A VIRTUALIZAÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONSTITUIÇÃO DO OBJETO

A inteligência coletiva é distribuída por toda à parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em um a mobilização efetiva das competências. E para que haja um saber coletivo é necessária uma valorização recíproca, uma exaltação mútua das capacidades mentais dos indivíduos.

Entretanto, as pessoas são todas inteligentes à sua maneira, assim, os grupos se decepcionam com freqüência, pois não há unificação de idéias, ou seja, cada um tem seu conhecimento individual. Assim, a burocracia e as formas autoritárias tentam inibir as iniciativas individuais. Para tanto a inteligência coletiva é dividida em partes: 1. uma inteligência distribuída por toda parte; 2. uma inteligência incessantemente valorizada; e, 3. a coordenação das inteligências em tempo real.

Na primeira, ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade. Não existe nenhum reservatório de conhecimento transcendente, e o saber não é nada além do que as pessoas sabem. A luz do espírito brilha mesmo onde se tenta fazer crer que não existe inteligência: “fracasso escolar”, “execução simples”, “subdesenvolvimento”. O juízo global de ignorância volta-se contra quem o pronuncia.

Na segunda, o fato de a inteligência estar distribuída por toda parte deve transformar-se em projeto, pois essa inteligência é tantas vezes desprezada, ignorada, inutilizada e humilhada que, por isso, não é valorizada. Numa época em que as pessoas se preocupam tanto em evitar o mais precioso, a inteligência, recusando-se a levá-la em conta. Assiste-se hoje a uma verdadeira organização da ignorância sobre a inteligência das pessoas, um terrível pastiche de experiência, savoir-faire e riqueza humana.

E por fim, na coordenação das inteligências em tempo real, os novos sistemas de comunicação deveriam oferecer aos membros de uma comunidade os meios de coordenar suas interações no mesmo universo virtual de conhecimentos. O ciberespaço tornar-se-ia o espaço móvel das interações entre conhecimentos e conhecedores de coletivos inteligentes desterritorializados.

REFERÊNCIA:

LÉVY, Pierre. O Que é o Virtual? Trad. Paulo Neves. São Paulo: 34. p.119 - 133.