Aprendendo a viver

Para quem gosta de livros que falam sobre o amor e a família, Dias difíceis, de Fanny Abrammovich, é uma boa opção. Escrito em linguagem acessível o livro é destinado ao público infanto-juvenil e conta a história de uma família comum em que um dos membros é vítima da Aids.Numa época em que ainda não havia o coquetel anti-HIV, contrair o vírus era uma sentença de morte. Diante da morte iminente, vamos contemplando a insegurança dos pais, filhos e demais familiares enquanto a doença avança.

Além dos problemas de saúde, tem a família de enfrentar o preconceito e a ignorância da sociedade, o medo e a perplexidade das crianças ao deparar com os desafios que a vida enfrenta e a preocupação em se aproveitar o tempo que resta. Nessa história triste, mas não melodramática, dá-se valor ao companheirismo e amor mútuo para superar os conflitos que surgem diante dos desafios que a vida sempre nos impõe.

Subentende-se a seguinte mensagem: todos nós podemos morrer a qualquer instante. Por isso, devemos aproveitar o nosso tempo aqui para sermos felizes e mostrar aos que estão ao nosso lado o quanto eles nos são preciosos. Acrescenta-se que, num tempo em que Aids era considerada doença de quem agia errado, o livro não esquece de mostrar a revolta de quem foi infectado, perguntando-se o que fez de errado.

Mesmo lidando com o tema da morte, Fanny não usa um tom pessimista. Ela valoriza a vida e mostra que, ainda que os que nós amamos morram, o amor que eles tiveram por nós pode permanecer como um bálsamo, dando-nos força para prosseguir e realizar nossas aspirações.Enfim, devemos viver a vida seja ela como for. Aquele que nos amou pode permanecer vivo em nós através de seus ensinamentos e lembranças.

Ensina a autora que nunca se deve sucumbir à dor, mas que podemos aceitá-la como parte natural da jornada e entender que, a partir de experiências extremamente dolorosas, é possível fortalecer o nosso caráter e ser felizes. Revoltar-se não é errado, o que não devemos é mergulhar na revolta, fechando-nos em uma concha. Devemos, isso sim, procurar o que há de bom e belo na vida, entendendo que, se ela nos traz sofrimento, também traz razões de alegria.