Livro: "O que é Sociologia" de Carlos Benedito Martins. São Paulo: Brasiliense, 2006.


      A sociologia teve o seu surgimento em meio a turbulências históricas, quando a sociedade capitalista emergia e a divisão de classes (dominantes e dominados) persistia. Os fatos históricos que impulsionaram o aparecimento da sociologia foram a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. É difícil estabelecer uma definição clara sobre o que é sociologia. Vejamos uma passagem do livro:

      "A sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditório. Para alguns ela representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para outros ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários". (pág 07)

      O autor evidencia uma tensão entre dois extremos. De um lado, há os sociólogos conservadores que defendem a manutenção da ordem social em detrimento do progresso e das mudanças. Estes, claramente, pertencem ou têm ligações a grupos privilegiados, são os que possuem e detêm os meios e instrumentos de trabalho e têm interesse em manter estático a situação que lhes é favorável. Do outro lado há os sociólogos revolucionários que, diferentemente dos conservadores, visam a mudança e progresso em detrimento da ordem e da inércia social. Estes em geral são ou representam os despossuídos, a classe trabalhadora. Lutam por justiça e igualdade social. É claro que, além destes extremos, uma sociologia equilibrada seria a ideal, aquela que perseguisse simultaneamente ambas as metas: ordem e progresso.  

      Outro aspecto importante da sociologia diz respeito a sua natureza. De acordo com o autor, a sociologia mostra-se através de duas facetas: pode ser considerada uma ciência assim como a biologia, astronomia ou física, tendo como objeto de estudo a sociedade; ou uma ferramenta prática de intervenção política visando o bem estar econômico e social. A primeira, coloca a sociologia nas universidades e centros de pesquisa como uma "física social", na qual os cientistas sociais investigariam a sociedade afim de descobrir nela leis imutáveis (influência positivista). Já a segunda, coloca a sociologia nas ruas, entrelaçando-a a movimentos sociais e servindo de base teórica aos militantes políticos, fazendo-os adotar uma postura crítica e revolucionária perante a sociedade (influência marxista).

      Para refletir: um ponto de discussão interessante sobre a natureza da sociologia é se esta pode ser considerada uma ciência, com todo o rigor que esta exige. A ciência procura descobrir leis, verdades, padrões e relações universais. Pode a sociologia ser considerada uma ciência? Afinal, deseja ela ser uma ciência? É certo que todo o sociólogo é um pesquisador mas, é este também um cientista? Qual a diferença entre pesquisador e cientista, pesquisa e ciência?
     

Abril de 2011

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