O QUE O OLHAR NÃO DELIMITA, de Telma Maria Santos
Os campeões atuais de venda editorial são os livros de autoajuda e os relativos à espiritualidade. Esse fenômeno tem sido examinado por estudiosos, pois grandes obras da literatura universal e de importantes pesquisas científicas se encontram empoeiradas e excluídas da lista de leituras preferidas.
Eis que tenho em mãos para o trabalho de revisão a obra O que o olhar não delimita, uma compilação de artigos escritos pela Juíza Federal, Telma Maria Santos.
A cada passo que dei na leitura desses artigos muitas qualidades de uma verdadeira escritora resplandeceram à minha frente. São verdadeiramente tantas que seria difícil enfileirá-las neste parco comentário.
Algum roteiro, entretanto, terei que seguir e começo pelo marcante desempenho da articulista em termos de expressão linguística, riqueza vocabular, coerência, coesão e objetividade, além de outros itens presentes no texto de Telma Maria.
A fundamentação de O que o olhar não delimita é de uma exuberância impressionante, pois os textos arrolados na obra são lastrados em evidente domínio da escritora em várias áreas do conhecimento humano: Linguística, História, Biologia, Psicologia, Pedagogia, Psicopedagogia, Cultura helênica e, naturalmente, o Direito, sua área de atuação.
Embevece a mente do leitor sentir as ondulações magnéticas do tecido textual no qual a autora entremeia conhecimentos bíblicos, morais, éticos e estéticos para alcançar seu objetivo humanista. O texto é de rara beleza e se pode, mesmo sendo tão cientificamente estruturado, acompanhado de citações de renomados estudiosos e notas de rodapé, dizer que mantém características de primorosa prosa poética.
Nessa obra falam várias Telmas: a menina, a jovem, a amiga, a mulher, a juíza, a filósofa e a poeta. Como são igualmente belas as suas reflexões de mãe e de irmã, colega e observadora da vida. Seu olhar transcende e se alça em voos de extrema potência e envergadura.
Cada artigo da obra aqui comentada é uma lição de verdadeira humanidade, de virtudes, de cidadania, de comprometimento e de amor ao próximo. De cristandade. E a autora o consegue sem apelar para frases de efeito, vazias de significado. Pelo contrário, escreve como uma deusa das palavras, do método e da lógica que levam a conclusões importantes e indispensáveis para o enfrentamento da vida.
Por suas alusões ao Direito, a obra a ser lançada deve ser leitura obrigatória para todos que estudam ou lidam nesta área. De toda sorte, vale frisar que é texto indispensável a qualquer pessoa inteligente, sensata e preocupada em refinar o seu comportamento social e sua vida espiritual.