O Grão-Mestre Arquiteto

O grau doze é denominado Mestre Arquiteto, e, como seu nome deixa entrever, refere-se aos segredos da construção. Da mesma forma que o grau anterior, ele é dado por comunicação, não obstante o elevando deva conhecer o seu conteúdo , pois que ela encerra alguns dos mais importantes ensinamentos do conjunto da doutrina maçônica.
A Loja é denominada “ Loja dos Grãos-Mestres Arquitetos”. Por isso é que seu painel destaca com mais propriedade os símbolos dos artífices construtores, bem como os resultados do seu oficio, simbolizados no esquadro com o vértice voltado para baixo, cinco colunas formando uma perspectiva planiférica, (uma menor no meio, duas maiores ao lado, duas maiores que estas nas extremidades), e um compasso aberto em 45 º por sobre o esquadro, com as letras R N. Nas paredes, os cortinados brancos, salpicados de chamas, lembram as etapas pela quais o psiquismo do iniciando deve passar para realizar o processo regenerativo da sua consciência. No Oriente, uma estrela flamígera reina, soberana, entre as sete estrelas da Ursa Maior, para mostrar que é desse centro agregador de energia que provém a luz que fará do maçom esse homem novo, regenerado, pronto para ser a pedra de sustentação do edificio social.
Nas mesas consagradas ao Presidente da Loja, e aos 1° e 2º Vigilantes, são colocados estojos de matemática e um candelabro de três luzes. O estojo contém um compasso de cinco pontas, uma régua paralela, um tira-linhas e uma escala. Esses são os instrumentos de trabalho do operário maçom. O presidente da Loja é tratado por Grão Mestre e os Vigilantes por Mestres Arquitetos.

Diz a lenda do grau que o rei Salomão, ao ouvir os clamores do povo, sendo ele um rei justo e sábio, quis dar uma organização ao seu cronograma de obras, não só visando terminar a construção do templo, mas também outras construções de interesse de seu governo.
A Bíblia fala da construção do famoso Palácio de Salomão, construção que levou treze anos para ser erigida. E também da Casa do Bosque do Líbano, que, ao parece, era uma espécie de Tribunal, onde se processavam os seus famosos julgamentos. Diz a Bíblia que “Todos esses edifícios eram de finíssimas pedras, que tinham sido serradas de uma mesma forma e medidas, tanto por dentro como por fora, desde os fundamentos até o cimo das paredes, e por fora até o átrio maior. Os fundamentos também eram de pedras grandes de dez ou de oito côvados. E dali para cima haviam pedras belíssimas cortadas em igual medida, e cobertas também de cedro. E o átrio maior era redondo, de três ordens de pedras cortadas, e de uma ordem de cedro lavrado; e o mesmo tanto no átrio interior da casa do Senhor, como no pórtico da casa”. (Reis, 1 a 9)
Estas informações do cronista bíblico nos dão conta de quão desenvolvida era a ciência dos Obreiros da Arte Real, já na época de Salomão. E reforça a nossa crença de que os introdutores das tradições hebraicas nos ritos da Maçonaria moderna, longe de criarem “monstruosidades supersticiosas inúteis”, como disse Samuel Pritchard, sabiam muito bem o que faziam com o desenvolvimento dessas lendas. Na verdade, a construção do Templo de Salomão, bem como a estrutura do Reino de Israel, sua mística e sua organização política, tem tudo a ver com a idéia de uma Maçonaria mundial, estabelecida como elo espiritual entre homens de boa vontade, cujo ideal comum é encontrar, finalmente, a fórmula segura para se construir a utopia longamente sonhada.

Já vimos que nas mais antigas disposições a respeito da Arte Real já se encontram alusões ás excelências da arquitetura hebraica. As antigas tradições estabelecem uma ligação entre a construção do Tabernáculo, que foi uma espécie de templo itinerante construído pelos israelitas no deserto, quando eles ainda peregrinavam em busca da terra da promessa, e a edificação do Templo de Salomão. Anderson, com a imaginação que caracateriza seus escritos, diz que “deixando de lado o que não pode ser comunicado por escrito, podemos com autoridade afirmar, que por mais ambiciosos que os Pagãos tenham sido para cultivar a Arte Real, eles não atingiram jamais a perfeição, até que Deus se dignou a ensinar o seu Povo eleito a construir a majestosa Tenda supra mencionada, e a construir, afinal, essa magnífica Casa, própria á Refulgência especial de sua Glória, onde ele morava entre Querubins, sobre o Propiciatório, e de onde dava freqüentemente as Respostas oraculares.”
As disposições dadas por Deus para a construção do Tabernáculo foram reproduzidas na construção do Templo de Salomão, propriamente dito. Reza a tradição que cada Loja maçônica é uma representação simbólica daquele templo. Dessa forma, o que se quer mostrar com esse simbolismo arquitetônico é, nada mais nada menos, a forma pela qual o Grande Arquiteto construiu o mundo. O Tabernáculo, bem como o Templo de Salomão, é a representação do próprio universo. Essa é a idéia que nos é passada por todos os manuais maçônicos.
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DO LIVRO CONHECENDO A ARTE REAL, MADRAS, SÃO PAULO, 2007.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 06/05/2010
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