Nota do Autor do livro: BARAFUNDA FECUNDA
No que tange, nas pústulas já cauterizadas, restam-me para o futuro apenas cicatrizes e elas, são marcas onde cabe-me optar vê-las com ou sem história. Existe um botão que DELETA lembranças; uma forma de sermos apenas pele, sem a necessidade de convivermos com lembranças; tudo pode ser olvidado naturalmente.
Me lembro, no colégio Pólen, em Jacarepaguá, em meus oito anos quando a professora Mirian me deu um livro chamado "Um Cadáver Ouve Rádio" e a dedicatória: "ao meu futuro escritor". Lembranças...
Quanto mais velhos, mais duros nossos cascos, mais rugas, mais marcas; isso é inevitável. Não tenho mais lisos e abundantes cabelos, a pele bem branca, as mãos sem calo e o rosto liso. É a ação do vento, das chuvas, do frio, do tempo, do calor. Noites insones, aflições, alimentação inadequada, espinhas, gripes... cicatrizes!
Certo também de que, alguns pedaços dessa minha breve existência foram como que buracos negros. Apenas fagulhas, lumes que interceptaram meu dormir e acordar e meu acordar e dormir nessa caminhada. Não me lembro de quase nada de 2002 por exemplo. Mas voltando: tudo é muito simples, existe um botão que apaga nossas lembranças, fiz isso agora a pouco em meu computador, excluí algumas pastas e daqui há um tempo nem me lembrarei o que excluí hoje. Não dizem que nosso cérebro é como um computador?! Pois então, é simples: basta que eu decida esquecer e pronto, aperto o DELETE e se vão as lembranças boas ou ruins que sejam. Fácil não?!
Será assim tão autômato e mecânico nosso sentimentar? Somos máquina? Somos coisa?
BARAFUNDA FECUNDA me remete à lembranças vividas do já distante, pelo tempo, bairro Santo Cristo no Rio de Janeiro à Fraiburgo no meio-oeste catarinense abaixo de zero.
Até a próxima lembrança num outro livro talvez!