LONDON, Jack. Caninos Brancos. São Paulo. Martin Claret, 2001. 183p.
Credenciais do autor
John Griffith Chaney escrevia sobre o pseudônimo de Jack London, nasceu em San Francisco, Califórnia, em 12 de janeiro de 1876. Foi pescador, garimpeiro e andarilho antes de tornar-se jornalista. Navegou durante anos por terras distantes, e as experiências adquiridas nas viagens que fez, inspiraram os contos e romances que o tornaram famoso, com seu estilo de relatar aspectos e brutais da vida, como ocorre em Caninos Brancos.
Atraído pelo socialismo desde 1894, London completou sua formação em bibliotecas publicas, sua obra mostra influencia de Marx, Darwin e Nietzsche. Operário de fabrica, apanhador de ostras clandestino, marinheiro, vagabundo, minerador de ouro, revolucionário marxista, correspondente de guerra, escritor Best-seller, quase se tornou um circunavegador, alcoólatra e fazendeiro, London, permanece como o símbolo do artista que carrega consigo a imagem de um homem de ação, London personifica m seus livros o anseio pela simplicidade do homem do campo diante da vida e da morte. Num estilo despreocupado e abrangente, hoje ele é tido como precursor de diversas vertentes da literatura americana. Segundo o escritor E.L. Doctorow: “London escrevia para viver, para pagar contas, com incrível disciplina, onde quer que estivesse , escrevia suas mil palavras por dia, para vende-las no mercado, como free-lancer. Suas cartas estão repletas de promessas, protestos, pedidos aos editores e produtores, solicitando dinheiro...Quanto mais dinheiro tinha, mais se lançava a aventuras que o fariam desaparecer...”
London sempre que viajava levava consigo sua família, e também os seus companheiros da legião socialista que viviam a sua custa, London deixou quinhentos artigos e ensaios, duzentos contos e dezenove romances. Até hoje é um dos escritores mais lidos no mundo.
Suicidou-se aos quarenta anos na Califórnia em 22 de novembro de 1916, e suas obras foram modelo do culto à experiência que veio a se tornar característica do romance americano.
Dentre suas obras mais conhecidas estão: O filho do Lobo (1900); o chamado da selva (1903); O Lobo do mar (1904); Caninos Brancos (1906); O Tacão de Ferro (1907) e Martin Éden (1909).
Resumo critico
O assunto a ser discorrido a partir de agora, trata-se do livro do autor e romancista Norte-americano Jack London, intitulado de Caninos Brancos. Este romance escrito por London no ano de 1906, tornando-se uma das obras mais conhecidas do mesmo, sobretudo pelo tipo de narrativa utilizada na obra, a narrativa descritiva. Valendo-se de suas experiências em uma de suas viagens realizada no Canadá, London narra a história de um cachorro-lobo homônimo ao livro.
Há dentro deste romance narrativo, algumas personagens que podemos destacar, dentre elas estão: Caninos Brancos, o personagem principal, Kiche, Castor Cinzento, Lip-Lip, “Beleza” Smith, e Weedon Scott. Posteriormente, aprofundarei mais cerca dessas personagens de destaque, alem de alguns de menor importância, se assim posso dizer. A historia se passa no Alaska, e começa narrando uma viagem de dois homens eles as: Bill e Henry, que viajam em um trenó puxado por cães, levando com eles um corpo, em meio a uma época de muita fome, Bill e Henry começam a serem perseguidos por uma alcatéia de Lobos, e seus cães começam a ser devorados um a um, sobretudo por uma astuta Loba de nome Kiche. Após devorarem todos os cães, os Lobos se dividem e Kiche vai em busca de seus filhotes, dentre eles está Caninos Brancos.No que diz respeito a personagem Kiche, como foi dito anteriormente, é a mãe de Caninos Brancos, ela não é um lobo, mas sim um cão selvagem, London deixa explicito que apesar de não ser um lobo, Kiche era muito selvagem mais forte que muitos lobos. Com relação a Bill e Henry a “participação” de ambos, termina no inicio do livro, na perseguição da alcatéia a ambos. No que diz respeito a Caninos Brancos, conforme o resumo do livro for avançando, vou tecendo minhas considerações sobre o mesmo. Depois que Kiche retorna para seus filhotes, ela passa a caçar para alimentar seus filhotes que dentre eles se destaca Caninos Brancos, descrito como o mais esperto e curioso dentre todos, tanto é, que dentre todos os filhotes de Kiche ele é o único sobrevivente. Com o passar do tempo, Caninos Brancos e Kiche passam a caçar juntos, quando Caninos Brancos encontra um animal diferente de qualquer outro, o homem, que Caninos Brancos passou a chamar em seu consciente de deus, pois esse animal tinha poder sobre as coisas animadas, os seres vivos, e as inanimadas, objetos como pedaços de madeira, o interessante dessa narrativa é que London nos mostra o mundo através dos olhos de Caninos Brancos.
