RESENHA CRÍTICA: VIDAS E INSTITUIÇÕES SENDO ADMINISTRADAS
KARSCH, Ursula M. Simon. Serviço Social na era dos serviços 3ª Edição. São Paulo:1987. Cortez.
Pode-se observar que ao longo da análise da obra, a autora faz uma reflexão crítica sobre as atividades desenvolvidas pelos assistentes sociais na sociedade urbano-industrial no Brasil estando essa atividade relacionada à evolução capitalista.
A obra apresenta um breve histórico da profissão e a função do assistente social em realizar prestação de serviço através de instituições e formações organizacionais, administrando, produzindo, efetuando intermediações através de relacionamentos. Tendo o serviço social origem no ideário burguês do século XX, como consequência do desenvolvimento do capitalismo, onde o capital passou da esfera privada para a pública visto como modo de desenvolvimento econômico de mudanças sociais. Houve uma maior necessidade de relações sociais com a expansão do mercado e as instituições passam a ser objetos da esfera pública, multiplicando suas relações que precisam ser exercidas por instituições estatais e não estatais. O estado começou a interferir no intercâmbio de mercadorias e do trabalho social, mais tarde, as profissões e organizações tornaram-se cada vez mais públicas e a sociedade passou a desenvolver muitas desigualdades e conflitos, criando-se a necessidade de proteger os grupos menos favorecidos, prevenindo ,modificando o processo, surgindo neste momento as políticas sociais atribuídas como tarefas e dever dos governos. Então a falta de consciência dos problemas políticos e sociais aumenta, enquanto a sociedade passa por transformações ideológicas, surgindo neste contexto instituições e profissionais do social para resolverem os conflitos sociais e essas instituições avançam seus domínios, chegando à esfera familiar dando auxílio moradia, emprego, aconselhamentos etc.
Mas a assistência social também se aplica a esfera privada das classes subalternas urbanas que ignoram e desconhecem as reais condições de vida social, e, assim a assistência social é associada a pobreza com redução da miséria não se dando conta de que não são as instituições e nem os governos que mudarão as desigualdades sociais. Disseminando-se uma ideia contrária de que a assistência social ora ampara os pobres, ora protege os ricos, tornando-se isso uma das angústias desse profissional. O assistente toma para si a responsabilidade de acolher pessoas e a sociedade desenvolvendo sua percepção nas relações sociais desempenhando suas atividades através de relações subordinadas administrando vidas e pessoas.
O assistente social vem desempenhar suas funções na esfera social, tomando decisões, articulando, negociando etc. Nota-se o desvio de escolha moral e seu dever-ser, pensando no outro na comunidade. A atividade exercida pelo assistente social não tem prestígio, é mal remunerada e sem identidade própria. Na trajetória da profissão criou-se sua própria hierarquia valorativa com atuação que busca uma sociedade mais justa e pessoas mais humanas, onde comunidade tem significado de conjunto de pessoas e famílias que mesmo não tendo vínculo natural, mas vinculo étnicos, religiosos ou de cultura deveriam ser alvo do serviço social trazendo dignidade ao homem e igualdade entre os seres. Atualmente nem todo profissional esta comprometido com um mundo melhor e não percebem isso quando fazem escolhas políticas erradas em busca de uma nova sociedade.
A autora sugere alternativa a esse profissional que queiram continuar exercendo sua profissão que incentivem o desenvolvimento do espírito corporativo. A categoria sabe que terá que subtrair mais o controle burocrático das organizações para alcançar seus interesses comuns, alcançando assim identidade própria senão permanecerá taxado como a moça que o governo paga para ter dó dos pobres.
A formação profissional do assistente social valoriza a ideologia relacionada à escolha política manifestando-se assim o conteúdo ético da profissão. Surgindo interrogações de análise do trabalho profissional Para onde vão os assistentes sociais enquanto categoria profissional no mundo dos serviços? Que funções podem exercer os assistentes sociais no setor terciário das sociedades avançadas? Etc. Tendo se assim uma necessidade maior de investigar melhor os papéis, as funções e as relações internas e externas de poder, só assim será possível se fazer um trabalho particularizado constituindo uma teoria para o serviço social.
Diante do exposto verifica-se que a autora analisa a atividade profissional do assistente social, conseguindo demonstrar de forma explicita a realidade de desigualdade e conflito, iniciados com as necessidades de relacionamentos sociais a partir do advento do capitalismo Mostrando-nos a realidade crua do serviço social e as principais dificuldades encontradas pela classe para obter uma identidade própria.
Sendo esta uma leitura crítica onde conhecemos problemas no campo de instituições privadas como no serviço público. O leitor faz assim uma autocrítica questionando-se sobre a função, o papel e as relações que a profissão enfrenta para criar-se novos caminhos para uma teoria para o serviço social. Mostrando assim, a importância e a utilidade desta para chegarmos a uma conclusão da verdade.
Conclui-se que a leitura da obra traz uma grande compreensão para o conhecimento histórico dos dilemas enfrentados pelos profissionais do serviço social até os dias atuais sendo esta de grande contribuição para os acadêmicos de serviço social e acadêmicos em geral de áreas afins, professores, pesquisadores e outros profissionais da área científica, bem como para a sociedade.