O Calvinismo de Abraham Kuyper ( II parte )
5ª Palestra: Calvinismo e arte
A arte sempre foi o método usado pelo homem de expressar sua percepção de mundo muito embora alguns se utilizem da arte como uma espécie de hobby contudo a arte por si transfere do individuo para o objeto sua sensibilidade, criatividade e conceito de realidade, ele exterioriza as mais profunda emoções contida no homem.
Calvino neste ponto foi visto com preconceito, pois o julgaram como desprovido dessa sensibilidade artística o fato e que no século VIII Leo Isaurus instigou uma iconoplastia muito mais violenta e por isso deveria ser negada a bizâncio a honra de produzir mais admiráveis monumentos? A questão e que o Calvinismo preferiu uma adoração de Deus em espírito e em verdade à riqueza sarcedotal, ele foi acusado por Roma de ser destituído de uma apreciação da arte.
Segundo Kuyper, para que o Calvinismo prove sua importância na Arte e preciso abordar três pontos importantes 1. Porque o calvinismo não permitiu desenvolveu um estilo de arte própria dele; 2. O que flui de seu principio para a natureza da arte; 3. O que de fato ele tem feito para seu progresso.
1. Porque o calvinismo não permitiu desenvolveu um estilo de arte própria dele
Devido a seu próprio principio superior é que o Calvinismo não desenvolveu seu estilo próprio de arte. O estilo de arte e o estilo de adoração se coincidem, se esta junção da adoração inspirada pela arte e a arte inspirada pela adoração não sendo o estágio intermediário, mas o objeto Maximo a ser obtido, então o calvinismo não tem de que se achar culpado.
O resultado do Calvinismo nas nações em que ele surgiu foi de levar a uma multiformidade de vida quebrando o poder do estado dentro do campo da religião e pois fim no sarcedotalismo. Abandonando a forma simbólica de adoração e rejeitando encarnar seu espírito religioso em monumentos de esplendor, conforme a exigência da arte.
Em Israel encontramos a religião do estado, que é uma e a mesma para todo o povo. Esta religião está sob a liderança sacerdotal. Finalmente, revela-se em símbolos, e conseqüentemente está incorporada no esplêndido templo de Salomão. Mas quando este ministério de sombras cumpriu os propósitos do Senhor, Cristo vem para profetizar a hora quando Deus não mais será adorado no monumental templo em Jerusalém, pelo contrário, será adorado em espírito e em verdade. E em conformidade com esta profecia vocês não encontram nenhum vestígio ou sombra de arte com propósito de adoração em toda literatura apostólica. O sacerdócio visível de Arão dá lugar ao Sumo-sacerdócio invisível segundo a ordem de Melquisedeque no Céu. O puramente espiritual abre caminho através da neblina do simbólico.
Cada uma a religião e a arte possuem a sua própria esfera de ação que sói são distinguíveis quando atingem a maior idade pois se nos apresentam com suas próprias características. As nossas igrejas calvinistas de hoje são muitas vezes vista como frias em relação as questões simbólicas em nossos lugares de adoração e pelo fato de haver uma fraqueza na vida religiosa ocasionando a uma segunda infância em sua velhice um movimento retrógado doloroso. O homem que teme a Deus e cujas faculdades permanecem claras e inalteradas, não retorna do ponto de maioridade para os brinquedos de sua infância.
Nenhum estilo abrangente de arte fora da religião pode existir pois não produz como a religião a comunhão com o infinito em nossa autoconsciência portanto é absurdo tal concepção de arte secular todo abrangente independente de qualquer principio religioso.
2. O que flui de seu principio para a natureza da arte
Cada campo de ação na vida deve se manter em sua originalidade sem cair no abuso, a transgressão do domínio do outro incorre em ilegalidade ou seja a religião por exemplo deve-se guardar dentro dos seu limites para que não venha a ser degenerada em superstição ou insanidade e fanatismo. A nossa vida alcançará maior harmonia quando somente todas as funções cooperarem na justa proporção para nosso desenvolvimento geral.