Castor Cinzento era o nome do homem encontrado por Caninos Brancos, Castor Cinzento era um índio, que na época do encontro de com o cachorro-lobo, estava pescando em um lago, quando se encontrou com o jovem lobo que lhe rosnava e mostrava os dentes, que eram muito brancos, sobretudo os caninos, daí vem o nome do lobo dado pelo índio, quando Kiche chega para “socorrer” seu filhote ela não ataca os índios, mas sim se rende a Castor Cinzento, uma vez que ela pertencia a um irmão do índio que já havia falecido. Castor Cinzento leva Kiche e Caninos Brancos para a aldeia a qual ele pertence. No que condiz à Castor Cinzento, Caninos Brancos, acaba se submetendo de maneira fiel ao índio, mas essa fidelidade, surgiu através de métodos nada “amorosos”, mas sim através de surras, método que fica explicito no trecho a seguir: “...Dormia horas seguidas e sonhava muito. Então desfilavam as visões nortenhas.Todos os fantasmas do passado se erguiam e vinham lhe fazer companhia. Viveu outra vez no covil com Kiche; arrastou-se, tremulo, até os pés de Castor Cinzento, para lhe oferecer a sua submissão....”(181 p).
Dentro da aldeia, Caninos Brancos conheceu outro personagem de destaque, Lip-Lip, que era o cachorro mais velho dentre todos os existentes na aldeia, que passou a perseguir Caninos Brancos, “... fugiu, precipitadamente, para salvar a vida, diante de Lip-Lip e da matilha ululante dos cachorros.” (181 p).O que o moldou de maneira interessante, pois através da perseguição de Lip-Lip e dos outros cachorros, foi que Caninos Brancos se distanciou da sua raça, e se aproximou do homem, alem disso através dessas perseguições, Caninos Brancos ficou muito feroz. Caninos Brancos se afastou de sua mãe, quando Castor Cinzento deu Kiche a outro índio para pagar uma divida, o que foi muito doloroso para o mesmo, pois de fato a partir daí encontrou-se só.
Algum tempo depois, Caninos Brancos acompanhou Castor Cinzento em uma viagem, a um forte, ali, Caninos Brancos se divertia perseguindo os cachorros que chegavam de navio, isso despertou a cobiça de “Beleza” Smith em relação a Caninos Brancos, pois ele matava muitos cachorros. “Beleza” Smith, que era chamado de “Beleza”, justamente por ser desprovido da mesma, era um homem, cruel e frio, e para conseguir a posse do Lobo, viciou o índio Castor Cinzento em álcool, e quando o índio não tinha mais nada para trocar por álcool acabou dando Caninos Brancos. Nas mãos de “Beleza” Smith, Caninos Brancos se tornou uma maquina de matar mais poderosa do que já era, tratado sempre com desprezo e violência foi usado por seu novo dono em apostas, nas quais ele lutava contra todo tipo de cães, matando todos quanto enfrentava; “... reviveu todos os dias passados com “Beleza” Smith, e as lutas que travara. Nessas alturas, gania e rosnava, e quem o observasse adivinhava que os seus sonhos eram maus.”(181 p). Em uma de suas lutas, Caninos Brancos, que até então nunca perdera uma luta, nem sofrera nenhum arranhão, passava por maus bocados, ate chegar ao ponto em que “pensou” que morreria, mas eis que surgiu Weedon Scott.
Weedon Scott era norte-americano, filho de um juiz que tinha minas no Alaska, e Weedon viajara para lá para cuidar das posses do pai, e chegando ao forte, encontrou a cena da luta de Caninos Brancos, na qual ele já estava quase morto, interrompendo a luta ele comprou Caninos Brancos de “Beleza” Smith, mesmo contra a vontade do mesmo. Scott tratou de Caninos Brancos até que este se recuperou por completo, mas Caninos Brancos era incontrolável, mas Scott acabou ganhando o afeto do animal, ate um ponto em que Caninos Brancos chegou a ficar doente quando seu dono se ausentou, voltando para os Estados Unidos. A solução foi levar o Lobo para a America e assim o fez, Caninos Brancos era muito inteligente e se adaptou ao clima e à vida na America, mas precisamente em San Francisco, onde morava seu dono e sua família. O lobo era fiel em tudo ao seu dono, a partir daqui, vemos que London trabalhou com o conceito de que o ambiente influencia no cara ter das pessoas, pois quando Caninos Brancos pertenceu a “Beleza” Smith, que o tratava de maneira violenta, fria, cruel, ele se tornou violento e cruel, passando a não confiar em ninguém, mas quando Scott o tratou com carinho, afeto e amor, esses sentimentos despertaram, muito lentamente em Caninos Brancos que se afeiçoou não só ao seu dono, mas também à família do mesmo, chegando até a arriscar a própria vida para guardar a família de seu dono.
No final da narrativa, London deixa a entender que Caninos Brancos teve filhotes com a cadela que já pertencia a família Scott; “... Surpreendido, Caninos Brancos olhou para todos como que perplexo. Depois voltou a sentir uma invencível fraqueza e deixou-se cair, de orelhas arrebitadas, a cabeça de lado, observando o cachorrinho. Os irmãos deste aproximaram-se também, arrastando-se...” (183 p).
Dessa forma, muito ainda poderia ser tratado acerca de “Caninos Brancos”, mesmo assim, espero que essa singela explanação contribua para despertar o desejo pela leitura desta obra.