Rascunhos, de Yasmine Lemos

Dicionários me atraem. Gosto de saber o significado das palavras a fim de não errar no emprego de alguns termos; e, como estou sempre aprendendo, confesso que muitas palavras me surpreendem. Fiz o mesmo com a palavra “resenha” e desta vez não me surpreendi com o significado da palavra, mas sim com o tamanho da responsabilidade que me coube ao tentar resenhar “Rascunhos”, de Yasmine Lemos.

Em primeiro lugar: como se resenha um livro de poesias? E, mais ainda, poesias e prosas líricas que vêm de dentro, do fundo de uma alma sensível e em questionamento permanente? Como se passa a idéia básica de uma obra que é, ela própria, a busca de novas idéias e sensações?

Impossível utilizar as definições de “resenha”, neste caso: descrever, enumerar por partes, resumir, sintetizar. Como se faz isso com emoções? E é essa a matéria prima com a qual Yasmine nos brinda: emoções. Sutilezas, arrepios, angústias, alegrias, amor, paixão. Descubro que não sou capaz de dar conta deste recado, até porque Yasmine nos emociona de forma tão contundente que qualquer tentativa de resenha soa inútil.

Busquei então o significado de “rascunho”, para entender por que Yasmine usou esta palavra para título do seu livro. E entendi: um esboço, um trabalho inicial em que se fazem as correções necessárias. Porém não é da forma ou da clareza de seus textos que se trata este rascunho – o livro é um belo trabalho caprichosamente acabado -, mas sim das tentativas de passar emoções, o que na verdade sempre será um rascunho. Pois, como ela mesma explica, “Mesmo a caneta falhando,/ uma certeza de estar acertando,/ zelando nos registros minhas quedas e tropeços./ Estava tentando, isso é um fato.”

Tomo novamente palavras da autora, desta vez para justificar por que não me alongarei mais: “...Pra que apresentações? Que a humildade seja sempre uma conselheira.” Assim, melhor ficar com alguns trechos do livro que, sem dúvida, despertarão a curiosidade e a sensibilidade de quem porventura vier a ler esta inútil e fracassada tentativa de resenha.

“Amar com coragem é uma das maneiras mais dignas e compensadoras de enfrentar o mundo, é rodopiar com o vento, vestida de tempo sem temer os alinhavos da vida.”

“”Aquilo que não acho explicação em mim

Não sei o nome, não conheço

Leva-me pelo braço

Feito o mar(...)”

“Saudade não tem nome, enrosca no peito e dorme como uma cobra que o horror domina.”

“Amar e esperar são minhas verdades.

Ser livre já nem imagino,

Quero voar para dentro dos seus olhos e ganhar o mundo.”

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Lemos, Yasmine - "Rascunhos". Natal, Offset Gráfica, 2010.

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Este livro me foi presenteado pela querida Zélia Freire por ocasião de nossa brincadeira de amigo secreto no Encanto das Letras (dez/10), a quem agradeço de coração!

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Resenha

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