“Se você é capaz de criar imagens nítidas dentro de sua mente – sobretudo se consegue projetá-las externamente – poderá se transformar num engenheiro civil ou num psicótico. Há mais recompensas financeiras para o engenheiro do que para o psicótico, mas este é bem mais divertido. Tudo que as pessoas fazem tem uma estrutura, e se você descobrir que estrutura é essa, poderá saber como mudá-la.”
Richard Bandler
Como você se orienta?
Se o seu projeto de vida não está dando certo, você não precisa abandoná-lo. Precisa mudar a forma de organizá-lo, ou seja, alterar o processo segundo o qual você o estrutura em sua mente e a seqüência de ações que empreende para realizá-lo.
Isso quer dizer: não há nada de errado com você a não ser a estratégia segundo a qual se “programa”. Mude a estratégia, reorganize as informações, tente novos procedimentos. Dê a si mesmo variadas opções de resposta. Você verá que dentro do seu próprio mapa uma delas lhe dará o resultado esperado.
Ninguém precisa ficar à mercê de estados internos negativos, que são os verdadeiros “espíritos maus” que atravancam nosso caminho. Quando são eles que estão no comando nada dá certo em nossas vidas. Tudo que fazemos sai errado. Não precisamos pensar que na vida existem coisas desagradáveis, impossíveis, enfadonhas, inúteis. Existem coisas difíceis de fazer, que exigem mais organização, melhores estratégias de execução, mais empenho e motivação, maior quantidade de recursos. Mas tudo isso você já tem. Pense bem: tudo que a vida exige de nós são obrigações que temos que cumprir pela graça de estarmos vivos. Não cumpri-las, ou fazê-lo com negligência, implica em dor. Cumpri-las com eficiência implica em prazer. E tudo que fazemos na vida tem por objetivo obter satisfação ou evitar a dor.
A vida sempre nos julga rigorosamente de acordo com os nossos méritos. Se eu estivesse falando a partir de uma perspectiva religiosa, diria que, ao reorganizarmos a nossa forma de representar o mundo em nossas mentes, estamos exorcizando os “espíritos maus”, que nos trazem infelicidade e invocando “espíritos bons” para nos ajudar a ser felizes.
Os “maus espíritos” são estados internos de pobreza neurológica que nos impedem de obter bons resultados nas respostas que damos na vida. São as cores, os sons, os aromas, tatos e paladares inadequados – as submodalidades inadequadas – que a nossa mente elicia para dar vida, sentido e valor à informação. São os estados internos negativos que “informam” os nossos pensamentos e sentimentos. São “programas” fáceis de serem instalados e se multiplicam com extrema fertilidade. São como aqueles “espíritos imundos” de que falava Jesus: quando se instalam no indivíduo, trazem com ele outros setenta ainda piores do que ele.
Você nunca ouviu falar que o que é ruim se espalha fácil e que é bom fica escondido? Pois é isso: um estado interno carregado de ódio, por exemplo, traz consigo também depressão, estresse, angústia, irritação, mau humor, desconforto, ansiedade, etc. e reflete no organismo gerando úlceras, alergias de pele, alterações na pressão arterial, enxaquecas, insônia e mais uma série inumerável de irmãos indesejáveis.
Exorcize os seus “espíritos maus”. Da mesma forma que nós podemos organizar o ambiente em nossa casa, de maneira a nos proporcionar conforto e satisfação, também é possível organizar as informações que entram em nossa mente e transformá-las nos “programas” que precisamos para gerar comportamentos eficientes. Quer saber como fazer isso? Para começar....
Faça diferente
Se as coisas não estão dando certo para você, não mude de vida, não abandone seus projetos: mude a forma de pensar e fazer as coisas.
