O imoralista "par excellence"
“De tudo aquilo que é escrito, me faz gosto de fato apenas aquilo que alguém escreve com sangue. Escreva com sangue e haverás de experimentar que sangue é espírito.” Faço minhas as palavras dele. Ler Nietzsche é compreender todo processo de conduta humana baseada em mentiras, baseada em falsas analogias grotescas que levam a degeneração do pensar em seu estrambólico meio social extraviado. A satisfação de ler Nietzsche e perceber o quão importante ele foi para filosofia do antes e do agora inovada, em suas próprias formas de expressão criadas para esmagar ídolos de todas as espécies, quando percebo a força de cada expressão, de cada aforismo, de cada saber em uma única frase, mais maravilhado, extático e forte me sinto. Ele é espantoso, ele é engrandecedor e como ele mesmo escreveu: “Eu não sou homem, eu sou dinamite.” E explodiu as verdades contrarias, assim como o homem néscio falastrão, assim como o populacho enganado, assim como toda forma de lavagem cerebral.
“Minha ambição é dizer em dez frases o que qualquer outro diz num livro – o que qualquer outro não diz num livro.” A escrita precisa capaz de derrubar o mais feroz dos seres, criticas contundentes que o fizeram aniquilador incansável. Os seus aforismos foram em grande parte o seu recanto, a sua camada de proteção contra os mascarados, foi sua arma mais poderosa contra toda forma de poder, contra uma cultura, contra a filosofia pobre, contra a forma de poder mais indecorosa e persistente, o cristianismo. Ele criou o aforismo para derrubar a moral deturpada, para fazer arder os pensamentos ingênuos dos cristãos, fez da cultura Alemã um de seus alvos prediletos, passou como um tanque de guerra por cima de ídolos e derrubou do trono “o crucificado”, essa foi sua forma de felicidade: “um sim, um não, uma linha reta, um alvo.” Em Nietzsche corria o sangue da virtude e o sangue é as suas obras e elas permanecem com a mesma força até hoje, talvez maior ainda. Em Nietzsche não se vê hipocrisias e quando falo Nietzsche falo de todas as obras existentes, ele agride os merecedores, ele extermina o fraco de virtude e o forte moralista, pois ele é o imoralista e aniquilador par excellence.
“Eu amanso qualquer urso e sou capaz até de fazer de um palhaço uma pessoa descente.” Ele em sua condição de matador de ídolos, o destruidor dos pilares sujos das religiões e de todo conceito de verdade deteriorada, de toda moral em estagio de ignorância ejaculada pela sociedade devota aos seus conceitos mesquinhos, ele o homem que desceu o martelo em toda forma de hipocrisia e em toda forma de negação da verdade absoluta, foi e é o único homem a alcançar 6000 pés além de todos os filósofos e pensadores que existiram ou existem na face da terra. E o segredo da sua virtude de gênio ele mesmo revela: “Em tempos de trabalho profundo não se vê livro algum em volta de mim: eu me guardo de deixar alguém discursar ou até mesmo pensar perto de mim.” Está ai a formula de um gênio insuperável, de um espírito totalmente livre que sem medo de andar próximo aos mais perigosos dos abismos, sem medo de cair nas estreitas pontes por onde passou ou de ser engolido pelas feras agonizantes do poder fez de sua solidão cúmplice e de sua doença força e verdade.
“Sim! Eu sei muito bem de onde venho!
Insaciável como a chama no lenho
Eu me inflamo e me consumo.
Tudo que eu toco vira luz
Tudo que eu deixo, carvão e fumo.
Chama eu sou, sem dúvida.”
(Ecce homo)
Depois de ler ECCE HOMO logo se sente o poder da satisfação e a alma tomando a forma de uma montanha.