Calvino se colocou contra a manifestação da arte de forma ilegítima e abusiva onde expressava uma imoralidade degradante. Por outro lado defende o uso da arte de forma legitima onde segundo ele procede do próprio Espírito Santo de Deus ele cita Jubal em Genesis que inventou a Harpa e o órgão e faz um comentário de Êxodo, que “toda arte vêm de Deus e devem ser consideradas como invenções divinas”.
A arte foi nos dada para amenizar os efeitos da corrupção da vida e da natureza pela maldição do pecado. Calvino diz que é indigno o preconceito cego tendo como base o segundo mandamento a respeito das esculturas, exalta a música como uma ferramenta para comover os corações e para dignificar tendências e princípios morais, como favor de Deus para nosso lazer e recreação ocupa em nossa mente o posto mais alto. E mesmo quando rebaixada como mero entretenimento a arte paras o povo não deveria ser negado.
Em vista de tudo isso pode dizer que Calvino apreciava a arte em todas as suas manifestações como um dom de Deus para glorificá-lo e dignificar a vida humana. Arte oferece a nos uma realidade tão superior do que esta revelada por este mundo.
O mundo dos sons, o mundo das formas, o mundo das cores e o mundo das idéias poéticas não podem ter outra fonte senão Deus; e é nosso privilégio, como portadores de sua imagem, ter uma percepção deste mundo belo, para reproduzir artisticamente, para gozá-lo humanamente.
3. O que de fato ele tem feito para seu progresso
O Calvinismo nos ensina que tanto o crente como o incrédulo detem por parte de Deus através da “graça comum” o dom da percepção artística nas suas mais variadas formas e que através da renascença o Calvinismo tinha encorajado com consciência limpa e propósito bem definido o amor pela arte no seu principio mais profundo sendo assim a arte encontra em si mesma a força para manter-se em liberdade por isso Calvino não separa a arte da ciência e da religião.
6ª Palestra: Calvinismo e o futuro
O Calvinismo não se deteve numa ordem eclesiástica, porém expandiu-se em um sistema de vida. E não exauriu sua energia numa construção dogmática, mas criou uma vida e uma cosmovisão tal, que foi e ainda é capaz de ajustar-se às necessidades de cada estágio do desenvolvimento humano, em cada um de seus departamentos. Ele elevou nossa Religião Cristã ao seu mais alto esplendor espiritual; criou uma ordem eclesiástica que se tornou a pré-formação da confederação de estados; provou ser o anjo da guarda da ciência; emancipou a arte; divulgou um esquema político que deu à luz o governo constitucional tanto na Europa como na América; encorajou a agricultura e a industria, o comércio e a navegação; colocou uma marca completamente cristã sobre a vida da família e sobre os laços familiares; através de seu alto padrão moral promoveu pureza em nossos círculos sociais; e para produzir este multiforme efeito colocou sob a Igreja e o Estado, sob a sociedade e a vida da família uma concepção filosófica fundamental estritamente derivada de seu princípio dominante, e portanto, completamente própria.
Por si mesmo, isto exclui todo conceito de reprimitivização imitativa. O que os descendentes dos velhos calvinistas holandeses, bem como dos pais Peregrinos, devem fazer não é copiar o passado, como se o Calvinismo fosse uma petrificação, mas voltar à raiz viva da planta calvinista para limpá-la e regá-la, e assim fazê-la brotar e florir uma vez mais, agora completamente de acordo com nossa vida atual nestes tempos modernos e com as exigências dos tempos por vir.
1. O calvinismo tem uma agenda para o futuro
E fato que o Calvinismo te que desenvolver-se conforme as necessidades, pois nem os avanços da civilização com seus confortos podem preencher o homem no que é tangível ao espírito, nem a arte ou ciências podem dar essa resposta positiva sendo que nem mesmo i intelecto não constitui a mente.
