A casa colorida
Li de um fôlego A casa colorida, o livro de Mluiza Martins. Às vezes suas paredes são diáfanas; às vezes de cores esmaecidas ou mesmo obscuras e de cores cinzas. Mas acima de tudo, humana. Demasiadamente humana. Não é uma casa só de afirmações, tem indagações. Algumas respostas, algumas certezas, e dúvidas. Ela escreve o que sente, o que pensa, escreve com alma e se desnuda em prosa enxuta. Às vezes podemos caminhar com ela, de mãos dadas. Às vezes ela nos afasta, quer a solidão, ou a companhia somente das palavras que emergem de seu interior. Não vou contar, nem decifrar esse enigma (nem sei se conseguiria), melhor deixar que cada um tire suas conclusões. Mas deixo aqui alguns fragmentos, para aguçar a curiosidade dos leitores e leitoras:
“Por cada janela que se abria entrava uma cor como rio de sol”. A casa colorida.
“... antevejo o vento mexendo suave na cortina e sei como esse movimento faz surgir e espraiar o bem estar no ambiente”. A cortina de cassa.
“Não sei porque gosto tanto dele. Ele me desviou da felicidade”. A porta ao lado.
“O invejoso não ganha nada. Só destrói o que ambiciona”. Cartas na mesa.
“Às vezes basta uma mão quente e viva trocando com a minha o silêncio de palavras”. Às vezes basta um peito...
“Sou tão livre que só gosto de caderno sem pauta”. Caderno pautado.
“A flor é meiga como a menina desabrochando no despertar da mulher”. A flor e o fruto.
“Por que trajo estas roupas que não me dizem nada de mim mesma? (...) Por que me ignoraram como se eu fosse um ato de magia paralela? (...) Nua e desprendida. Nada levo. Nada deixo. Eu quero a poeira do deserto”. A mulher de El Cid.
“O encantamento mexeu comigo (...) Será que merecia tanta beleza num só dia?”. O táxi amarelo.
“Sou eu que não sou hoje”. Dia seguinte.
“... o que está forte em mim é estar exilada de mim à força”. Lápis e o papel.
“Penso que talvez sejam muitas pedras amontoadas e reviradas dentro de mim...” A rede na janela.
“Só sei que minha alma e essência foram adoçadas de uma maciez mais suave e maravilhosa que o toque da nuvem...” A felicidade.
E arremata:
“No início a cidade é um lugar (...) resultando ser uma cidade ou um lugar o nascedouro precioso da alma do indivíduo (...) Hoje eu digo que eu sou o lugar (...) não importa onde eu precise estar (...) que me fez ser através das cidades onde vivi...”
Entrem e fiquem à vontade, pois A casa colorida de Mluiza Martins está de portas abertas.
Li de um fôlego A casa colorida, o livro de Mluiza Martins. Às vezes suas paredes são diáfanas; às vezes de cores esmaecidas ou mesmo obscuras e de cores cinzas. Mas acima de tudo, humana. Demasiadamente humana. Não é uma casa só de afirmações, tem indagações. Algumas respostas, algumas certezas, e dúvidas. Ela escreve o que sente, o que pensa, escreve com alma e se desnuda em prosa enxuta. Às vezes podemos caminhar com ela, de mãos dadas. Às vezes ela nos afasta, quer a solidão, ou a companhia somente das palavras que emergem de seu interior. Não vou contar, nem decifrar esse enigma (nem sei se conseguiria), melhor deixar que cada um tire suas conclusões. Mas deixo aqui alguns fragmentos, para aguçar a curiosidade dos leitores e leitoras:
“Por cada janela que se abria entrava uma cor como rio de sol”. A casa colorida.
“... antevejo o vento mexendo suave na cortina e sei como esse movimento faz surgir e espraiar o bem estar no ambiente”. A cortina de cassa.
“Não sei porque gosto tanto dele. Ele me desviou da felicidade”. A porta ao lado.
“O invejoso não ganha nada. Só destrói o que ambiciona”. Cartas na mesa.
“Às vezes basta uma mão quente e viva trocando com a minha o silêncio de palavras”. Às vezes basta um peito...
“Sou tão livre que só gosto de caderno sem pauta”. Caderno pautado.
“A flor é meiga como a menina desabrochando no despertar da mulher”. A flor e o fruto.
“Por que trajo estas roupas que não me dizem nada de mim mesma? (...) Por que me ignoraram como se eu fosse um ato de magia paralela? (...) Nua e desprendida. Nada levo. Nada deixo. Eu quero a poeira do deserto”. A mulher de El Cid.
“O encantamento mexeu comigo (...) Será que merecia tanta beleza num só dia?”. O táxi amarelo.
“Sou eu que não sou hoje”. Dia seguinte.
“... o que está forte em mim é estar exilada de mim à força”. Lápis e o papel.
“Penso que talvez sejam muitas pedras amontoadas e reviradas dentro de mim...” A rede na janela.
“Só sei que minha alma e essência foram adoçadas de uma maciez mais suave e maravilhosa que o toque da nuvem...” A felicidade.
E arremata:
“No início a cidade é um lugar (...) resultando ser uma cidade ou um lugar o nascedouro precioso da alma do indivíduo (...) Hoje eu digo que eu sou o lugar (...) não importa onde eu precise estar (...) que me fez ser através das cidades onde vivi...”
Entrem e fiquem à vontade, pois A casa colorida de Mluiza Martins está de portas abertas.