Quem disse que você precisa acordar amanhã e imaginar um dia de trabalho tão enfadonho como foi (se foi) o de hoje? Se você fizer isso estará organizando a informação dentro da sua cabeça exatamente da mesma forma, na mesma seqüência, com a mesma estrutura utilizada ontem, e conseqüentemente, seu resultado tenderá a ser o mesmo, pois quem faz as coisas sempre do mesmo jeito, tende a obter sempre os mesmos resultados. Para começar, altere a forma de representar essa experiência para você mesmo. Tente uma cor diferente, dê-lhe maior luminosidade, altere o tamanho da imagem. Substitua os seus componentes e inverta a seqüência em que eles aparecem. Se a imagem da experiência foi montada em preto e branco, torne-a colorida. Se antes da imagem se formar em sua mente você ouve um som, uma fala,faça a imagem ficar muda e coloque o som depois.
Enfim, mude as características da representação mental que você faz da experiência e o significado que ela tem para você também mudará. Como conseqüência, o que você sente a respeito também já não será o mesmo.
Som, cor, tamanho, distância, textura, movimento etc, são os componentes do nosso poensamento. Eles são feitos desses elementos. Nós os chamamos de submodalidades. Quando mexemos nas submodalidades que estruturam as representações internas que fazemos das nossas relações com o mundo é como se elas agora estivessem acontecendo de uma forma completamente diversa, e de cada uma delas emergíssemos com uma nova visão, uma nova sabedoria, que na verdade significa a aquisição de mais recursos e conseqüentemente, uma capacidade de resposta sensivelmente ampliada.
Sabendo qual o tipo de submodalidade que mais nos comove, para o bem ou para o mal, poderemos selecionar o que nos faz bem e descartar o que nos prejudica, aumentando a intensidade de umas e diminuindo a de outras. Podemos pegar as imagens negativas, que nos deprimem e inspiram estados neurológicos pobres de recursos e trocá-las por imagens fortalecedoras de entusiasmo. Isso é o mesmo que exercer um rigoroso controle sobre os nossos produtos mentais para ganhar, em contrapartida, uma melhor qualidade em nossos pensamentos e sentimentos e maior eficiência em nossos comportamentos.
A depressão, a angústia, o estresse, a mágoa, o ódio, a inveja e todos os estados internos que empobrecem a nossa capacidade de resposta são produtos de estados internos gerados pelo tratamento equivocado da informação que recebemos do mundo externo. Pode estar certo de uma coisa: a sua inveja tem cor, o seu ódio tem peso, a sua mágoa tem temperatura, a sua ansiedade uma localização dentro do seu corpo, e assim por diante. Da mesma forma, os bons sentimentos também são catalogados em seu sistema neurológico com um desses códigos neurolingüísticos.
Alegrias e tristezas são como filmes que produzimos em nossas mentes. E a visão que deles temos reflete em nossa fisiologia. E quando essas visões impregnam nosso sistema nervoso, esse comportamento adere a nós como se fosse um estado natural. Quantas pessoas tristes nós não conhecemos, quantas criaturas, constantemente deprimidas, amargas, ácidas, desagradáveis, pessimistas, hipocondríacas, desconfiadas, não encontramos pela vida? Quem não tem ou não teve um parente ou amigo assim? E por outro lado, quantas pessoas otimistas, constantemente alegres, receptivas, animadas, prontas para enfrentar toda e qualquer situação, não cruzam nosso caminho? Com qual tipo de pessoas você gostaria de aprender a viver?
Pinte a própria aquarela
Quando realçamos ou minimizamos certos aspectos da imagem interna que formamos de um evento, estamos fazendo com que esse evento se carregue de emoção para mais ou para menos. Se formos o tipo de pessoa que privilegia a submodalidade auditiva, por exemplo, quando recordamos determinadas palavras que alguém nos disse, o nosso estado emocional se altera. Da mesma forma, recuperar a imagem de uma ocorrência ou experimentar novamente a sensação que nos emocionou, traz de volta o evento como se ele estivesse ocorrendo outra vez.
Quem nunca teve uma experiência auditiva na qual uma determinada palavra que foi proferida não tivesse abalado o seu estado emocional? Que não tivesse despertado a sua ternura, a sua alegria, o seu entusiasmo ou, na contra vertente, a ira, o desprezo, a mágoa? E quando se lembra dela, o quanto ainda não experimenta daquele estado?
