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O pássaro da alma
Sempre que escolho presente, escolho pensando em mim, no que gosto de ganhar.Para falar bem a verdade gosto de ganhar qualquer coisa, pois o gesto é sempre mais importante que o objeto em si, mas tenho sido muito previsível: salvo brinquedos para crianças, tenho escolhido sempre livro, cd ou dvd.
Livro, filme ou cd, escolho sempre autores que conheço, filmes que recomendo, artistas que gosto de ouvir e livros que já li ou que gosto de ler.Creio que assim, a chance de errar será mínima.
Dia desses escolhi um livro que mais parece um cartão.Dizia a mini resenha do catálogo da editora que podia parecer um livro para crianças mas que também um adulto poderia gostar.Comprei o livro, pois a criança que me habita adorou. E assim que tive oportunidade, voltei a livraria e comprei mais um exemplar, para presentear um amigo querido.
O livro simples, de linguagem clara, parece que nos pede para ser lido em voz alta. Diz exatamente do sentimento que devemos cultivar que é ouvir nossa alma, dar valor e importancia ao que vivemos e sentimos, já que na nossa vida corrida pouco se ouve a própria voz, menos ainda a voz do coração, ou do "pássaro" da alma.
Mas, esperança nossa - "Há quem o ouça muitas vezes.Há quem o ouça raras vezes,e há quem o ouça uma única vez na vida." Certamente que ningúem se arrependerá de, pelo menos uma vez, dá ouvidos a alma.
Sei apenas que o amigo para quem escolhi o livro ouve sim a sua alma e nos presenteia sempre com textos maravilhosos, em prosa ou verso, que alimentam a alma de quem o lê.
E aqui, além de uma sinopse e de nota sobre a autora, na integra, o texto que parece um cartão de mensagem mas que alimentou a minha alma com reflexões singelas, leves mas de sabedoria única.
Sinopse
Desta obra pouco se poderá dizer pois é pura e simplesmente belíssima. Um livro para todas as idades que nos explica de forma poética e única o que é a alma. É um texto essencial num mundo que muitos criticam pela crescente falta de valores e de uma moral. Este livro apela a um conhecimento do nosso mais íntimo e profundo sentir, explicando por via desse pássaro, clara metáfora, aquilo que sentimos, como o sentimos e porque o sentimos. Pela singeleza do conteúdo e pela estética do arranjo dos desenhos de Naama Golomb, é uma obra que tem ganho, desde a sua publicação em 1993, uma reputação internacional que levou a que fosse traduzida em mais de vinte cinco línguas, e em todos os países recebeu prémios e veio a tornar-se best-seller. O livro recebeu o primeiro Prémio Internacional, da Fundação Espaço Crianças em Genebra.
Michal Snunit, autora israelita, atingiu a fama com esta obra e, daí para cá produziu dezenas de livros dentro do mesmo estilo que receberam inúmeros prémios em todo o mundo. Tem sido considerada uma das melhores escritoras infantis contemporâneas e a sua obra originalmente destinada aos mais pequenos tem vindo a ser lida por adultos com o mesmo prazer.
http://www.novavega.pt/Book.aspx?id=100
O pássaro da alma
Michal Snunit
"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que existe.
E não só sabem que existe,
como também sabem o que lá tem dentro.
Dentro da alma, lá bem no centro,
pousado numa pata, está um pássaro.
E o nome desse pássaro é o Pássaro da Alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos :
Quando alguém nos magoa,
o pássaro da alma agita-se para lá e para cá
em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
o pássaro da alma dá pulinhos de contente,
para trás e para a frente, vai e vem.
Quando alguém nos chama,
o pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz
a fim de reconhecer que tipo de apelo é.
Quando alguém se zanga conosco,
o pássaro da alma recolhe-se
dentro de si, tristonho e silencioso.
E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
começa a crescer, crescer,
até encher quase todo o espaço dentro de nós,
tão bom para ele é o abraço.
Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca, nunca veio ao mundo alguém
que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
e não nos larga
- Nem uma só vez –
até o fim da vida.
Como o ar que o homem respira
desde a hora em que nasce até à hora em que morre.
Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.
Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
é o único capaz de abrir as gavetas dele.
Como ?
Pois isso também é muito simples:
Com a segunda pata.
O pássaro da alma está pousado numa pata,
e com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –
roda a chave da gaveta que quer abrir,
puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela
sai em liberdade para dentro do corpo.
E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
o pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
uma gaveta que quase nunca abrimos.
