CAPÍTULO I
O MUNDO ANTERIOR
A tradição egípcia
Houve uma época na vida da humanidade em que os povos tinham consciência da unidade do universo e sabiam que o céu e a terra haviam sido construídos como se tudo constituísse uma única estrutura onde um era complemento do outro. Ambos refletiam a Consciência Maior que os havia gerado. Era um mundo unificado por dentro e por fora, onde tudo estava em tudo, o que estava dentro era igual ao que estava fora, o que estava em baixo era igual ao estava em cima, e dessa forma o cosmo se mantinha em perfeito equilíbrio.
No antigo Egito esse equilíbrio era mantido pela prática da Maat, ou seja, o viver de forma virtuosa, praticando a verdadeira justiça. Maat era uma deusa do panteão egípcio, mas também simbolizava a moral e da virtude que uma pessoa devia cultivar em vida para conseguir o beneplácito dos deuses no mundo do além túmulo. Assim, um coração limpo e puro, sem culpas nem ódios, devia ser a meta de todos aqueles que buscavam viver eternamente no território luminoso de Rá, a deidade maior do panteão egípcio, representada pelo disco solar.
Por isso, Maat era representada por uma linda jovem com uma pena na cabeça. Essa pena simbolizava a leveza de alma e a pureza de coração que a pessoa devia ter quando se apresentasse para o julgamento no Tribunal de Osíris. Nesse julgamento o indivíduo deveria saber recitar todos os hinos dedicados aos deuses e repetir o nome de todos eles. A cerimônia começava com a pesagem do coração do defunto. O órgão era colocado na balança de Anúbis, o deus com cabeça de chacal, que era o guardião das portas do mundo do além. De um lado da balança se colocava o coração, do outro lado a pena de Maat. Se o coração pesasse mais que a pena, imediatamente o individuo era atirado num labirinto escuro, onde uma serpente horrenda, chamada Apépi, o devorava. Se, por outro lado, o coração pesasse menos do que a pena, então o defunto era sabatinado acerca dos seus conhecimentos acerca dos mistérios do além túmulo. Era então intimado a recitar os hinos e repetir o nome dos deuses. Após essa sabatina, e se ela fosse favorável ao defunto, então ele era convidado a subir na Barca de Rá, o Deus do Sol Radiante, e nela atravessar a terra dos mortos, a Tuat, até o território luminoso que ficava do outro lado desse país de trevas e monstros horripilantes. Nessa viagem ele era guiado por Osíris, o Deus dos mortos.
A unidade do universo
Toda a vida do egípcio devia ser pautada por comportamentos virtuosos, segundo a moral da época e a cultura do país, mas percebe-se, por essas crenças, a importância que o conceito de virtude tinha para o equilíbrio do mundo antigo. Esse equilíbrio era recíproco tanto no céu como na terra. Se os deuses se comportassem mal no céu, a conseqüência se fazia sentir na terra e vice versa. Da mesma forma, se os homens não praticassem a virtude na terra, também o céu sofria os efeitos das travessuras humanas.
Isso era assim porque tudo estava em tudo; pois da mesma forma que era no céu também era na terra, o que estava em baixo era igual ao que estava em cima e o fora era igual ao dentro
Destarte, deuses e homens viviam em consonância, uns como reflexos e fiadores dos outros. Enquanto os homens praticassem os comportamentos adequados e executassem os rituais apropriados, os deuses os favoreciam, com colheitas seriam abundantes, saúde, paz e harmonia seriam constantes na terra. Assim era a vida nos primitivos mundos, das civilizações anteriores à nossa. E enquanto os deuses os favoreciam, os homens os honravam com preces, rituais, templos e homenagens. Essa era a antiga religião. Dessa forma, tudo transcorria em paz entre as duas estruturas, com o céu e a terra se comunicando e se sustentando mutuamente.
