Helen Keller
Helen Keller nasceu em 27 de junho de 1880 em Tuscumbia, Alabama, numa família tradicional do Sul dos Estados Unidos. Seu pai, Arthur Keller, era militar, tendo o posto de capitão. Era pessoa de certa influência em sua comunidade, sendo inclusive editor do Jornal da cidade, o diário “The Tuscumbia Alabamian”. Como político chegou a ser governador do Alabama em 1685.
Helen Keller foi um dos maiores exemplos de que as deficiências sensoriais não impedem a obtenção do sucesso. Ela foi uma extraordinária mulher, que perdeu os sentidos da visão e da audição quando ainda era uma criança, devido a uma febre cere-bral, possivelmente provocada por escarlatina.
Não obstante, superou todos os obstáculos, tornando-se uma das mais notáveis personalidades do nosso século. Privada da visão e da audição ela desenvolveu uma extraordinária sensibilidade cinestésica que lhe permitiu perceber o movimento dos pássaros através dos cascos e dos galhos das árvores dos parques por onde ela passeava.
Tornou-se uma célebre escritora, filósofa e conferencista. O trabalho que desenvolveu em favor das pessoas portadoras de deficiência física é considerada uma das maiores obras humanitárias de todos os tempos.
Helen Keller teve como professora a não menos extraordinária Anne Sullivan. A história do encontro entre as duas é contada na peça The Miracle Worker, de William Gibson, e também retratada no cinema através do filme O Milagre de Anne Sullivan, de 1962, dirigido por Arthur Penn.
Esse filme conta a história dessas duas fantásticas criaturas. Nessa história é possível verificar a grandeza do ser humano e a energia que ele possui quando realmente se propõe a realizar uma missão.
Anne Sullivan era uma professora especializada no ensino de pessoas deficientes de visão. Ela havia estudado na Escola Perkins para Cegos (Perkins School for the Blind), pois ela mesma havia sido privada da visão quando criança, mas a recuperou a depois várias operações. Ela foi indicada para ser professora de Helen Keller por Alexander Graham Bell, o famoso inventor do telefone, que era amigo do pai de Helen.
Em 1904 Helen Keller graduou-se bacharel em filosofia pelo Radcliffe College, instituição que a agraciou com o prêmio Destaque a Aluno, no aniversário de cinquenta anos de sua formatura. O Radcliffe College é o correspondente feminino da famosa Universidade de Harvard, onde muitos americanos famosos se graduaram. Ter uma rilha formada por essa universidade é o sonho de muitas famílias americanas.
Helen Keller falava vários idiomas, entre os quais francês, latim e alemão. Por sua obra fantástica foi agraciada com diversos títulos e diplomas das mais honorárias diversas instituições mundiais, como a universidade de Harvard e diversas outras universidades pelo mundo afora, na Escócia, Alemanha, Índia e África do Sul, entre outras.
Em 1952 foi nomeada Cavaleiro da Legião de Honra da França, distinguida honraria concedida pelo governo francês à personalidades ilustres.
No Brasil ela foi condecorada com a Ordem do Cruzeiro do Sul; no Japão, com a do Tesouro Sagrado. Foi também membro honorário de várias sociedades científicas e organizações filantrópicas nos cinco continentes, tornando-se uma verdadeira cida-dã do mundo.
Em 1902 publicou sua própria autobiografia. A História da Minha Vida, pela própria Helen Keller, tornou-se um grande best-seller. Trabalhou também como jornalista, escrevendo artigos para um jornal feminino chamado The Ladies Home Journal. Seu talento como escritora tornou fez seu nome mundialmente conhecido e respeitado.
A história de Helen Adams Keller é uma história de superação, crença em poder maior e uma incomensurável confiança na capacidade do homem de vencer os obstáculos e atingir seus objetivos quando ele coloca em sua vida um sentido de missão.
Seu trabalho como escritora serviu de inspiração para milhões de pessoas, tornando-se literatura obrigatória na área de autoajuda. Sua extensa obra inclui vários livros e ensaios, entre os quais destacamos:
“Otimismo - um ensaio”
“A Canção do Muro de Pedra”
“O Mundo em que Vivo”
“Lutando Contra as Trevas” (Minha professora Anne Sulli-van Macy).
