HABILIDADE E CAPACIDADE

A nossa capacidade de responder com eficiência aos desafios da vida está centrada em um conjunto de habilidades específicas. Quando elas são exercidas no limite máximo da excelência, o resultado ótimo e alcançado. Essa capacidade equivale à uma reconhecida competência para conseguir obter bons resultados na arte de viver. Podemos dar um nome a esse processo todo: sucesso.
Nesse sentido, sucesso é igual à competência que temos para encontrar sempre a melhor resposta para as necessidades da nossa vida. Todavia, é preciso lembrar que não estamos falando aqui de vitórias conseguidas somente nos campos social e econômico. É bom lembrar que nem todas as pessoas bem sucedidas nesses campos são necessariamente felizes, pois a conquista da felicidade envolve algo mais que habilidade para ganhar dinheiro, fazer amigos e influenciar pessoas.
Equilíbrio físico, representado por uma boa saúde orgânica, situação econômica e social confortável, alegria e satisfação psíquica – que chamamos de paz de espírito – um bom nível de auto-estima, relacionamentos seguros e estáveis, sentimento de estar contribuindo para a melhoria qualitativa da espécie humana, tudo isso é certeza de estar escolhendo, na maior parte das vezes, a melhor resposta, para nós mesmos e para o sistema no qual estamos nos interando.
O nível neurológico das capacidades responde à pergunta: como agir em face de determinado estímulo?
Para se alcançar um bom resultado em nossas ações, temos que eliciar um estado fisiológico e mental rico em variadas opções de resposta. E escolhida a resposta, esta deve ser exercida com muita habilidade.
Mais do que isso é preciso que essa habilidade seja praticada com plena consciência das relações em que a pessoa está envolvida.
Nenhuma ação, nenhum comportamento se completa em si mesmo. Há sempre uma relação envolvida, relação essa que interessa a um dado sistema.
Nada que eu faça só interessa a mim mesmo. Pelo contrário, cada atitude que eu tomo, cada movimento que eu faço provoca uma reação, ou implica em descolamento de posição para alguém. É a aplicação do famoso princípio segundo o qual uma borboleta batendo asas na floresta amazônica pode provocar um maremoto na baia de Tóquio.
Daí acontecer que uma pessoa muito hábil em determinada situação às vezes não consegue ser capaz de atingir um objetivo, pelo simples fato de não saber utilizar com sabedoria sua habilidade.
Isso acontece freqüentemente com muitos profissionais. Individualmente considerados, em relação às suas habilidades, são formidáveis. Executam trabalhos magníficos. Mas quando se trata de perseguir um determinado objetivo perdem completamente o rumo, pois não conseguem transformá-las em um conjunto de ações eficientes e produtivas, já que sempre, em alguma ponta de qualquer processo, existe outra vontade além da dele.
Habilidade é a destreza que colocamos na execução de um determinado comportamento. Entretanto, precisamos ter em mente que saber fazer muito bem alguma coisa não garante que uma pessoa seja bem sucedida em uma empreitada. Podemos observar isso em algumas carreiras, especialmente a de jogadores de futebol. Um craque como Pelé, por exemplo, foi o protótipo mais bem acabado do atleta que combinou com maestria a habilidade de jogar futebol com a capacidade de atingir objetivos. Sua carreira não marcou apenas pela realização de esporádicas jogadas individuais fantásticas, mas também por uma extraordinária capacidade de alcançar objetivos, ou seja, ganhar títulos para as equipes em que jogou.
Na contra vertente, encontraremos exemplos de jogadores que são exatamente o inverso. Craques indiscutíveis, individualmente considerados, capazes de realizar jogadas tão extraordinárias quanto às que Pelé fez, mas totalmente ineptos para alcançar objetivos, canalizar forças, adequar-se a uma estratégia de trabalho. Indisciplinados, confusos, individualistas ao extremo, provocavam mais entropia do que sinergia entre as equipes em que atuavam.
Suas carreiras foram verdadeiras montanhas russas, quando não meteóricas. Surgiram, brilharam por algum tempo, depois desapareceram no limbo da história. Quem se lembra hoje de Almir, o “Pernambuquinho”, o Ney Oliveira, ídolos do Corinthians nos anos 60, craques indiscutíveis, que passaram por vários dos grandes clubes do Brasil e até do exterior, sem jamais conseguirem fazer história em nenhum deles?
Isso acontece também com vários outros tipos de profissionais, cuja extrema habilidade não se discute. Mas na hora de atingir um resultado, a sua habilidade acaba não sendo de muita ajuda. Na nossa vida profissional, social, familiar, quantas pessoas assim não conhecemos?

Pessoas que operam nesse nível neurológico, por mais hábeis que sejam, acabam se tornando improdutivas e até comprometem a realização das metas da organização. Imagine-se um motorista de ônibus, por exemplo. De que adiantará sua imensa habilidade na direção se ele for um sujeito irritadiço, mal educado, nervoso, que à primeira “fechada” que levar na rua sair em perseguição ao sujeito que o fechou? Imagine-se então o funcionário público arrogante, que se recusa a trabalhar em equipe, maltratando os colegas e desrespeitando o público? E o profissional individualista que guarda a sete chaves as informações, com medo que outros as conheçam e ele venha a perder o lugar? O que se ganha com a habilidade de um sujeito desses é perdido na resolução dos conflitos que ele provoca. 

Assim, o pressuposto que pode ser colocado a esse respeito é a seguinte: todas as pessoas têm habilidades: quem aprende a exercê-las com competência encontra, naturalmente, a melhor resposta. E com isso obtém sempre o resultado desejado.

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DO LIVRO À PROCURA DA MELHOR RESPOSTA, ED. 24X7- SÃO PAULO, 2009

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 09/05/2010
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