Você é do tipo que hospeda um intenso diálogo interno, que não permite que você escute mais nada quando está emocionado? Você pode ser uma pessoa que se orienta mais pelo que ouve do pelo que vê ou sente.
Da mesma forma, isso acontece com imagens ou sensibilidades obtidas através da visão ou dos sentidos cinestésicos. Não o arrepia quando lhe vêm à mente lembranças visuais de um acontecimento infausto? Ou então rever e tocar as marcas de uma violência, recordar uma agressão que sofreu, um acontecimento traumático qualquer que lhe tenha provocado muita dor? Ou um aroma, um paladar, um toque, que você associa com determinadas experiências que o emocionaram? Também não o deixam cheio de alegria e entusiasmo as imagens de um sucesso qualquer que você teve na vida, como por exemplo, a formatura na universidade, o casamento, o nascimento de um filho, uma vitória esportiva, etc?
O quanto de entusiasmo, ou depressão, uma experiência pode levar para o nosso sistema nervoso será determinado pela submodalidade privilegiada pela nossa mente no momento em que organizamos internamente as informações da experiência vivida. Se a nossa orientação neurolinguística, ao representar a experiência, se inclinar pelo sistema visual, é possível que aumentar o brilho da imagem, a intensidade da cor, o seu tamanho, melhorar o foco dela, etc., possa torná-la mais atrativa, mais vigorosa, mais inspiradora. Se, por outro lado, se a orientação auditiva for predominante, poderemos realçar as características sonoras dela para obter esses mesmos resultados. A mesma coisa pode acontecer quando esse processo é orientado por cinestesia. Nesse caso, podemos intensificar ou reduzir a movimentação, aumentar ou diminuir a temperatura, mexer nos componentes de textura, dimensão, ductibilidade etc., fazendo com que a representação mental da experiência assuma uma composição diferente daquela que a mente organizou e codificou anteriormente. É como se estivéssemos mudando os códigos segundo os quais a mente reconhece determinada informação e constrói o estado interno associado a ela. Se antes uma determinada lembrança, visão, som ou qualquer estímulo cinestésico detonava em nós um estado de depressão, de angústia, ansiedade, medo etc., esses sentimentos não serão “encontrados” pela mente quando essa lembrança for evocada, pois simplesmente o “programa” que os continha foi modificado. É como na tela do seu computador, quando você aciona uma informação que está bloqueada ou que foi retirada. Aparecerá aquela mensagem que você conhece bem e que às vezes lhe causa muita irritação: “ a informação que você procura não foi encontrada”. Só que neste caso a mensagem vem para o seu bem.
Quanto de cor você quer em sua vida, quanto de movimento, de suavidade, de aspereza? Quer que sua vida seja uma suave canção de amor, um alegre samba, um estimulante reggae? Ou um taciturno bolero, um daqueles tangos em que o personagem se torna um beberrão maltrapilho, traído pela pessoa amada e desprezado por todos?
Como você quer que seja o seu mundo? A aquarela é sua. Pode pintá-la como quiser. Você pode colorir, aumentar, diminuir, suavizar, estender, encurtar, comprimir, na medida e quantidade que quiser, o seu mundo interno. Na medida em que o fizer, o seu mundo externo também acompanhará as modificações, pois o “que está dentro é igual ao que está fora e o que está fora é igual ao que está dentro”, como diziam os filósofos herméticos.
Isso é como Toquinho exprimiu naquela maravilhosa experiência musical chamada “ Aquarela”. Você a conhece? Tem esse disco, ou CD? Se tiver, suspenda um pouco a leitura e ouça-o;
“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo,
E com cinco ou seis retas eu posso fazer um castelo.
Com um lápis em torno da mão eu me dou uma luva,
E se faço chover num instante eu tenho um guarda-chuva.
Um pinguinho de tinta a boiar no fundo azul do papel,
Num instante eu tenho uma linda gaivota a voar no céu.
Vai voando, contornando a imensa curva,
norte/sul .”
Até mais.Fique com Deus.
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DO LIVRO À PROCURA DA MELHOR RESPOSTA- 2º ED. BIBLIOTECA 24X7- SÃO PAULO, 2009