O Retrato de Dorian Gray
O Retrato de Dorian Gray é um livro escrito em 1891 pelo irlandês Oscar Wilde. Mesmo aqueles que não leram essa obra-prima, conhecem a essência de sua história: Dorian Gray é um aristocrata britânico que não envelhece, enquanto seu retrato se transforma no decorrer dos anos.
Dorian Gray é um jovem belíssimo, que se torna objeto de atração do pintor Basílio Hallward, que está finalizando seu retrato. É quando conhece Lorde Henry Wotton, riquíssimo membro da alta sociedade. Lorde Henry fica de imediato encantado com Dorian Gray, que além de sua beleza, traz uma enorme simpatia.
Ao terminar sua obra, e admirando o retrato, Dorian exclama “Como é triste – como é triste! Eu me tornarei velho, horrível, espantoso. Mas este retrato permanecerá sempre jovem. Não será nunca mais velho do que neste dia de junho... Se acontecesse o contrário! Se eu ficasse sempre jovem, e se este retrato envelhecesse! Por isso... por isso eu daria tudo! Sim, não há nada neste mundo que eu não desse! Daria até minha própria alma!” (pag. 31)
Dorian Gray acaba tendo seu desejo atendido. Leva seu retrato para sua casa e após romper repentinamente com uma jovem atriz, retorna à casa e ao olhar o retrato nota uma leve alteração na boca. Assustado, percebe que essa alteração deu ao retrato um aspecto de perversidade, como se ele estivesse mostrando a maldade de sua alma.
Decide esconder o retrato em um quarto isolado, do qual só ele tem a chave e viver uma vida de vícios e libertinagem. Seu semblante não se altera com o decorrer dos anos, mas o retrato vai se tornando cada vez mais monstruoso.
Lorde Henry passa a ser seu melhor amigo. Dorian Gray vive uma vida sem culpas ou remorsos, destruindo a reputação tanto de mulheres como de homens. Não lhe importa a reação das pessoas, pois sabe que continuará jovem para sempre e sua aparência nunca irá mostrar suas maldades.
Oscar Wilde nunca explica como se deu esse “acordo”. O livro não é de terror. Não há pacto com nenhum demônio. O objetivo da obra é mostrar a decadência da sociedade inglesa da época, onde as aparências são mais importantes que a realidade.
Lorde Henry tem especial destaque, pois é ele que orienta Dorian Gray, com seu ceticismo e pragmatismo. Há diversas frases proferidas por Lorde Henry que são críticas à Inglaterra e às mulheres e que mostram seu ceticismo: “O motivo pelo qual pensamos bem dos outros é que temos medo de nós mesmos. A base do otimismo é o medo absoluto. Acreditamo-nos generosos porque adulamos o próximo com aquelas virtudes que podem beneficiar-nos.” (pag 83). “Gosto dos homens que têm um futuro e das mulheres que têm um passado.” (pag 190). Podemos até considerar Lorde Henry como sendo o “alter-ego” do autor.
Já Dorian Gray demonstra ao longo de sua trajetória que aprendeu bem as lições de seu mentor, manipulando as pessoas de sua convivência, destruindo-lhes a vida sem demonstrar nenhum tipo de arrependimento. Somente no final, quando se apaixona por uma jovem e inocente camponesa, e cansado do seu estilo de vida, é que Dorian Gray decide ser bondoso. Acreditando que suas intenções são as melhores possíveis, sobe ao quarto, esperando ver mudanças no retrato, que espelhem essa sua intenção. Espera ver um retrato menos horroroso, mas acaba tendo uma surpresa e decide-se por uma ação extrema.
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Dados da obra:
Título original: The Picture of Dorian Gray
Título em português: O Retrato de Dorian Gray
Autor: Oscar Wilde
Tradução: Enrico Corvisieri
Editora Nova Cultural – 2003 – 238 páginas