A acomodação da personalidade do espírito humano nos empobrece levando-nos ao pessimismo. E nada que se faz para resgatar o caráter humano pode mudar isso. A própria política em vez de querer concertar pelo contrário prefere aniquilar tudo. A espera por uma evolução natural e inútil pois a historia nos diz que nenhum curso decadente transformou-se em movimento para coisas mais elevadas. Como tal, torna-se cada vez mais difícil, pois a maioria espera que a resposta para essa situação seria a intervenção de um outro Cristo e não como cremos na vinda do mesmo Cristo com Poder e Gloria para julgar todas as coisa dando assim inicio a uma nova etapa na vida da humanidade; contudo o que nos deixa tristes e saber que essa maioria não pensa assim e não vêem o quanto isso é indispensável para a cura desse mau que assola nosso mundo.
2. Como chegamos a situação atual
Primeiro pela degeneração espiritual no final do século 18, nos levando a adotar uma visão distorcida da natureza humana que, por conseguinte levou a uma revolução que a principio espelhara-se no calvinismo, contudo contrária em seus princípios, a revolução francesa num certo sentido executou um julgamento de Deus, proporcionando ao calvinismo motivo de alegria mas por outro lado essa revolução lançou suas bases no distanciamento de Deus e de tudo que ele representa dando ao homem total autonomia o que resultou em destruição a França oferece hoje uma decadência nacional e desmoralização social e moral que alcançou também a outro países.
Desta forma na mesma época chega na Europa a chamada “vida moderna” essa por sua vez destituída da presença de Deus como criador de todas as coisa coloca em seu lugar o evulucionismo. Sustentam 2 ideias que são a base de suas convicções 1º que o ponto de partida não é mais o Ideal ou Divino e sim o Material e o Vulgar. 2º a soberania de Deus é negada em seu lugar surge a idéia mística de um processo sem fim.
Derivando destas duas idéias surge dois conceitos de vida a saber a dos intelectuais que buscam nos círculos universitário a suas mais altas aspirações e dos materialistas que vêem na vida um tríplice fim o do dinheiro, prazer e o status. A religião é, portanto uma pratica obsoleta e retrograda considerada supérflua pois a tendência desta coisas e fazer da vida um concreto, concentrado e prático.
Por fim o conceito do direito do mais forte de Bismarck inicialmente ensinado por Darwin na luta pela sobrevivência dar as os Eruditos a pretensão de serem superiores aos homens comuns. Enquanto o Cristianismo demonstra compaixão com o freco através do próprio Cristo uma concepção totalmente distinta.
3. Correntes atuais em conflito
Entretanto, como observado acima, não deveria ser esquecido que flui na vida moderna um movimento lateral de origem mais nobre. Surgiu uma hoste de homens magnânimos, que, esquivando-se da frieza incômoda da atmosfera moral, e pressentindo o perigo da brutalidade do egoísmo predominante, esforçou-se para colocar um novo entusiasmo na vida, em parte por meio do altruísmo, em parte mediante um culto místico dos sentimentos, em parte até mesmo através do chamado Cristianismo.
Os teólogos continuam prestando honra ao nome de Cristo porem sujeitam o próprio Cristo as confissões Cristãs, vemos isso claramente ao compararmos as confissões de hoje com as dos mártires, abandonando as doutrina essenciais da igreja voltam-se a uma concepção de Jesus histórico cuja a Bíblia nada mais é do que um livro Sagrado e que esse Jesus não passa de um gênio religioso de importância central, e isso e triste. .
4. A posição do catolicismo romano
Roma se mantém ainda contraria e combatidamente em oposição aos ensinamentos panteístas e ateísticos do nosso século, disso não podemos negar. Em se tratando dos credos temos as mesmas perspectivas, contudo em se tratando de hierarquia eclesiástica, da natureza do homem antes e depois da queda, da justificação, da missa, da invocação de santos e de anjos, da adoração de imagens, do purgatório e muitas outras, somos tão resolutamente opostos a Roma como nossos pais foram.