“Minha Religião”
“Minha Vida de Mulher”
“Paz no Crepúsculo”
“Helen Keller na Escócia”
“O Diário de Helen Keller”
“Vamos ter Fé”
“Dedicação de Uma Vida”
“A Porta Aberta”
Seus livros foram traduzidos para diversas línguas. Foi considerada uma das personalidades mais interessantes do século XIX pelo famoso escritor Mark Twain. Dela William James, o famoso filósofo, escreveu: “Mas o que quer que você tenha sido ou é, você é uma benção. Sou capaz de matar a quem disser que não”.
A luta de Helen Keller foi no sentido de prover as necessidades das pessoas cegas e surdo-cegas. Desde sua juventude, sempre trabalhou para angariar fundos para ajudar materialmente e levantar a autoestima das pessoas deficientes, mostrando a elas que, não obstante essas deficiências, elas poderiam vencer.
Em 1921 participou ativamente da fundação do American Foundation for the Blind, famosa instituição americana que se propôs a trabalhar para minorar o sofrimento dos cegos em todo o mundo. De 1924 até sua morte ela participou da administração dessa Entidade, servindo como conselheira em relações internacionais e nacionais. O “Fundo Helen Keller”, campanha que angaria recursos em todo o mundo para realizar pesquisas, cirurgias e financiar tratamentos para pessoas cegas é uma das maiores reali-zações dessa Organização. Grande parte desses fundos foi obtido por ela com suas palestras, cursos e direitos autorais, que ela destinava á obra.
Mas o trabalho de Helen Keller não se restringia aos deficientes visuais norte americanos. Ela mantinha um particular inte-resse pelas pessoas cegas das nações subdesenvolvidas. Especialmente os que ficavam cegos em virtude das guerras, já que ela viveu num período em que o mundo sofreu duas guerras mundiais e ela viu de perto o sofrimento das pessoas que perderam a visão em decorrência desses conflitos.
Em 1946 a Imprensa Braille Americana transformou-se numa ONG chamada American Foundation for Overseas Blind (hoje Helen Keller International Incorporated). Helen Keller logo assumiu o importante posto de conselheira para relações interna-cionais dessa Organização. Nessa condição ela viajou o mundo inteiro realizando conferências em beneficio dos cegos, o que a tornou uma das pessoas mais conhecidas e respeitadas do mundo.
Esteve no Brasil em 1953 a convite oficial do governo brasileiro e da Fundação para o Livro do Cego. Realizou visitas e palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo e seu exemplo estimulou e deu grande impulso ao trabalho com deficientes visuais no Brasil.
A última aparição de Helen Keller em público foi num encontro do Lions Club de Washington, D.C. O Lions Clube Internacional sempre foi um grande parceiro de suas iniciativas em prol dos cegos em todo o mundo. O próprio Lions Internacional é um baluarte na ajuda aos deficientes visuais em todo o mundo. Nesse encontro ela recebeu o “Prêmio Humanitário Lions” por uma vida inteira dedicada ao serviço da humanidade. Na verdade, ela foi a grande inspiradora dessa Organização no seu trabalho com os cegos.
Helen Keller faleceu em 19 de junho de 1968, em sua casa, conhecida como “Arcan Ridge”. Faltavam algumas semanas para completar 88 anos. Suas cinzas foram depositadas no lado das de Anne Sullivan Macy e Polly Thomson na Capela de São José, na Catedral de Washington.
No seu funeral o Senador Lister Hill, do Alabama, leu a seguinte mensagem: “Ela viverá; ela foi um das poucas pessoas que não nasceram para morrer. Seu espírito perdurará enquanto o homem puder ler e a história sobre a mulher que mostrou ao mundo que não existem limitações para a coragem e a fé, puder ser contada”.
Seus pensamentos e ensinamentos são ainda hoje fonte de sabedoria e inspiração para milhões de pessoas no mundo todo. Por isso ela é o protótipo mais perfeito do arquétipo do Mestre.
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DO LIVRO 4S- NO PRELO