Resenha: “O jovem Lennon”, de Jordi Sierra i Fabra

Encontrei o livro quase sem querer! Estava procurando alguns títulos na biblioteca e me deparei com aquela capa: o rosto de Lennon, já “trintão”. Não tive dúvidas, levei para casa e conclui a primeira leitura em menos de três horas, com alguns intervalos. A narrativa obedece a cronologia de Lennon, dos catorze aos dezoito anos (1955 a 1958) e é feita com muita suavidade e alguns repentes de suspense, estimulando o leitor a não parar. Quanto à distribuição do texto, o livro, além do prólogo, contém quatro partes:

“Liverpool – 1955”: Sierra i Fabra apresenta as primeiras aventuras musicais de Lennon, mais como ouvinte de discos de R&B comprados no porto de Liverpool, do que como instrumentista, além da amizade com aqueles que seriam os integrantes de sua primeira banda. Destaque para as primeiras tiradas de ironia do garoto que sonhava com o sucesso e que mudaria a música.

Na segunda parte, “Quarrymen – 1956”: a formação da primeira banda, com colegas de escola, que fez as primeiras apresentações em troca de refrigerantes grátis. Os conflitos de Lennon com os professores, por causa dos seus “vôos” durante as aulas. Destaque para o momento em que Ivan Vaughan apresenta John a Paul McCartney, sem sequer desconfiar que estava unindo a maior dupla de compositores da música pop.

Na terceira parte, “Júlia – 1957”: a primeira experiência da banda em estúdio, a convivência esporádica de Lennon e sua mãe, que o deixou muito pequeno sob os cuidados da irmã Mimi, tia de John, depois de ter sido abandonada por Lennon pai, Alfred. Destaques para o encontro com o primeiro “empresário”, o representante de conjuntos Nigel Whalley e o ingresso no Liverpool Art College.

Na quarta parte, “Beatles – 1958”: depois de mais de cem canções compostas, a dupla Lennon & McCartney compõe a primeira realmente promissora, “Love me do”. Próximo aos muros do Liverpool Institute High School, Paul McCartney conhece um garoto introspectivo, que ainda usava calças curtas e tinha apenas quinze anos de idade. O garoto, para espanto de Paul, tocava a sua guitarra com muito mais técnica e limpidez do que qualquer outro que ele já ouvira, seu nome: George Harrison. A chegada de Pete Best completa a primeira formação da banda. Pete se apresenta como baterista e propõe um local fixo para os shows da banda, o pub de sua mãe. A proposta era irrecusável. Surge a banda “The Beatles”. O autor ainda relata, com extrema sensibilidade, o drama vivido por Lennon, quando sua mãe, Júlia, morre em consequência de atropelamento sofrido em uma rua de Liverpool. É o momento mais tenso do livro.

Sierra i Fabra ainda dedica um capítulo a um breve panorama da carreira dos Beatles e de Lennon, durante o período de 1959 a 1980. Acreditava-se que em 1959 o Rock havia morrido, pois Elvis estava no Exército, Little Richard havia se convertido ao Protestantismo, Buddy Holly acabara de morrer, no mesmo acidente de avião em que também morrera Ritchie Valens. O Rock, no entanto, nunca esteve tão vivo, pois em um pub de Liverpool, o The Cavern, alguns rapazes irreverentes, trajando roupas de couro, ensaiavam o ritmo das próximas décadas.

Finalmente, alerta o autor, os diálogos não se deram, necessariamente, como ele relata, mas os fatos são reais. Manifesto que o livro foi uma grata surpresa e merece ser lido por todos aqueles que amam a música e a poesia de Lennon e dos Beatles e concluo com o trecho a seguir, extraído do livro: “Tudo o que John Lennon realizou na vida foi elaborado nesses anos-chave. Tudo o que foi ou não foi, pôde ser ou acabou sendo surgiu aqui. Possivelmente por esta razão a adolescência de John não deixa de ser a adolescência de todos”.

Paulo Irineu Barreto
Enviado por Paulo Irineu Barreto em 21/08/2010
Código do texto: T2451576
Classificação de conteúdo: seguro