O Corpus Hermeticum
Como consta da Tábua de Esmeralda, clássico da literatura hermética, atribuído ao um personagem lendário chama-do Hermes Trismegistos. “É verdade, sem mentira, certo e verdadeiro, que assim como é baixo, também é em cima. E assim como é cima, também é em baixo. Por meio dessas coisas, os milagres de todas as coisas são feitos. E como todas as coisas são e vêm de Uma única coisa, todas as coisas são feitas pela mediação de Uma. Dela nascem. O sol é seu pai, a lua sua mãe. O vento a trouxe na barriga, a terra é sua ama e receptáculo. O pai de todos, o Thelema universal está aqui. Sua força e poder permanecem inteiros, convertidos em terra. Separe a terra do fogo, o sutil do bruto, lentamente, com habilidade. Ela ascende da terra e descende do céu; recebe sua força do superior e do inferior. Você terá por esse meio a glória do mundo e toda obscuridade se afastará de você. Ela é a força; conquistará todas as coisas sutis e penetrará todas as coisas sólidas. Assim o mundo foi criado. Dela virão admiráveis adaptações, pelos meios fornecidos aqui. Eu sou chamado Hermes Trismegistos, porque tenho a três partes da filosofia universal. O que eu disse da obra solar é a mais pura verdade.”
A Tábua de Esmeralda é um texto hermético escrito por um (ou alguns) alquimista nos primeiros séculos da era cris-tã. Ele fala das excelências da pedra filosofal e mostra como se pode obtê-la. A pedra filosofal é um sonho que vem acalentando a alma dos místicos desde a aurora dos tempos. No antigo Egito já se falava que todos os metais possuíam uma “alma comum”, ou seja, que todos eram feitos de uma mesma essência, e que somente os arranjos combinatórios de seus átomos é que lhes davam conformações diferentes. Assim, tratava-se de descobrir a fórmula primitiva segundo a qual eles eram constituídos. Essa fórmula, se descoberta, permitiria ao seu possuidor, não só efetuar transmutações de metais comuns em ouro, mas também dotar o operador de uma consciência superior, capaz de abarcar todos os mistérios do céu e da terra, além de conferir-lhe a imortalidade.
Antigas tradições sustentam que os sacerdotes de Heliópolis, antigo santuário egípcio, haviam descoberto essa fórmula, razão pela qual havia tanta abundância desse metal no antigo Egito. Dai o texto ser assinado pelo lendário personagem chamado Hermes Trismegisto, tido como fundador das primeiras civilizações instaladas na terra.
Hermes teria ensinado aos seres humanos não só os rudimentos de todas as ciências, mas também uma sabedoria secreta que somente alguns iniciados poderiam conhecer. Por isso essa ciência ficou conhecida como hermética.
Hermes Trismegisto (Hermes Trismegistus em latim), significa três vezes nascido. Esse é o nome que lhe foi dado pelos filósofos neoplatônicos, e também pelos gnósticos e alquimistas, em razão de sua identificação com o deus egípcio Thoth, que na Grécia era conhecido como Hermes, o deus das transmutações e da ciência.
Na cultura egípcia, Hermes simbolizava a lógica organizada do universo. Por isso os sacerdotes egípcios o identificavam aos ciclos lunares, cujas fases expressavam a harmonia universal. Na hagiografia greco-romana, Hermes ganhou status de escriba e mensageiro dos deuses, enquanto no Egito, na época helênica, ele era tido como autor de um conjunto de textos sagrados, contendo ensinamentos esotéricos e comentários sobre artes, ciências, religião e filosofia. Esse conjunto de ensinamentos ficou conhecido como Corpus Hermeticum, e quem os adquirisse alcançaria a chamada iluminação.
O Corpus Hermeticum foi escrito provavelmente entre os séculos I, II e III, da nossa era. Foi a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista que se se convencionou chamar de Gnose. Na época se dizia que o Corpus Herméticum era mais antigo que a Bíblia Sagrada. Clemente de Alexandria, um dos mais famosos bispos da Igreja Romana, que viveu nos primeiros séculos do Cristianismo, afirmava que o Corpus Herméticum era composto originalmente de 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro conjunto tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro falava de geologia, geografia botânica e agricultura; o quarto tratava de astronomia, astrologia, matemática e arquitetura; o quinto era dedicado aos hinos que louvavam aos deuses e era também um guia de ação política para aqueles que detinham autoridade; o sexto tratava de medicina. Era, portanto, uma verdadeira enciclopédia do saber universal.
Costumava-se creditar também a Hermes Trismegisto o Livro dos Mortos, tratado egípcio que ensina como as almas devem se portar perante o julgamento no Tribunal de Osíris. Além disso, Hermes teria sido também o fundador da alquimia, através do famoso texto alquímico conhecido como "A Tábua de Esmeralda".
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RESUMO DO CAPÍTULO I DO NOSSO LIVRO " LENDAS DA ARTE REAL" (TÍTULO PROVISÓRIO) NO PRELO.
