Universidade Corporativa, o Futuro do Ensino Superior?
SILVA, M. V. da; BALZAM, N. C. Revista da Avaliação da Educação Superior. In: Universidade Corporativa: Pré-tendência do Ensino Superior ou Ameaça? Campinas, V.12, N.2. Sorocaba, Jun. 2007. P. 233 – 256.
Marco Wandercil da Silva é Mestre em Educação, Analista de Avaliação Institucional – PUC-Capinas, Professor Assistente da Policamp (Faculdade Politécnica de Campinas) e Professor Adjunto do IESA (Instituto de Ensino Superior de Americana).
Newton César Balzan possui Pós-Doutorado – Boston University. USA; Professor Titular da PUC-Campinas; Professor Voluntário da Unicamp; Bolsista CNPq Nível 1A.
Silva e balzan fazem o estudo sobre a instalação das Universidades Corporativas no Brasil no final do século XX, tendo a intenção de desvelar implicações ideológicas em relação à Educação Superior Formal, e como será o posicionamento das Universidades ditas Tradicionais frente às exigências e transformações do ensino corporativo.
O texto mostra que as Universidades Corporativas surgiram na segunda metade do século XX, devido a expansão do capitalismo, no movimento denominado como sendo neoliberalismo.
Desta maneira, a grande demanda por mão de obra qualificada e profissionais com excelência na realização de suas tarefas, a Universidade Corporativa surgiu para estancar esta paresia que o mercado produtivo vinha sofrendo. Porém, ao se instalar no campo educacional, as Universidades Corporativas extraíram todo o caráter humanístico que estas Universidades Tradicionais possuíam, introjetando uma universidade fundamentada no paradigma da ciência positivista, não contemplando mais o aluno como um ser humano em sua formação plena.
Os alunos passam a ser apresentados como clientes, os professores tomam a postura de produtores e o currículo passa a ser o produto a ser consumido. A educação passa a ser mais um produto de consumo, sendo oferecida de acordo com a regulação necessária do mercado empresarial. Respondendo as estratégias de marketing, as universidades corporativas passam a vender uma falsa imagem de educação, conseguindo justificar os altos investimentos na formação/qualificação deste profissional que já está atuando no mercado de trabalho.
Por outro lado, a implantação das Universidades Corporativas trouxeram um certo avanço para o meio produtivo. Pois seu funcionalismo visa capacitar os trabalhadores as atividades produtivas com a maior excelência possível.
Desta forma, a obra trata da implantação de uma nova forma de conceber a organização das Universidades, passando do modelo tradicional para um modelo mais arrojado, segundo os moldes capitalistas-empresariais, sendo denominado de Universidade Corporativa. Sendo sua maior exposição as divergências entre os moldes de se formar um aluno na teoria tradicional e a forma com que se forma um novo trabalhador no anseio do neoliberalismo.
No mais, a abordagem do conteúdo dá-se de forma clara, de fácil compreensão, uma vez que sua contextualização é voltada ao campo educacional. Contudo, necessita sim, de conhecimentos prévios do leitor para seu entendimento, pois os termos lingüísticos utilizados em seu desenvolvimento são voltados à pessoas que estão em interação com as transformações no meio educacional.
Entretanto, os autores não fazem uma conclusão exposta, mas deixam ao final da obra dados suficientes para o entendimento de seu posicionamento diante os acontecimentos ocorridos com a chegada das Universidades Corporativas.
Seguindo as teorias tradicionais da educação, os autores fazem o embate dos prós e dos contra da nova forma de organização das universidades, chegando ao senso de que seria mais conciso denominar estas escolas como sendo centros de treinamentos, do que universidades propriamente ditas.
Sobretudo, as circunstancias sociais e econômicas são apresentadas na forma mais plena do capitalismo, com a implantação da nova forma de organização da universidade, tentando, uma vez conservar com os costumes e valores do ensino tradicional.
Através da utilização de novas idéias, os autores trazem a campo novos conhecimentos ao leitor, ampliando assim, seu potencial crítico como cidadão inserido neste novo modelo de organização escolar.
Ainda com traços simples e objetivos, traz com coerência e precisão as discussões no campo educacional, numa linguagem dada como correta no meio educacional.
Focado em pesquisas, volta-se o desenvolvimento de sua obra aos estudantes das diversas áreas, e em especial aos especialistas do campo Educacional.