exposta nesse nu enigmático, exporta sede aos olhares bravios, transcende os passos do pisar ansioso e alimenta a chama desses pavios. Não conheço Glorinha, nem mesmo nua... Quero mais que nunca toda a Glória, reconhecimento nessa luta com as letras”.
Da poesia PREPOSTO
“Quase joguei tudo ao fogo: indumentária! Letras soberbas, donas de um superficial saber. Fogo, letras, superficialidade: âmago!"
Da poesia UNS FATOS
“É cruel o tempo que num lance desfaz um mito. É a paixão morena, tenra época rubra. É o lábio que já sorriu e hoje apenas conta com uma ponta na cena”.
Da poesia O SONHO NÃO ACORDA
“Só uma pessoa vê o sentido das coisas; só uma pessoa vê; todos vivem sós... Tudo tem de ser definido, o homem não se cansa; diversidade de tons e cores; não ousamos passos iguais... Angústia é uma linda mulher; o mistério já foi revelado; o caucho também dá borracha; há verbos difíceis de conjugar... O brado das paisagens cruas; a inaudita preponderância; a morte das rimas e da sabedoria; não há mais respeito entre a vida e o homem... A semente que não foi semeada, a lavoura que não foi regada, a colheita que foi castigada; supostamente tudo é divisível... Os medos e temores; o filó, o crepe, são dúbios; clarabóia; tudo já foi retratado...”
Da poesia CONSUMÍVEL
“É congênito o saber? Há privilégios no destino? Quantas boas chances se têm na vida toda? Basicamente, o que seria o futuro? Quem deu nome às coisas? Como é a perfeição?”
Da poesia DEZEMBRO
“Minhas eras são fragmentos dispersos. Minhas coisas morrem e ressurgem... Até a eternidade seria mera regressão... A hora da vida, a hora da morte; o berçário e o terno de peroba, loucuras que ousei acreditar”.
Da poesia ANIMAIS
“Se eu não pensasse não saberia. Perscrutar causas e motivos é espectro. Deveríamos sentir apenas as dores físicas, rasgam a carne, mas fortalecem o espírito”.
Da poesia NOVO E AINDA DESCONHECIDO MUNDO
“Há pessoas despreparadas para o amor. Há pessoas desesperadas por um amor. Nada encontram – burras por excelência. A covardia as detém ao passo maior. Essa mania de amar e ser amado”.
Da poesia IGNORÂNCIA
“Uso uma máscara, tenho uma idéia e nisso me escondo; não rego nem cheiro mais as flores”
Da poesia A PRIMEIRA DO ANO
“No meu telhado caem gotas. Gotas verdadeiramente molhadas; inequivocamente”.
Da poesia FANTASIA
“... Hipnose obtusa da ótica moribunda... Ousei atribular a tinta dos eucaliptolídeos; achei ter delineado dibujos policromídeos e da científica quimera do bruto achei ter esmerilhado excêntricos diamantenídeos... Haja luz! Disse eu ao interruptor”.
Da poesia DE TANTO FALAR ÀS PEDRAS
“Intermitente noite sem o brilho azinhavre; vento que venta o tímido clarão; o rio que verte três pontas do desfiladeiro”.
Da poesia FASES
“A magia, o beijo, o ocaso, a decência: coisas que compartilham um momento. Saudade é não poder voltar atrás”.
Da poesia DREAMS
“São aqueles repetidos sonhos, sonos com olhos abertos, sonhos mal gerados, no ventre, mal gerados sonhos. Latifúndios cercados da mais cortante cerca... Ousaria denotar que são livres e perfeitos meus caminhos?”
Da poesia NO VENTO QUE TE LEVAS
“São só loucuras essas juras e perjuras, de lonjuras os sonhos e vidas que se vivem ao mister e todo mistério do querer transborda. Ao indiferente. Enfim, nesse vento que nos leva à grande turba, possamos ante o destino que nos enleva, expandir nossa tímida e recatada sofreguidão no subterfúgio de véus e máscaras que nos assombram, entranham e nos estranham”.
Da poesia EGO MEU
“Tu, ó ser crudelíssimo, me presenteia nessa lida peregrina; cortejo-te sem jeito, não assumindo este pleito. Te esquivas ante a moral, perpetua-se no canto; me abandonar, jamais”.
Da poesia AH, ESSA VIDA...
“Finita, de presságios e horrores, de certezas tão incertas; nada como o nascer do Sol: religioso e preciso. O tempo haverá de nos retratar...”
Da poesia PENA AO INVENTOR DA PAIXÃO
“Inventor da paixão devia ser morto na praça pela multidão pondo fim a esse caminho torto”.
Da poesia SOLEDADE
“Renitir não adianta. Adular: angustia-me. Acalentar: enfraquece-me. Renitir não adianta”.
Da poesia NOTURNA
“Encontro perfeito daquilo que se entende por pleito, no ocaso do Sol: o frio, na calidez da dor: ATROFIO!”
Da poesia A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
“A dor de quem sente dor: os conselhos práticos!”
Da poesia O TEMPO, CORREIO DA ANGÚSTIA
“Ao mesmo tempo em que o tempo nos frustra planos e anseios... Ombros amigos nos amparam, brancos sorrisos nos reparam”.
Da poesia ESTILO
“Não me preocupo com o bruto, não me atormento em meus tropos, incluo-me rapidamente nesses projetos rápidos, rotos”.
Da poesia O OURO BRILHA
“Dos que calados gemem, dos rotos desolados, na escassez dessa mesa, a escatima da plena satisfação. Enquanto isso o ouro brilha...”
Da poesia O MUNDO GIRA
“Eis o planeta Terra girando em torno do Sol; eis o planeta guerra, um radar, nuca farol”.