A hospedeira - The host - Stephenie Meyer

LIVRO RESENHADO: Meyer, Stephenie, 1973 – A hospedeira/ Stephenie Meyer, tradução Renato Aguiar – Rio de Janeiro: Intrínseca, 2009, 560 páginas.

Autor: Breno Rafael de Souza Gomes

INFORMAÇÕES DA AUTORA

Stephenie Sonnibe frequentou a escola Chaparral High School, em Scottsdale, Arizona, e cursou literatura inglesa na Universidade Brigham Young, em Provo, Utah, onde se formou em 1995. Outras obras:

Meyer, Stephenie, 1973 – Crepúsculo/ SStephenie Meyer, tradução Ryta Vinagra – Rio de Janeiro: Intrinseca, 2009, 290 páginas.

RESUMO DA OBRA

A partir de uma breve sinopse, tem-se a impressão de estar lendo uma ficção cientifica maçante com um tema já muito explorado que é a dominação da raça humana por alienígenas. No entanto, com o desenrolar da historia, vê-se que ela trata de um romance inusitado.

"É um livro de ficção científica que não parece ficção científica - é sobre um triângulo amoroso com apenas dois corpos. O que mais gostei nesse livro foi de explorar o amor de ângulos tão diferentes. O amor pela comunidade, pelo próprio ´eu´, pela família - o amor romântico e o amor platônico." – são as palavras da autora Stephenie Meyer

A hospedeira mistura ficção e romance de uma maneira muito diferente. É justamente por isso que a leitura tende a convencer de um modo natural do inicio ao fim, nunca dando a impressão de que aquela situação é imprevisível demais para ser verdade.

Melanie stryder se recusa a desaparecer. Nosso planeta foi dominado por um inimigo que não pode ser detectado. Os humanos se tornaram hospedeiros dos invasores: suas mentes são extraídas, enquanto seus corpos permanecem intactos e prosseguem suas vidas aparentemente sem alteração.

A maior parte da humanidade sucumbiu a tal processo.

Quando Melanie, um dos humanos "selvagens" que ainda restam, é capturada, ela tem certeza de que será seu fim. Peregrina, a "alma" invasora designada para o corpo de Melanie, foi alertada sobre os desafios de viver dentro de um ser humano: as emoções irresistíveis, o excesso de sensações, a persistência das lembranças e das memórias vívidas. Mas há uma dificuldade que Peregrina não esperava: a antiga ocupante de seu corpo se recusa a desistir da posse de sua mente.

Peregrina investiga os pensamentos de Melanie com o objetivo de descobrir o paradeiro dos remanescentes da resistência humana. Entretanto, Melanie ocupa a mente de sua invasora com visões do homem que ama: Jared, que continua a viver escondido. Incapaz de se separar dos desejos de seu corpo, Peregrina começa a se sentir intensamente atraída por alguém a quem foi submetida por uma espécie de exposição forçada. Quando os acontecimentos fazem de Melanie e Peregrina improváveis aliadas, elas partem em uma busca incerta e perigosa do homem que ambas amam.

No prólogo que é narrado em terceira pessoa, a autora introduz o tema lentamente, mostrando o processo de inserção dos corpos alienígenas nos hospedeiros humanos. No livro, os corpos alienígenas são denominados de almas, algo muito sugestivo e bem aceitável até porque para nós, a alma é aquela que dá comando ao corpo e nesse sentido as almas alienígenas ocupam o espaço da alma humana suprimindo-as e tomando para si todas as memórias e conhecimentos adquiridos. Num breve diálogo, Fords águas profundas, uma alma denominada de Curandeiro e responsável pela inserção, diz para seus observadores que está inserindo uma verdadeira Peregrina que já esteve em mais de 7 planetas nos mais diversos hospedeiros e como não poderia deixar de ser diferente, essa alma assim como todas as outras é justa e amigável – é assim que elas são descritas do inicio ao fim, algo muito contraditório já que submetem a humanidade e tais processos.

E se dá o início do livro.

No primeiro capítulo, existe o conflito interno entre a Peregrina e a Alma que habitava o corpo humano. Não era para ser assim. Melanie Stryder continua viva dentro de seu corpo, mesmo com a inserção da nova alma alienígena. Peregrina torna a narração em primeira pessoa mostrando o quão difícil é o processo de adaptação tomando para si todas as memórias e conhecimentos prévios e é ai que ela lembra a partir das memórias de Melanie porque estava ali, já que Melanie tentou suicidar-se para não se tornar um corpo hospedeiro. Não bastando todo esse sofrimento, há também as memórias amorosas, as preocupações e os medos de Melanie que parecem estar atrelados ao pensamento de Peregrina. Ela lembra-se de Jared, o homem a quem Melanie amou e Jamie – seu irmão a quem ela intensamente buscou protegê-lo.

Isso, de um modo não tão difícil de concluir lhe trará vários problemas.