Assim sendo as linhas da batalha estão claramente traçadas e Roma não é nossa inimige e sim aliada pois também reconhece e sustenta a Trindade, a Deiadade de Cristo, a Cruz como um sacrifício expiador, as Escrituras como a Palavra de Deus, e os Dez Mandamentos como a regra de vida divinamente imposta. Mas mesmo assim, nossa esperança não descansa no catolicismo.
5. Os países católicos exemplificam fraqueza
Dentre vários motivos podemos citar a sua fraqueza econômica e política, sua visão retrógada de mundo sem falar que não contribui para avanços de conceitos um único passo sequer no estabelecimentos de principios.
6. A esperança do protestantismo
Portanto só com o protestantismo é que podemos ousar um avanço com resultados, pois não visamos apenas a pratica ordinal mas a sã doutrina de forma objetiva e direta sem se deter apenas no místico porem na realidade positiva de suas atitudes muito embora sabemos que essa pratica e mística não substituem a verdade da salvação pois foi justamente esse motivo que revestiu os martires a entregarem suas vidas para rejeitarem o erro em detrimento da verdade.
7. A solução no caminho do calvinismo
Estes princípios estão interligados e têm sua raiz comum num princípio fundamental; e a partir deste último é desenvolvido lógica e sistematicamente todo o conjunto de conceitos governantes e concepções que irão compor nossa vida e cosmovisão. a tudo isso, uma biocosmovisão própria de vocês, fundada tão firmemente sobre a base de seu próprio princípio, elaborada com a mesma clareza e brilhante numa lógica igualmente consistente.
Não há escolha a fazer. Somente o calvinismo foi ate o fim nas linhas da reforma e estabeleceu igrejas, estados. Marcou a vida na social e publica e fundamentou a vida humana num mundo inteiramente próprio.
Sem menosprezar o luteranismo quero afirmar que se compararmos princípios com princípios e cosmovisão com cosmovisão veremos quem é autentico cristão. O Calvinismo é o fundamento mais confiável para construirmos.
8. O que significa um retorno ao calvinismo
Significa que o Calvinismo não é um compromisso amplo com as confissões reformadas, pois as confissões calvinistas é tão profundamente religiosas e altamente espirituais que exceto nos períodos de comoção ela nunca será compreendido pelo âmbito geral contudo marcará um grupo pequenos de pessoas pelo senso de sua inevitabilidade.
Podemos reduzir assim: 1) que o Calvinismo não seja mais ignorado onde ele existe, mas seja fortalecido onde sua influência continua; 2) que o Calvinismo seja feito novamente um objeto de estudo a fim de que o mundo exterior possa vir a conhecê-lo; 3) que seus princípios sejam novamente desenvolvidos de acordo com as necessidades de nosso tempo, e consistentemente aplicados aos vários campos da vida; 4) que as Igrejas que ainda reivindicam confessá-lo, deixem de sentir vergonha de sua própria confissão.
Conclusão:
Existe uma palavra que se assemelha a Eleição porem com significada diferente essa palavra é Seleção posso dizer que a essa eleição tem-se esquecido, contudo a respeito da Seleção continuamente tem sido abraçado se conceito. O problema está no fundamento: de onde procedem as diferenças?
Porque não é tudo semelhante? A crença, portanto deque o mais fraco sucumbirá ao mais forte é errado, pois incita a uma luta muito mais furiosa contra o ser mais fraco de acordo com o conceito de eleição nenhuma luta é útil.
Pois o significado da Eleição repousa única e exclusivamente na Soberania de Deus em determinar todas as coisas segundo o propósito da sua vontade.
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Calvinismo , de Abraham Kuyper, São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2002.