Pequena Abelha
Abri o livro aleatoriamente e li algo sobre cicatrizes. No meio do parágrafo uma frase que me fez arregalar os olhos: “Temos de ver todas as cicatrizes como algo belo. Combinado? Este vai ser o nosso segredo. Porque, acredite em mim, uma cicatriz não se forma num morto. Uma cicatriz significa: "Eu sobrevivi." (grifo meu).
Espantei-me porque dito isso por uma mulher é algo espetacular, ainda mais quando essa mulher é uma menina nigeriana refugiada. Cicatrizes, para além do corpo, marcam a alma e não são consideradas algo que embeleze, que queiram exibir por aí.
Mas sobre o livro o que posso dizer é que é escrito na primeira pessoa. Gosto muito disso. Gostei especialmente porque assim o autor nos faz pensar, ver e sentir como os personagens.
Me fez também lembrar de um livro também muito especial que é o insuperável A menina que Roubava Livros.Personagens fortes, de uma sensibilidade ímpar, com um jeito especial de lidar com perdas e dores.
O livro faz jus aos comentários da crítica especializada e de quem o leu.Mas a sinopse é curiosa em todos os lugares.O esforço de não dar pistas para instigar o leitor é geral e eu não vou fugir a regra.Só vou dizer que é uma lição de narrativa, que mesmo ficção a sensação é de que ele nos contou uma historia de vida, dessas que a gente se depara quando vemos um noticiário na TV, falando de conflitos internacionais.
Devo dizer também que todos os personagens, sem exceção, são muito interessantes e isso é raro numa história. Todos têm uma importância tal na trama que encanta e nos ensina a não banalizar nenhum enredo. Já sei que vou gostar de vê-lo na telona, pois é o tipo de livro que já com cara de roteiro de cinema.
Abaixo uma das sinopse que mais gostei:
Não queremos lhe contar o que acontece nesse livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte: Essa é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa fazer uma escolha que envolve vida ou morte. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler esse livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como a narrativa se desenrola.
Formado em psicologia pela Universidade de Oxford, o autor, nascido em 1973, em Londres, onde mora com a mulher e três filhos, tem uma coluna no jornal The Guardian. Seu primeiro livro, Incendiary, publicado em 2005, venceu prêmios, como o Somerset Maugham e o especial do júri do Prix des Lecteurs. Aborda um ataque terrorista a um jogo de futebol do Arsenal e também ganhou versão cinematográfica, em 2008, estrelada por Ewan McGregor e dirigida por Sharon Maguire. http://www.correiobraziliense.com.br/
Ficha
Título: Pequena Abelha
Editora: intrínseca
Ano: 2010
Autor: Chris Cleave
Tradução: Maria Luiza Newlands