O MUNDO ANTERIOR
A tradição egípcia
Houve uma época na vida da humanidade em que os povos tinham consciência da unidade do universo e sabiam que o céu e a terra haviam sido construídos como se tudo constituísse uma única estrutura onde um era complemento do outro. Ambos refletiam a Consciência Maior que os havia gerado. Era um mundo unificado por dentro e por fora, onde tudo estava em tudo, o que estava dentro era igual ao que estava fora, o que estava em baixo era igual ao estava em cima, e dessa forma o cosmo se mantinha em perfeito equilíbrio.
No antigo Egito esse equilíbrio era mantido pela prática da Maat, ou seja, o viver de forma virtuosa, praticando a verdadeira justiça. Maat era uma deusa do panteão egípcio, mas também simbolizava a moral e da virtude que uma pessoa devia cultivar em vida para conseguir o beneplácito dos deuses no mundo do além túmulo. Assim, um coração limpo e puro, sem culpas nem ódios, devia ser a meta de todos aqueles que buscavam viver eternamente no território luminoso de Rá, a deidade maior do panteão egípcio, representada pelo disco solar.
Por isso, Maat era representada por uma linda jovem com uma pena na cabeça. Essa pena simbolizava a leveza de alma e a pureza de coração que a pessoa devia ter quando se apresentasse para o julgamento no Tribunal de Osíris. Nesse julgamento o indivíduo deveria saber recitar todos os hinos dedicados aos deuses e repetir o nome de todos eles. A cerimônia começava com a pesagem do coração do defunto. O órgão era colocado na balança de Anúbis, o deus com cabeça de chacal, que era o guardião das portas do mundo do além. De um lado da balança se colocava o coração, do outro lado a pena de Maat. Se o coração pesasse mais que a pena, imediatamente o individuo era atirado num labirinto escuro, onde uma serpente horrenda, chamada Apépi, o devorava. Se, por outro lado, o coração pesasse menos do que a pena, então o defunto era sabatinado acerca dos seus conhecimentos acerca dos mistérios do além túmulo. Era então intimado a recitar os hinos e repetir o nome dos deuses. Após essa sabatina, e se ela fosse favorável ao defunto, então ele era convidado a subir na Barca de Rá, o Deus do Sol Radiante, e nela atravessar a terra dos mortos, a Tuat, até o território luminoso que ficava do outro lado desse país de trevas e monstros horripilantes. Nessa viagem ele era guiado por Osíris, o Deus dos mortos.
A unidade do universo
Toda a vida do egípcio devia ser pautada por comportamentos virtuosos, segundo a moral da época e a cultura do país, mas percebe-se, por essas crenças, a importância que o conceito de virtude tinha para o equilíbrio do mundo antigo. Esse equilíbrio era recíproco tanto no céu como na terra. Se os deuses se comportassem mal no céu, a conseqüência se fazia sentir na terra e vice versa. Da mesma forma, se os homens não praticassem a virtude na terra, também o céu sofria os efeitos das travessuras humanas.
Isso era assim porque tudo estava em tudo; pois da mesma forma que era no céu também era na terra, o que estava em baixo era igual ao que estava em cima e o fora era igual ao dentro
Destarte, deuses e homens viviam em consonância, uns como reflexos e fiadores dos outros. Enquanto os homens praticassem os comportamentos adequados e executassem os rituais apropriados, os deuses os favoreciam, com colheitas seriam abundantes, saúde, paz e harmonia seriam constantes na terra. Assim era a vida nos primitivos mundos, das civilizações anteriores à nossa. E enquanto os deuses os favoreciam, os homens os honravam com preces, rituais, templos e homenagens. Essa era a antiga religião. Dessa forma, tudo transcorria em paz entre as duas estruturas, com o céu e a terra se comunicando e se sustentando mutuamente.