Não bastasse todo esse conflito entre ela e memórias que não são suas, ela vê-se encurralada por uma alma denominada Buscadora – que são almas suficientemente capazes de mentir e a sua Buscadora parece muito interessada ou desconfiada de que Melanie ainda estar viva dentro de sua cabeça por isso tende a persegui-la mostrando um outro conflito no livro.

Enquanto lutada consigo mesma e Melanie que a odeia por ter tomado o seu corpo, Peregrina por ter vivido em vários planetas torna-se professora de uma universidade contando suas causas, embora isso não parece tão interessante para ela.

Ao poucos, em diálogos entre ela e Melanie que habita o seu corpo, Peregrina começa a compreender todas as suas emoções e chega a confundi-las como se fossem dela mesma. O amor que Melanie sente por Jered, por Jamie ou por toda a sua família é tão real que ela luta consigo para não entregá-los aos buscadores. Então parte em busca da sua família – da família de Melania.

Peregrina vaga pelo deserto, mapeando através das memórias de Melanie o esconderijo dos humanos remanescentes e é encontrada por eles. O que ela não poderia saber, era que os humanos que estão servindo de hospedeiros para as almas são visivelmente detectados já que seus olhos os denunciam graças a uma camada de diferente coloração.

Os humanos tratam-na mal, embora Jeb - o tio de Melanie – acredite que ainda há esperança para a sobrinha. Aos poucos, ela começa a conquistar a confiança de Jeb, Jamie, Ian e Walter.

A vida na comunidade começa a mudar, todos tomam conhecimento da existência de Melanie que ainda mantém contato no corpo que agora é de Peregrina e isso facilita de alguma forma para que ela seja aceita por alguns. No entanto, Jared parece não acreditar nisso. Pelo contrário, Ian se se apaixona por Peregrina e não pelo corpo que ela habita – ele apaixona-se pela pessoa que emite aquelas palavras, por seus pensamentos, suas convicções.

Peregrina também percebe que sente algo por ele, mas as emoções desse corpo não permitem que ela sinta igualmente, porque Melanie é inteiramente apaixonada por Jared e isso é imutável sob aquela perspectiva.

Quando o tempo passa, e Peregrina ver de perto a morte de Walter, um dos que lhe aceitaram com facilidade, ela começa a entender as emoções humanas e percebe porque nunca esteve tão ligada emocionalmente a algo já que em outros planetas jamais experimentara tais situações e sentimentos.

Ela também entra em conflito, quando percebe que Jamie está para morrer e se arrisca junto de Jared para salvá-lo em busca de medicamentos. Com a missão bem sucedida, ela prova para eles que os ama de tal forma que seria capaz de trair os próprios de sua espécie.

No fim, quando sua buscadora é capturada pelos humanos, Peregrina decide que é hora de abandonar seu corpo devolvendo Melanie a sua família, mas agora, Melanie acha que Peregrina é importante demais para aquela comunidade, mas nada muda a convicção de Peregrina que não consegue pensar unicamente nela – ela sempre coloca os outros a frente.

Ela é retirada daquele corpo e isso deveria ser o seu fim.

Porém, ela é colocada em outra hospedeira e se liberta do amor que Melanie sentia por Jared ficando assim, livre para Ian – aquele que a amou mesmo sendo ela seu inimigo.

CONCLUSÃO

Sephenie destaca o amor sob todos os pontos de vista do livro e é isso que suprime o conceito de ficção cientifica. Ela mesma cita em sua dedicatória que agradece a sua mãe por dizer que o amor é a parte melhor de qualquer historia e realmente vê-se isso em todas as páginas descritas do inicio ao fim com uma linguagem coerente e pausadamente detalhista.

Ela mostra que mesmo pertencendo a uma raça – o que é umotivo para que ela jamais traísse – a peregrina abre portas para novas visões e perspectivias. É como o conceito de idéias que nos vêmpredefinidas e que quase nunca paramos para refletir sobre tais temas. Assim, a leitura faz com que o leitor reflita se deve-se mesmo continuar seguindo por caminhos já pré-estabelecidos ou escolher o seu próprio, o que o faria sentir-se bem consigo mesmo.

O que mais me atraiu num todo, é o fato de que mesmo podendo escolher situações que a beneficiariam, Peregrina não pensa dessa forma, ela busca um bem maior sem esperar retribuições, sem egoísmo. É um senso de justiça atraente e quase impossível de se existir.

COMENTÁRIO

Embora a leitura seja atraente, a escritora abusa de temas muito explorados em seus outros romances como o fato do amor imutável. Como se ninguém pudesse se apaixonar por outra pessoa que não fosse a primeira que a lhe atraiu. Mesmo surgindo situações muito convincentes para ma reviravolta do enredo, ela insiste em justificar mantendo a linearidade. Esse é uma característica do Romantismo que é basicamente isso. A linearidade de personagens embora alguns quebrem esse conceito mudando no decorrer da historia. O final é previsível sob esse ponto de vista.

Breno Gomes
Enviado por Breno Gomes em 10/11/2010
Reeditado em 10/11/2010
Código do texto: T2607767