O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo
LÊNIN, Vladimir Ilitch
“O Imperialismo Fase Superior do Capitalismo”.
São Paulo: Editora Centauro, 2003.
O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo.
Vladimir Ilitch Lenin foi ¹“um revolucionário e chefe de Estado russo, responsável em grande parte pela execução da Revolução Russa de 1917, líder do Partido Comunista, e primeiro presidente do Conselho dos Comissários do Povo da União Soviética. Influenciou teoricamente os partidos comunistas de todo o mundo, e suas contribuições resultaram na criação de uma corrente teórica denominada leninismo. Diversos pensadores e estudiosos escreveram sobre a sua importância para a história recente, entre eles o historiador Eric Hobsbawm, para quem Lenin teria sido "o personagem mais influente do século XX" . [¹http://pt.wikipedia.org/wiki/Lenin]
Escreveu Diversas obras de grande influência para diversos outros escritores, dentre elas estão “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”, “O Estado e a Revolução”, “Esboço biográfico e uma exposição do Marxismo” e diversas outras. A obra pela qual vamos tratar se chama “O Imperialismo Fase Superior do Capitalismo” onde o autor vai discutir como aconteceu o imperialismo dos capitalistas mais desenvolvidos sobre o resto do mundo.
No primeiro capitulo a “Concentração da produção e os monopólios” o autor começa abordando as estatísticas das empresas nos países capitalistas resultando no monopólio das grandes empresas dificultando a entrada e a permanecia dos pequenos concorrentes no mercado.
Num segundo momento o autor explica por que acontecia este monopólio, mostrando detalhes dos esquemas feitos pelas empresas, como por exemplo a “combinação”, as taxas alfandegárias a livre concorrência, os Cartéis e os Trusts.
E por fim a grande influência da crise de 1900 para a consolidação da concentração e do monopólio.
O papel intermediário nos pagamentos que os bancos tinham na transformação de verdadeiros “monopolistas onipotentes, que dispõem de quase todo o capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e pequenos patrões, bem como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matéria-prima de um ou de muitos países é explicado no segundo capitulo com o titulo “Os banco e o seu novo papel”.
Lenine explica como os Grandes bancos absorvem e incorporam pequenos bancos subordinando-os e tornando-os dependente dos monopolistas promovendo uma “centralização”. Para esclarecer melhor este monopólio Lenine expõe gráficos de crescimento de estabelecimentos bancários, de aumento de clientes e de capital absorvido por estes bancos.
“Os bancos criam, à escala social, a forma, mas nada mais que a forma, de uma contabilidade geral e de uma distribuição geral dos meio de produção”, o autor usa esta frase de Marx de “O capital” para mostrar o papel dos bancos na sociedade capitalista, pois, por concentrar toda a renda financeira não somente dos patrões como também de seus empregados, por meio de contas correntes e outras operações financeiras, ele podem “decidir inteiramente” o destino dos caminhos financeiros, podendo exercer influência mediante a ampliação ou a restrição de créditos, podendo privar os capitalistas de capital ou fazê-los aumentar rapidamente e em grandes proporções.
No capitulo III “O capital financeiro e a oligarquia financeira” o autor descreve a gestão dos monopólios capitalistas se transformando nas “condições gerais da produção mercantil e da propriedade privada, na dominação da oligarquia financeira” usando exemplo de empresas com participação em outras empresas. Mostra as atividades lucrativas em que capital financeiro atua, como por exemplo as “especulações com terrenos situados nos subúrbios das grandes cidades que crescem rapidamente”. Pag 56.
Lenine faz um levantamento do total de emissões financeiras pelo mundo mostrando o alto crescimento desta pratica em tão pouco tempo (1871-1880 não passava de 76,1 bilhões e na década de 1910, 815 bilhões de francos).
Como vemos, neste capítulo o autor nos traz o “papel do imperialismo na exportação de capital na criação da rede internacional de dependências e de relações do capital financeiro”.
“A exportação de capital” é melhor esclarecida no capitulo IV, onde o mostra o enorme avanço da exportação de capital no “principio do século XX” e o impacto disso nos países receptores deste capital – “A exportação de capitais repercute-se no desenvolvimento do capitalismo dentro dos países em que são investidos, acelerando-o extraordinariamente”[Pagina 64] em todo o mundo.
O que desenvolvia o antigo capitalismo era a exportação de mercadorias para atrair capitais estrangeiros, e no imperialismo o que se quer é exportar através do monopólio o capital e o autor usa estatísticas do capital investido para ilustrar esta situação.
Os bancos fundados nas colônias desenvolvem um grande papel na exportação de capital neste período.
