reflexao sobre o prazer.
REFLEXÃO ACERCA DO PRAZER
Em sua obra, A FILOSOFIA E SUA HISTORIA, Gérard Lebrun faz uma análise sobre as concepções de prazer em Platão, Aristóteles, e Epicuro mais precisamente no capitulo intitulado como: A NEUTRALIZAÇÃO DO PRAZER, em Platão a concepção de prazer pode ser observado em seu dialogo no FILEBO que se revela um pretexto para mostrar de fato uma alternativa para um problema ético que seja capaz de proporcionar ao homem uma vida feliz. Em Aristóteles o prazer e um movimento da alma um regresso absoluto e sensível ao mundo natural, sendo a dor a sua contraria, pois o prazer e agradável, tudo que se assemelham ao mundo natural e agradável, em Epicuro o prazer e refinado, calmo e sereno, representa o principio e fim da vida, e inato bem. Nessa perspectiva trataremos de maneira sintética essas idéias que previamente foram aqui tratadas, tomando como base o texto de Lebrun.
A palavra hedoné e traduzida por Cícero para voluptas e a justifica por conta de sua interpretação que possa ser inequivocamente estendida como: gula, bebedeira, luxuria, ou seja, “prazeres vergonhosos” nesse contexto essa justificativa e ainda mais reforçada por Sêneca, que faz um comentário, no qual diz ironicamente,“ que o prazer habitualmente se esconde a procura das trevas”. Se nos prendermos apenas nos antigos Platão e Aristóteles obviamente que a função do prazer seria um “adestramento” para a educação das crianças ou acostumá-las a “ experimentar os prazeres e as dores como convém” mas Platão e Aristóteles assim como Epicuro vão mais longe, tratam o prazer como bom por si mesmo, o prazer e um bem.
Em Platão, mais precisamente no filebo ele vai trabalhar duas espécies de prazeres, essa análise parte do princípio metodológico de Parmênides, ou seja, para cada idéia analisada deve existir outra como contraria ou contraposta. A primeira idéia de prazer nasce de um gênero misto que fazem parte a saúde e a harmonia, quando a harmonia se dissolve imediatamente a natureza sente dor, e quando a harmonia se restaura obtém-se o prazer, nesse caso tanto a dor como o prazer surgem como eco de “afecções corporais”, desse modo se pode haver distinção entre os bons e maus prazeres. A segunda espécie de prazer e a expectativa da alma, separada do corpo, as afecções gerada do corpo algumas desaparecem antes mesmo de atingirem a alma outras atravessam tanto corpo quanto a alma; Assim, pode haver afecção que invada o corpo, entretanto não pode haver uma afecção que diga respeito só à alma. O que Platão esta querendo dizer e que existem prazeres só da alma que desse modo não pode haver desejo do corpo. Mas pode haver prazeres do corpo que não significa serem prazeres da alma. Um exemplo de prazeres do corpo e colocado por Lebrun em seu texto: “... no que concerne aos prazeres corporais, à satisfação que temos quando vemos formas geométricas e quando ouvimos sons ‘que tornam uma nota única e pura’...” (Lebrun, 2006, p456).
Aristóteles, diz que o prazer e "um certo movimento da alma e um regresso total e sensível ao estado natural" (1) “prazer = movimento”. A dor seria de alguma forma o seu contrário, o prazer e agradável, o que e agradável, implica em ter desejo tanto desejo racional como o desejo irracional, entre esses desejos racionais que e agradável ao homem Aristóteles coloca, por exemplo, a honra, a boa reputação, os amigos; ao contrario da maioria dos gregos que usavam a palavra hedoné para dizer prazer e hedesthai para tirar prazer, hedone para Aristóteles e atribuída ao próprio Deus, nesse caso ele optava pela intermediário acerca do bem identificando com o prazer, pois assim como Platão e Epicuro, ele considerava o prazer como bom em si mesmo “O prazer é, também, um bem. Se o não fosse, como é que todos os seres vivos, e não apenas os seres humanos, o desejam? As coisas agradáveis e belas são necessariamente boas, pois as agradáveis produzem prazer, e as belas são agradáveis, ( Marques, p1). Aristóteles, diz que o prazer deve ser pensado como o bem, nesse caso os homens aspiram o que e bem portanto aspiram o prazer.
Para Epicuro, o prazer e o principio e o fim da vida feliz, uma reflexão sobre ética ele afirma: “A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, o gozo e a alegria são prazeres de movimentos, pela sua vivacidade” (Epicuro, ética, p25). Para a filosofia, a função e de cuidar da saúde da alma, se não for assim de nada serviria a filosofia, seu discípulo Diógenes resumiu o pensamento de seu mestre em quatro categorias, 1) Os deuses não devem ser temidos; 2) A morte não deve amedrontar; 3) O bem é fácil de ser obtido; 4) E o mal, fácil de suportar. Sobre a morte para Epicuro não faz sentido se preocupar devemos se preocupar com a vida e seu maior bem, que e o prazer, entretanto o prazer em Epicuro não e uma sensação de fluidez no momento, mas deve e calmo e sereno deve evitar as dores e as perturbações, entrar em harmonia com a natureza. Para desfrutar desse prazer o homem deve evitar a dor algo fundamental em Epicuro.
Para Lebrun, não existe uma forma de prazer, para satisfação universal do ser humano, pois existem diversos tipos de pessoas de pensamentos de “funcionamentos”, ou seja, altamente subjetivo tentar descobrir o prazer que possa satisfazer o homem depende exclusivamente de seu próprio espaço e tempo, para os modernos como o próprio Lebrun coloca em muitas passagens do seu texto, fica difícil entender os antigos, pois a forma que o prazer se apresenta hoje e diferente como era entendido nos antigos, por conta disso Lebrun chama essa proposição de axioma do prazer do século 4º a.c, axioma esse que tornou-se obsoleto para os modernos, nesse caso esse termo prazer deve ser entendido dentro do campo da semântica, pois requer uma interpretação mais calma e detalhada. Ate por que os dias atuais o prazer nada diz respeito com o prazer que era tratado pelos gregos antigos, para a modernidade o prazer esta relacionado com a satisfação pessoal e com os desejos carnais, ou seja, prazer em usar drogas, em beber, em sexo, em jogar bola, etc. Esta concepção atual de prazer como foi visto distorce a concepção de prazer que os antigos tinham. Dessa forma fica claro que a noção de prazer nos antigos deve estar dissociada quando se trata de prazer em dias atuais. Essa forma de definir o prazer e torná-la atual dentro da sua contemporaneidade, ficou a cargo da revolução estóica, antes uma decisão semântica, para prevenir exatamente dessas confusões saber separar o bom do ruim, prazer e dor, entre outras.
Em suma, e preciso lembrar que apesar de algumas diferenças, Aristóteles, Platão e Epicuro tinham algo em comum, concordam que o prazer e bom por si mesmo,em Aristóteles o prazer se faz necessário a virtude que embora não sejam o supremo bem, são necessários para o homem alcançar o bem supremo nesse caso a felicidade, já Platão não nega a forca do prazer, entretanto ele submete ao intelecto, Epicuro afirmava que o prazer consiste em evitar as dores e as perturbações. Dessa forma pressupõe-se que os antigos valorizavam o prazer como algo de extrema relevância para o discurso ético e sobretudo implicações fundamentalmente importantes para vida do ser humano na sociedade, fosse ela nos tempos antigos ou nos dias atuais.