Atlantis - DAVID GIBBINS
Atlantis - DAVID GIBBINS
Editora: Planeta do Brasil
ISBN: 8576651416
Ano: 2006
Edição: 1
Número de páginas: 438
Acabamento: Brochura
Formato: Médio
Atlantis veio na onda aberta pelo mundialmente famoso Dan Brown. Que conseguiu revitalizar o mercado editorial com um misto de mitos, explicações de segredos por meios modernos e ação com uma ficção gostosa de ler. Sem pretensões literárias maiores caiu no gosto popular que não exige muito da elaboração da obra, mas que quer ser envolvido e gostar da leitura.
No embalo do apoteótico O Código Da Vinci vieram inúmeros romances que exploravam o tema diretamente a partir das elucubrações teoréticas erigidas pelo Código. Veio uma torrente de livros sobre merovingios, judas, cristos, reformulações de segredos seculares etc.
Nesse volume trata-se ficticionalmente da possível descoberta do mundo perdido da Atlântida que mencionado apenas por Platão em um de seus livros abre um fosso em que o imaginário de pesquisadores, agitadores e cientistas da história se algazarra em teorias que não podem ser comprovadas.
Pelas notas ao final do livro percebemos muitos detalhes que estão sendo descobertos que são inquietantes e como estamos em uma época em que as explicações místicas ruíram uma interpretação plausível e provável é mais aceitável que uma que relegue aos céus sua origem.
O autor consegue nos passar sua mensagem enquanto explora as aventuras de seus personagens pesquisadores. Embalado em um ambiente totalmente atual em que a globalização impõe novos métodos de exploração e segurança dá um tom de urgência a maioria dos acontecimentos muito favorável ao clima proposto pelo livro.
A mensagem que vi no livro, que eu acho a principal superando talvez a existência ou não da Atlântida, é como que estamos longe de saber o que ocorreu nos primórdios de nossa sociedade. Isso trás implicações muito sérias no nosso modo de ser e ver o mundo.
Não no fato de sabermos-nos descendentes de um único povo, isso já é até plausível pela evolução das espécieis que Darwin introduz muito bem, mas o de creditar erroneamente ao campo místico ou transcendental uma realidade que apenas é desconhecida.
Ele propõe uma forma cautelosa de comedida de ver nosso passado e não apenas imaginá-lo como mágico. Antigamente povos com pouco conhecimento prático e sensível do mundo poderia creditar muitas coisas ao além, ao supra humano que na verdade eram apenas fatos desconhecidos e qualquer erro nesse sentido compromete visivelmente todo um arranjo de nossa realidade, já que para quase metade da população mundial o sentido religioso da história conta muito como agimos e interagimos hoje.
Envolvendo até pessoas que estão nos altos escalões do controle de sociedades modernas que por esses distúrbios de ilusão acabam rumando suas super-sociedades e consequentemente o mundo a cantos obscuros da ação e destruição.
Se chegarmos a comprovar no futuro toda a veracidade da Bíblia como fatos concretos que aconteceram e foram ao longo de milênios sendo criados com aura mística que papel nós faremos perante a nós mesmos quando vermos que por ignorância, falta de paciência e animalidade nossa nós conseguimos destruir tanto de nosso único mundo, pelo menos ainda o único em que podemos viver?
Veremos os ser como um misto de assombro e repugnância? Perguntar-nos-emos se alguém que tivesse o bom senso não tentou tirar ou rumar sua sociedade para caminhos menos cruéis?
O livro no fundo levanta essa questão no meu modo de lê-lo.
Encorpado com uma gama muito grade de descrições de tecnologias, aparatos e construtos o ritmo fica meio comprometido em certas horas, já que nós não somos maníacos por tecnologia avançada militar e por mais interessante que seja conhecermos as mais recentes tecnologias disponíveis em um livro que presa contar uma estória envolvente peca um pouco por esse excesso.
Em contrapartida, a imaginação e a coesão das explicações sobre o possível povo da Atlântida e sua provável localização criam um ambiente fictício perfeito para você entrar na estória a ponto de acreditar que aquilo realmente pode ser verdade. O que dá uma aura muito agradável na leitura contagiando o imaginário do leitor.
Sem grandes pretensões do modo estrutural as coisas acontecem naturalmente e sem que todo um arranjo especial seja artificialmente criado para que nos faça gostar mais ou menos de certas coisas e personagens. Alguns podem creditar um pouco à divisão de personagens um tom maniqueísta, mas creio que seja verdadeiro o modo de agir quase desumano de certas pessoas que vivem em ambiente estéreis, sentimentalmente falando.
Com um desfecho muito conclusivo e deixando espaço para se pensar sobre o tema o livro é um passa tempo que vale o tempo e dinheiro investidos.