“A medida que foi aumentando a exportação de capital e se foram alargando, sob todas as formas, as relações com o exterior e com as colônias” foi-se tendo uma “partilha do mundo entre as associações de capitalistas”, dizendo Lenine que este é “um grau incomparavelmente mais elevado que os anteriores”, chamando isto de “supermonopólio”.
O autor cita os exemplos da indústria elétrica e seu desenvolvimento em vários países, as fábricas de carris de ferro, a indústria do petróleo e marinha mercante, como processos de concentração que levaram à “partilha do mundo”. Segundo o autor as fabricas que dividem o mundo são; “alemãs, belgas, francesas, espanholas e inglesas”.
Em “A partilha do mundo entre as grandes potências” vemos a conquista do capitalismo sobre todas as terras do mundo a partir da divisão da África e da Polinésia que eram terras onde existiam lugar ainda não ocupados, e foram divididas pelas seis potências mais importantes do mundo.
Neste Capítulo, Lênin explica como a política colonial mundial encontra-se intimamente relacionada com o capital financeiro, mostrando o avanço das possessões coloniais das grandes potências e a relação entre as colônias e a escassez de matérias-primas nos países desenvolvidos.
“Se fosse necessário dar uma definição mais breve possível do imperialismo, deriva-se dizer que o imperialismo é a fase monopolista do capitalismo”, ou seja, “O Imperialismo – fase particular do capitalismo” (Capitulo VII), uma fase de “tendência a violência e para a ação”.
Lenine faz uma critica severa ao marxista Kautsky que diz que o imperialismo é fruto do capitalismo industrial para anexar as regiões agrárias; Lenine diz – “daqui resulta reformismo burguês em vez de marxismo”.
O autor também discute “o lugar histórico que esta fase do capitalismo ocupa relativamente ao capitalismo em geral e a relação entre o imperialismo e as duas tendências fundamentais do movimento operário”.
O monopólio capitalista gera inevitavelmente uma tendência para a estagnação e para a decomposição”. Partindo desse princípio, no capítulo seguinte, o autor descreve como se dá o que ele chama de “parasitismo e a decomposição do capitalismo”, explicando a camada dos rentiers, ou seja, “de indivíduos que vivem do ‘corte de cupões’, que não participam em nada em nenhuma empresa, e cuja profissão é a ociosidade”. Os rentiers vivem da exploração do trabalhos de países e colônias, e investem no capital, ou seja, emprestam capital com devolução em juros, gerando lucro sem produção, é o que Lenine chama de parasitas e que tende a se decompor.
Segundo Lenine esta pratica é tão lucrativa que o rendimento dos rentiers chega a ser cinco vezes maior do que o rendimento do comércio “do país mais comercial do mundo”, transformando a Inglaterra de um estado industrial para um estado “credor”.
Vemos também neste capitulo Lenine discutir a existência de grupos de operários, operários superiores, e operários inferiores, “proletária propriamente dita. Onde os primeiros são minorias e constitui a “massa dos membros das cooperativas e dos sindicatos, das sociedades desportivas e das numerosas seitas religiosas”, e todo o resto é o segundo, “da qual os politiqueiros burgueses e os oportunistas socialistas fazem pouco caso”.
No penúltimo capitulo, “Críticas do Imperialismo”, Lenine dialoga com muitos autores críticos do imperialismo, mostrando que muitos não passam de defensores do imperialismo “de uma forma um tanto coberta, ocultando a dominação absoluta do imperialismo e as suas raízes profundas [...] coloando em primeiro plano os pormenores secundários. O autor analisa se as criticas realmente podem abalar por meio de reformas as bases do imperialismo.
O autor faz uma severa critica a Kautsky que tem uma visão reformista-burgues sobre o imperialismo– “Além de não se preocupar, de não saber enfrentar essa oposição pequeno-burguesa, reformista, fundamentalmente reacionária do ponto de vista econômico, se fundiu praticamente com ela”.
E por fim, no décimo e ultimo capítulo, Lenine diz “o imperialismo é, pela sua essência econômica, o capitalismo monopolista”, apontando “O Lugar do Imperialismo na História”, mostrando que este foi a conseqüência da livre concorrência.
Lênin também mostra neste ultimo capitulo as quatro formas de monopólios, dizendo que este capitalismo monopolista intensificou as contradições do capitalismo, pois a burguesia vive cada vez mais da exploração de capitais e do corte de cupons, e o crescimento dos países beneficiados é cada vez maior, um crescimento desigual, que aumenta cada vez mais também a desigualdade.
OLIVEIRA, Bruno Silva
brunooliveiraroots@hotmail.com