Futuro da Humanidade: a Saga de Marco Polo, O AUGUSTO CURY

Futuro da Humanidade: a Saga de Marco Polo, O AUGUSTO CURY

Editora: Sextante

ISBN: 857542162X

Ano: 2005

Edição: 3

Número de páginas: 256

Acabamento: Brochura

Formato: Médio

Complemento: Nenhuma

Indicado pela minha terapeuta esse livro é realmente de uma abordagem quase didática, um grito desesperante ao ser humano que existe, ainda existe, dentro de cada pessoa que no mundo Terra reside.

Muitas vezes exagerado peca por forçar algumas situações a níveis insatisfatórios de uma narrativa que prenda o expectador. Pois ao lermos isso ou aquilo e pararmos de ler para pensar “pô, isso aqui ta brabo, não é assim” diminui significativamente o valor literário da obra.

Se tratando de Augusto Cury, escritor de livros de auto ajuda, cabe a nós respeitarmos sua incursão pelo mundo romanesco e prezar sua jornada esperando que ele melhore cada vez mais sua forma narrativa.

Um tanto apressado nos desenrolares da sua estória ele termina por dar-nos um sabor que fica faltando. Como um ótimo tempero preparado em um daqueles ingredientes que sabemos fazer falta. Como se quem fosse cozinhar descobrisse de última hora que aquele ingrediente está em falta e fizesse seu molho do jeito que pode.

Muito mais preocupado em passar sua mensagem que construir uma obra literária ele consegue atingir um nível satisfatório onde mensagem e forma não se sobrepõem ou se cortam, mas com a forma que pode consegue passar o que quer. Melhor se deter sobre o que se pode fazer e fazê-lo bem que tentar fazer algo que está fora de sua alçada.

Para quem quer saber sobre o que se trata na narrativa aqui vai abaixo a sinopse que acompanha a venda do livro:

“Primeiro romance do psiquiatra Augusto Cury, O futuro da humanidade oferece uma rara oportunidade de repensar a sociedade e o rumo de nossas vidas. Com mais de 1,5 milhão de livros vendidos no Brasil, Cury nos presenteia com uma saborosa ficção que ilustra os ensinamentos presentes em seus livros e se apóia na sua vasta experiência profissional.

O futuro da humanidade conta a trajetória de Marco Polo, um jovem estudante de medicina de espírito livre e aventureiro como o do navegador veneziano do século XIII, em quem seu pai se inspirou ao escolher seu nome.

Ao entrar na faculdade cheio de sonhos e expectativas, Marco Polo se vê diante de uma realidade dura e fria: a falta de respeito e sensibilidade dos professores em relação aos pacientes com transtornos psíquicos, que são marginalizados e tratados como se não tivessem identidade.

Indignado, o jovem desafia profissionais de renome internacional para provar que os pacientes com problemas psiquiátricos merecem mais atenção, respeito e dedicação - e menos remédios. Acreditando na força do diálogo e da psicologia, ele acaba causando uma verdadeira revolução nas mentes e nos corações das pessoas com quem convive.

Uma história de esperança e de luta contra as injustiças, este livro é a saga de um desbravador de sonhos, de um poeta da vida, de um homem disposto a correr todos os riscos em nome daquilo que ama e acredita.”

A mensagem é forte e contundente. Reflete pensamentos de vários pensadores. Leonardo Boff com seu Saber Viver já nos abria para um pensamento mais humano e de integração com as coisas e pessoas a nossa volta. Muitos das reflexões filosóficas, por ser um romance elas são pouco aprofundadas, mas de maneira alguma superficiais, refletem pensamentos da corrente mais atual de pensadores franceses como Comte-Spoonville e Marcel Conche.

Além dessa vertente mais intelectual o livro nos trás uma contundente crítica social que já abordada pelo recente Bicho de Sete Cabeças nos põe para pensar sobre o real sentido de loucura e distúrbios mentais, assim como também a politicagem e vantagens econômicas envolvidas em áreas que destróem o ser humano diretamente. Não somos contra a economia de mercado liberal, mas sim contra a sociedade de mercado, onde educação, saúde, segurança são encaradas pela perspectiva econômica, em uma sociedade que se compra segurança, vende-se saúde e lucra-se com educação. Nunca poderemos nos livrar desse estigma se não partirmos essa mudança de nós, afinal a sociedade nada mais é que um amontoado de nós, eus e vocês. Nós mudamos, a sociedade muda.

Estamos computadorizando o ser humano, geometrizando emoções, enquadrando nossas existências em prol de algo que não nos dá nada em troca. A super valorização do nada chamado capital, que não possui nenhum valor e que desestrutura os nossos reais, só nos dá sinais de que precisamos mudar.

Recomendo o livro pela mensagem, pela incursão no meio romanesco e pelas lágrimas que podemos verter ao ler tais páginas e termos um retrato de que ainda somos humanos, choramos, rimos e dançamos. Ao fim do livro abrace uma árvore, beije uma flor, recite uma poesia, nós ainda vivemos e o que importa é a vida, ela é doce, mas precisa ser vivida.

leandroDiniz
Enviado por leandroDiniz em 03/09/2006
Código do texto: T231947
Classificação de conteúdo: seguro