O segredo do décimo terceiro apóstolo
Sinopse: Um monge é assassinado, antes de morrer confia um terrível segredo ao seu melhor amigo, o padre Nil. O monge estava prestes a descobrir uma epístola que poderia abalar o Ocidente, mas foi silenciado antes de terminar a pesquisa. O amigo prossegue a busca do que estava oculto por séculos. Algo que Roma vai fazer de tudo para impedir, além de Meca e Jerusalém.
Uma leitura rápida da contracapa de O segredo do décimo terceiro apóstolo (Le secret du Treiziéme Apôtre, tradução de Maria Alice Araripe de Sampaio Doria), imediatamente levará a uma comparação, já bem clichê nos thrillers históricos, temos mais um rival de Dan Brown e seu Código Da Vinci. Escrito pelo ex-monge beneditino francês, Michel Benoît, especialista na História da origem do cristianismo, o livro revela um mundo oculto, que arrastará seus leitores às sombras dos princípios da civilização ocidental.
Lançado recentemente pela Bertrand Brasil, o romance segue o suspense de um segredo. Perigoso para os cristãos, inquietante para os judeus e provocador para os islâmicos. Desde a crucificação de Jesus Cristo até a atualidade, apóstolos, papas e outros poderes religiosos e políticos o escondem sigilosamente. Ocultando o segredo, o Vaticano jamais permitiu sobre a existência de um décimo terceiro apóstolo e impediu toda manifestação que levasse a desvendar a real verdade: uma epístola escrita pelo próprio nazareno.
O autor até assinala que sua narrativa segue a história da humanidade, cheia de violência, mentiras e manipulações, a qual o Vaticano se comportou como uma sociedade secreta poderosa, recorrendo sempre ao pior para manter esse poder. O segredo do décimo terceiro apóstolo é um thriller ambicioso, por criticar a atual Igreja Católica e relatar uma narrativa que mistura o religioso, o histórico, o metafísico, a realidade da ficção. Segundo suas próprias palavras: “Não há nenhuma relação entre Jesus e Roma. Entre Ele e os evangelhos e tudo que veio depois há um abismo incomensurável chamados dogmas.”.
Assim sua narrativa apresenta o monge Andrei – um alter ego do autor? – e sua investigação ante os pergaminhos do Mar Morto. E estava prestes a descobrir algo que mudaria por completo a nossa concepção de Igreja católica fundada por Pedro, assim como a própria figura de Jesus. Quando decide informar o conteúdo de sua pesquisa é morto no trem Roma-Paris. Seu amigo e discípulo mais direto retoma as investigações, e acaba descobrindo uma realidade diferente de tudo que sabia sobre sua religião.
Não encontraremos aqui sociedade secretas, nem tampouco reviravoltas perante outros segredos. Seguindo a linha de O nome da rosa, o livro transcorre o fictício com o verossímil, numa intriga solidamente documentada, que certamente quem o ler ficará com “a pulga atrás da orelha” pela forma que o argumenta apresenta o Vaticano. Só para dar um exemplo, o vilão da história, é um cardeal austríaco, favorito do papa João Paulo II, uma figura importante do conservadorismo, que quando jovem foi da juventude hitlerista, que no romance chama-se Cartzinger, um personagem daqueles bem malévolos, que durante os anos 1940 assassinou vários inocentes. Seria esse personagem uma crítica ao atual papa? Fica a pergunta.
Benoit escreve dentro do gênero histórico, mas mesmo sabendo que é uma ficção, não há nenhum indício apresentado que aquilo que lemos pudesse ter ocorrido na realidade. O segredo do décimo terceiro apóstolo foi planejado dentro da reformulação histórica das origens do catolicismo, de sua relação com os judeus e com os muçulmanos. Uma releitura da História que dá um novo parâmetro ao gênero e cujo autor consegue escrever com seriedade, perfeitamente estruturado sem cair nos erros mais freqüentes do estilo. Leiam sem medo da ‘verdade’...