E há mais gavetas.
Vocês podem juntar todas as que quiserem.
Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
as chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir
a gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação,
Abre-lhe a gaveta da fala,
E ela desata a falar, a falar sem querer.
Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente
- e em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego
que faz com que ela se enerve.
E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
e às vezes dá-lhe trabalhos...
Agora já compreendemos que cada homem
é diferente do seu semelhante
por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.
O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria,
e a alegria jorra para dentro do corpo e o dono dele fica feliz.
E quando o pássaro lhe abre a gaveta da raiva,
a raiva escorre de dentro dela e domina-o totalmente.
Até que o pássaro volte a fechar a gaveta
ele não pára de se zangar.
E quando o pássaro está de mau humor
abre gavetas que dão mal-estar.
E quando o pássaro está de bom humor
escolhe gavetas que fazem bem.
E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas dentro de nós.
Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.
Por isso vale a pena
talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
no fundo, lá bem no fundo do corpo. "
O pássaro da alma
Sempre que escolho presente, escolho pensando em mim, no que gosto de ganhar.Para falar bem a verdade gosto de ganhar qualquer coisa, pois o gesto é sempre mais importante que o objeto em si, mas tenho sido muito previsível: salvo brinquedos para crianças, tenho escolhido sempre livro, cd ou dvd.
Livro, filme ou cd, escolho sempre autores que conheço, filmes que recomendo, artistas que gosto de ouvir e livros que já li ou que gosto de ler.Creio que assim, a chance de errar será mínima.
Dia desses escolhi um livro que mais parece um cartão.Dizia a mini resenha do catálogo da editora que podia parecer um livro para crianças mas que também um adulto poderia gostar.Comprei o livro, pois a criança que me habita adorou. E assim que tive oportunidade, voltei a livraria e comprei mais um exemplar, para presentear um amigo querido.
O livro simples, de linguagem clara, parece que nos pede para ser lido em voz alta. Diz exatamente do sentimento que devemos cultivar que é ouvir nossa alma, dar valor e importancia ao que vivemos e sentimos, já que na nossa vida corrida pouco se ouve a própria voz, menos ainda a voz do coração, ou do "pássaro" da alma.
Mas, esperança nossa - "Há quem o ouça muitas vezes.Há quem o ouça raras vezes,e há quem o ouça uma única vez na vida." Certamente que ningúem se arrependerá de, pelo menos uma vez, dá ouvidos a alma.
Sei apenas que o amigo para quem escolhi o livro ouve sim a sua alma e nos presenteia sempre com textos maravilhosos, em prosa ou verso, que alimentam a alma de quem o lê.
E aqui, além de uma sinopse e de nota sobre a autora, na integra, o texto que parece um cartão de mensagem mas que alimentou a minha alma com reflexões singelas, leves mas de sabedoria única.
Sinopse
Desta obra pouco se poderá dizer pois é pura e simplesmente belíssima. Um livro para todas as idades que nos explica de forma poética e única o que é a alma. É um texto essencial num mundo que muitos criticam pela crescente falta de valores e de uma moral. Este livro apela a um conhecimento do nosso mais íntimo e profundo sentir, explicando por via desse pássaro, clara metáfora, aquilo que sentimos, como o sentimos e porque o sentimos. Pela singeleza do conteúdo e pela estética do arranjo dos desenhos de Naama Golomb, é uma obra que tem ganho, desde a sua publicação em 1993, uma reputação internacional que levou a que fosse traduzida em mais de vinte cinco línguas, e em todos os países recebeu prémios e veio a tornar-se best-seller. O livro recebeu o primeiro Prémio Internacional, da Fundação Espaço Crianças em Genebra.
Michal Snunit, autora israelita, atingiu a fama com esta obra e, daí para cá produziu dezenas de livros dentro do mesmo estilo que receberam inúmeros prémios em todo o mundo. Tem sido considerada uma das melhores escritoras infantis contemporâneas e a sua obra originalmente destinada aos mais pequenos tem vindo a ser lida por adultos com o mesmo prazer.
http://www.novavega.pt/Book.aspx?id=100
O pássaro da alma
Michal Snunit
"No fundo, bem lá no fundo do corpo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que existe.
E não só sabem que existe,
como também sabem o que lá tem dentro.
Dentro da alma, lá bem no centro,
pousado numa pata, está um pássaro.
E o nome desse pássaro é o Pássaro da Alma.
