Resenha: Viajante Solitário
Embora diversos autores da literatura universal tenham publicado relatos de viagens, Viajante Solitário, de Jack Kerouac, pode ser considerado um livro singular. Com o seu magnífico estilo de prosa espontânea, o autor descreve as suas andanças pelos Estados Unidos, México, Marrocos e Europa, não com o olhar do turista, mas do vagabundo.
Os textos são autobiográficos. Logo na apresentação, encontramos as respostas do próprio autor para um questionário cujo último item é “Faça, por favor, uma breve descrição do livro, seu conteúdo e propósito, na sua opinião” A resposta de Jack vale mais do que qualquer sinopse ou resenha, e ela termina assim: O objetivo e propósito do livro é "simplesmente poesia, ou descrição natural”. Como temas, ele menciona “trabalhos em ferrovias, no mar, misticismo, trabalho na montanha, lascívia, solipsismo, auto-indulgência, touradas, drogas, igrejas, museus de arte, ruas urbanas, um apanhado geral da vida vivida por um vagabundo sem grana e educado de forma independente, indo a lugar nenhum”.
Mas é justamente nesse “ir a lugar nenhum” que encontramos o caráter transcendental dos ensaios de Kerouac. A sua busca, na verdade, é interior, espiritual, estética. Lançado pela L&PM com tradução de Eduardo Bueno, Viajante Solitário é um livro essencial para os apreciadores da cultura beat.