O Corpus Hermeticum
Como consta da Tábua de Esmeralda, clássico da literatura hermética, atribuído ao um personagem lendário chama-do Hermes Trismegistos. “É verdade, sem mentira, certo e verdadeiro, que assim como é baixo, também é em cima. E assim como é cima, também é em baixo. Por meio dessas coisas, os milagres de todas as coisas são feitos. E como todas as coisas são e vêm de Uma única coisa, todas as coisas são feitas pela mediação de Uma. Dela nascem. O sol é seu pai, a lua sua mãe. O vento a trouxe na barriga, a terra é sua ama e receptáculo. O pai de todos, o Thelema universal está aqui. Sua força e poder permanecem inteiros, convertidos em terra. Separe a terra do fogo, o sutil do bruto, lentamente, com habilidade. Ela ascende da terra e descende do céu; recebe sua força do superior e do inferior. Você terá por esse meio a glória do mundo e toda obscuridade se afastará de você. Ela é a força; conquistará todas as coisas sutis e penetrará todas as coisas sólidas. Assim o mundo foi criado. Dela virão admiráveis adaptações, pelos meios fornecidos aqui. Eu sou chamado Hermes Trismegistos, porque tenho a três partes da filosofia universal. O que eu disse da obra solar é a mais pura verdade.”
A Tábua de Esmeralda é um texto hermético escrito por um (ou alguns) alquimista nos primeiros séculos da era cris-tã. Ele fala das excelências da pedra filosofal e mostra como se pode obtê-la. A pedra filosofal é um sonho que vem acalentando a alma dos místicos desde a aurora dos tempos. No antigo Egito já se falava que todos os metais possuíam uma “alma comum”, ou seja, que todos eram feitos de uma mesma essência, e que somente os arranjos combinatórios de seus átomos é que lhes davam conformações diferentes. Assim, tratava-se de descobrir a fórmula primitiva segundo a qual eles eram constituídos. Essa fórmula, se descoberta, permitiria ao seu possuidor, não só efetuar transmutações de metais comuns em ouro, mas também dotar o operador de uma consciência superior, capaz de abarcar todos os mistérios do céu e da terra, além de conferir-lhe a imortalidade.
Antigas tradições sustentam que os sacerdotes de Heliópolis, antigo santuário egípcio, haviam descoberto essa fórmula, razão pela qual havia tanta abundância desse metal no antigo Egito. Dai o texto ser assinado pelo lendário personagem chamado Hermes Trismegisto, tido como fundador das primeiras civilizações instaladas na terra.
Hermes teria ensinado aos seres humanos não só os rudimentos de todas as ciências, mas também uma sabedoria secreta que somente alguns iniciados poderiam conhecer. Por isso essa ciência ficou conhecida como hermética.
Hermes Trismegisto (Hermes Trismegistus em latim), significa três vezes nascido. Esse é o nome que lhe foi dado pelos filósofos neoplatônicos, e também pelos gnósticos e alquimistas, em razão de sua identificação com o deus egípcio Thoth, que na Grécia era conhecido como Hermes, o deus das transmutações e da ciência.
Na cultura egípcia, Hermes simbolizava a lógica organizada do universo. Por isso os sacerdotes egípcios o identificavam aos ciclos lunares, cujas fases expressavam a harmonia universal. Na hagiografia greco-romana, Hermes ganhou status de escriba e mensageiro dos deuses, enquanto no Egito, na época helênica, ele era tido como autor de um conjunto de textos sagrados, contendo ensinamentos esotéricos e comentários sobre artes, ciências, religião e filosofia. Esse conjunto de ensinamentos ficou conhecido como Corpus Hermeticum, e quem os adquirisse alcançaria a chamada iluminação.
O Corpus Hermeticum foi escrito provavelmente entre os séculos I, II e III, da nossa era. Foi a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista que se se convencionou chamar de Gnose. Na época se dizia que o Corpus Herméticum era mais antigo que a Bíblia Sagrada. Clemente de Alexandria, um dos mais famosos bispos da Igreja Romana, que viveu nos primeiros séculos do Cristianismo, afirmava que o Corpus Herméticum era composto originalmente de 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro conjunto tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro falava de geologia, geografia botânica e agricultura; o quarto tratava de astronomia, astrologia, matemática e arquitetura; o quinto era dedicado aos hinos que louvavam aos deuses e era também um guia de ação política para aqueles que detinham autoridade; o sexto tratava de medicina. Era, portanto, uma verdadeira enciclopédia do saber universal.
Costumava-se creditar também a Hermes Trismegisto o Livro dos Mortos, tratado egípcio que ensina como as almas devem se portar perante o julgamento no Tribunal de Osíris. Além disso, Hermes teria sido também o fundador da alquimia, através do famoso texto alquímico conhecido como "A Tábua de Esmeralda".
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RESUMO DO CAPÍTULO I DO NOSSO LIVRO " LENDAS DA ARTE REAL" (TÍTULO PROVISÓRIO) NO PRELO.