I- O ARQUÉTIPO DO VISIONÁRIO

Imagem: Walt Disney, um protótipo perfeito do arquétipo visionário.

O cérebro do homem é o útero do mundo. Não existe realização humana que não tenha sido engendrada nessa maravilhosa incubadora natural que Deus colocou dentro de nossa cabeça.
A imaginação é a semente de toda realização. Alimentada pelos adubos da cora-gem, regada pelas águas da determinação, podada e protegida contra as pragas do desânimo, da preguiça, do medo e da irresponsabilidade, ela cresce e produz os frutos do sucesso, na medida certa e desejada por nós.
Por isso, jamais devemos temer as nossas visões internas. Ao contrário, devemos dar a elas a chance de se tornarem verdadeiros projetos. 
O responsável pelas nossas grandes ideias é o que nós chamamos de Arquétipo Visionário. Todos os insighs, as iluminações, as ‘eurekas” que fazem os gênios e os homens de sucesso são inspiradas por esse arquétipo.
O Arquétipo Visionário tem duas facetas igualmente importantes e complementa-res: a mente inconsciente e a mente consciente. Enquanto a mente inconsciente gera, a mente consciente organiza, revisa e transforma a ideia num plano exequível e prático. Uma não realiza nada sem a outra. Por isso a razão deve andar de braços dados com a imaginação.
Todos os planos, as arquiteturas mentais, os raciocínios ― o manancial da inteli-gência humana― de início, são projeções da mente inconsciente. Isso quer dizer que quimeras, fantasias, sonhos, são feitos da mesma matéria prima que os produtos da nossa mente consciente. Para a mente inconsciente as coisas que imaginamos são tão reais quanto as vivências externas que o organismo experimenta diariamente. Ela simplesmente não distingue se são fantasias ou acontecimentos reais. Afinal de contas, são os mesmos neurônios que processam umas e outras. Por isso, o que acontece dentro de nós é tão importante quanto o que se passa na vida real, pois é no interior da mente que a nossa vida é planejada e não nas batalhas que lutamos diariamente.
Destarte, se analisarmos bem, veremos que a maioria das nossas limitações, em termos de comportamento, também são frutos da nossa imaginação. Projetamos imagens das nossas ações no futuro e a elas associamos as barreiras que imaginamos encontrar pelo caminho. Mas se o futuro ainda não existe no mundo real, então as barreiras que lá colocamos também são imaginárias. Todavia, às vezes elas nos aparecem como muros impenetráveis, tão reais como se já estivessem sido construídas e postas lá, á nossa frente. Nós as imaginamos e a nossa mente as interpreta como retratos fiéis da própria realidade.
Em tudo isso, a boa noticia é que, se a nossa mente assume como verdadeiras as nossas fraquezas, ela também pode assumir como verdadeiras as nossas forças, quando projetarmos para ela um estado dessa natureza.
Estados internos ricos de recursos podem ser canalizados através da nossa capa-cidade de imaginação. Afinal, tudo que fazemos na vida, é com a esperança de alcançar um estado interno agradável, o mais próximo possível do ideal. A felicidade, nesse sentido, pode ser entendida como um estado físico e mental no qual nós nos sentimos um ser no nível mais alto do seu desempenho. Isso explica porque há pessoas que se tornam adictas do sexo, das drogas, ou de comida; e também há quem pratique os mais estranhos rituais, ou busque realização nas diversas formas de arte ou profissão, sempre com a intenção de alcançar um estado interno de extrema satisfação psíquica. Do ponto de vista dessas pessoas, esses comportamentos lhes proporcionam picos máximos de prazer, no qual elas se sentem plenamente realizadas.
Não consigo acreditar que exista em nenhuma pessoa, ao nascer, qualquer pre-disposição ou herança genética, que a obrigue a escolher determinada forma de resposta para dar aos desafios da vida. Tudo que lhe acontece é consequência das escolhas que ela faz na vida, e estas são formuladas com base no modelo interior de mundo que ela formata em sua mente. Esse é o único conceito de carma que me parece incontestável.
Da mesma forma que nos modelos mentais que adotamos estão traçados os ca-minhos que podem levar uma pessoa ao mais terrível destino, o mapa do tesouro e a estrada da felicidade nele também estão assinalados. Por isso, vou repetir o conselho: tenha cuidado com os seus sonhos. Eles podem se transformar em realidade, quer você queira ou não. De repente, você pode sonhar tanto com determinada coisa que a sua mente acaba transformando o sonho em um plano, ou objetivo que precisa ser alcançado. E eis você correndo atrás de uma miragem, de uma quimera, de uma utopia. Mas também pode ser real. Você só saberá o quanto as coisas podem ser reais se tentar alcançá-las. Como bem observam Bandler e Grinder, a diferença entre uma pessoa normal e um esquizofrênico é que a primeira tem uma estratégia para diferenciar o que é real e o que não é, e a segunda não.
Tem outra coisa: tudo que nós sonhamos, ou desejamos ardentemente, acaba se tornando um comando para a nossa mente inconsciente. E de repente, aquele geniosinho que mora ali dentro resolve obedecer a esses comandos. Só que ele não sabe o que é ética, moral, preceitos religiosos, convenções sociais, etc., nem conhece leis e regulamentos. Daí a forma como ele tenta realizar os nossos sonhos pode não ser muito correta. E às vezes pode ser perigosa. Por isso é bom você começar a pensar seriamente nesse assunto.
Esse gênio da lâmpada que todos temos dentro de nós é o que chamamos de Ar-quétipo Visionário. Ele existe justamente para isso: para nos dar ideias. Para alimentar os nossos sonhos. Para gerar a essência que formata o nosso Eu. Respeite-o e ele será o seu mais leal e firme aliado. Nos textos que se seguem vamos mostrar como é a estrutura desse arquétipo, como ele se comporta e sugerir algumas técnicas para acessá-lo com mais eficiência e qualidade.
(continua)
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DO LIVRO "ARQUÉTIPOS"- (TÍTULO PROVISÓRIO), NO PRELO
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 05/11/2010
Reeditado em 05/11/2010
Código do texto: T2598169
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