O que é educação?

RESENHA CRÍTICA

BRANDÃO, C. R. O que é educação? São Paulo: Brasiliense, 1981.

Brandão, em seu livro assinala que todos os homens são suscetíveis de receber algum tipo de educação, isso, porque, como ele mesmo destaca não existe só um tipo de educação, mas vários tipos e, isso, dependerá da sociedade em que o individuo estiver inserido. A abordagem que o autor utiliza no livro para trabalhar essa questão é a abordagem sociológico-antropológica. E nesse sentido, o autor explora a educação nos meios indígenas e de outros povos para fundamentar seus comentários sobre os diversos tipos de educação. Assim, por meio desses exemplos, Brandão mostra que a educação independe de escolas e que, como exemplo, nas aldeias indígenas os nativos passam por diversas situações de aprendizado ministradas não só por um adulto, mais por vários. Assim, como o autor mesmo acentua tudo o que envolve alguma forma de saber envolve também a educação.

O autor discute que com a separação do “saber” e do “fazer” surgem a pedagogia, a instrução especializada e a escola. Assim, com a complexidade das ciências a educação confunde-se com a instrução e os indivíduos passam a reproduzir conhecimentos.

O pesquisador comenta sobre a sociedade clássica para mostrar que a educação inicialmente era ministrada apenas aos nobres, havendo assim, a exclusão dos plebeus. Mais tarde, quando os romanos passaram a se dedicar a vida política foram abertas escolas também para os plebeus. Continuando seu pensamento, Brandão indaga quais as finalidades da educação, se a educação é universal ou não e o que ela produz. O autor chega à conclusão de que a educação está atrelada a diversos interesses, entre os quais, a política e a economia. Sendo assim, será aplicada de acordo com a necessidade do mercado e produzirá indivíduos para suprir as necessidades de tais mercados. E esse não é um tipo de educação que deixa o ser humano à vontade para fazer suas escolhas.

Concorda-se plenamente quando Brandão afirma que não existe apenas um tipo de educação. Isso faz pensar no respeito que devemos ter em relação ao saber e o conhecimento adquirido por os outros povos. Pode-se dizer ainda que educação seja completamente diferente de instrução, pois, educação é construir valores e instrução é receber algum tipo de conhecimento técnico para desempenhar uma função na sociedade. Assim, construir valores necessita-se, portanto de submeter o indivíduo a determinada situações da vida diária para que desperte em si os valores, tais como: o amor, a sinceridade, a compassividade, a benignidade, o respeito etc. Esses valores verdadeiramente não existem, mas passam existir pelo poder que o próprio individuo tem de fazê-los existir. Nos dias atuais essa distinção torna-se importante, porque muitos atribuem à escola o papel da construção de valores e, embora a escola tenha esse caráter, o papel da educação deve começar no seio familiar, ficando a escola apenas como um complemento e um segmento educacional voltado mais para a instrução. Mas a educação produzida pela sociedade não pode ser uma educação e uma instrução voltada para os interesses políticos e econômicos, todavia deve deixar o indivíduo livre e a vontade para fazer suas escolhas de vida, tais como a profissão que quer exercer.

MENEZES, L. F.