E ele sente tudo o que nós sentimos :
Quando alguém nos magoa,
o pássaro da alma agita-se para lá e para cá
em todos os sentidos dentro do nosso corpo, sofre muito.
Quando alguém nos ama,
o pássaro da alma dá pulinhos de contente,
para trás e para a frente, vai e vem.
Quando alguém nos chama,
o pássaro da alma põe-se logo à escuta da voz
a fim de reconhecer que tipo de apelo é.
Quando alguém se zanga conosco,
o pássaro da alma recolhe-se
dentro de si, tristonho e silencioso.
E quando alguém nos abraça, o pássaro da alma
que mora no fundo, bem lá no fundo do nosso corpo,
começa a crescer, crescer,
até encher quase todo o espaço dentro de nós,
tão bom para ele é o abraço.
Dentro do corpo, no fundo, bem lá no fundo, mora a alma.
Ainda não houve quem a visse,
mas todos sabem que ela existe.
E ainda nunca, nunca veio ao mundo alguém
que não tivesse alma.
Porque a alma entra dentro de nós no momento em que nascemos
e não nos larga
- Nem uma só vez –
até o fim da vida.
Como o ar que o homem respira
desde a hora em que nasce até à hora em que morre.
Decerto querem também saber de que é feito o pássaro da alma.
Ah, isso é mesmo muito fácil:
É feito de gavetas e mais gavetas.
Mas não podemos abrir as gavetas de qualquer maneira,
pois cada uma delas tem uma chave para ela só!
E o pássaro da alma
é o único capaz de abrir as gavetas dele.
Como ?
Pois isso também é muito simples:
Com a segunda pata.
O pássaro da alma está pousado numa pata,
e com a outra – que em descanso está dobrada sob a barriga –
roda a chave da gaveta que quer abrir,
puxa pelo puxador, e tudo o que está dentro dela
sai em liberdade para dentro do corpo.
E como tudo o que sentimos tem uma gaveta,
o pássaro da alma tem imensas gavetas.
A gaveta da alegria e a gaveta da tristeza.
A gaveta da inveja e a gaveta da esperança.
A gaveta da desilusão e a gaveta do desespero.
A gaveta da paciência e a gaveta do desassossego.
E mais a gaveta do ódio, a gaveta da cólera e a gaveta do mimo.
A gaveta da preguiça e a gaveta do vazio.
E a gaveta dos segredos mais escondidos,
uma gaveta que quase nunca abrimos.
E há mais gavetas.
Vocês podem juntar todas as que quiserem.
Às vezes uma pessoa pode escolher e indicar ao pássaro
as chaves a rodar e as gavetas a abrir.
E outras vezes é o pássaro quem decide.
Por exemplo: a pessoa quer estar calada e diz ao pássaro para abrir
a gaveta do silêncio. Mas ele, por auto-recriação,
Abre-lhe a gaveta da fala,
E ela desata a falar, a falar sem querer.
Outro exemplo: a pessoa quer escutar pacientemente
- e em vez disso ele abre-lhe a gaveta do desassossego
que faz com que ela se enerve.
E acontece que a pessoa tenha ciúmes sem qualquer motivo.
E que estrague justamente quando mais quer ajudar.
Porque o pássaro da alma nem sempre é disciplinado
e às vezes dá-lhe trabalhos...
Agora já compreendemos que cada homem
é diferente do seu semelhante
por causa do pássaro da alma que tem dentro de si.
O pássaro que em certas manhãs abre a gaveta da alegria,
e a alegria jorra para dentro do corpo e o dono dele fica feliz.
E quando o pássaro lhe abre a gaveta da raiva,
a raiva escorre de dentro dela e domina-o totalmente.
Até que o pássaro volte a fechar a gaveta
ele não pára de se zangar.
E quando o pássaro está de mau humor
abre gavetas que dão mal-estar.
E quando o pássaro está de bom humor
escolhe gavetas que fazem bem.
E o mais importante – é escutar logo o pássaro.
Pois acontece o pássaro da alma chamar por nós, e nós não o ouvirmos.
É pena. Ele quer falar-nos de nós próprios.
Quer falar-nos dos sentimentos que estão encerrados nas gavetas dentro de nós.
Há quem o ouça muitas vezes.
Há quem o ouça raras vezes,
E há quem o ouça
Uma única vez na vida.
Por isso vale a pena
talvez tarde pela noite, quando o silêncio nos rodeia,
escutar o pássaro da alma que mora dentro de nós,
no fundo, lá bem no fundo do corpo. "