Noel Rosa, poeta do povo

Noel Rosa, Poeta do Povo

Segundo o autor João Antonio, em ensaio datado de 1976, mas, que não perde a contemporaneidade, talvez pelo fato do tema ser um dos artistas de obra tão vasta e atemporal.

Nos diz sobre Noel, um artista do Brasil, dos mais festejados, entidades dentro e fora do Rio de Janeiro, constitui um dos fenômenos típicos dessa nossa tendência ao mítico, como decorrência do imediatismo, do ufanismo e da pressa. Aparentemente é conhecido, sua vida é ligeiramente discutida (na maioria das vezes, enlevada) e declina-se o seu calvário ou a sua grandeza com uma superficialidade que se basta no pitoresco e no original de sua vida e obra.

Noel Rosa, cuja obra, depois de trinta anos, continua divulgada, cantada e representada por intérpretes de peso, vai simultaneamente se esfacelando e se reduzindo a um número bastante limitado e equívoco do que é a sua totalidade e, principalmente, a essência de sua natureza.

Mirrado, feio, franzino. Seu nascimento foi um parto dramático, a fórceps; o momento difícil, inadiável, precipitou-se antes do tempo e o obstetra não pôde evitar a contingência do afundamento do maxilar. Correram os anos, o defeito em seu rosto se acentuou. O maxilar inferior afundado deixava-lhe o rosto quase sem queixo. Tinha horror de comer em público e se alimentava somente de líquidos e ovos quentes. Às vezes, com esforço, engolia geléias de mocotó. Entretanto, os dentes estragavam-se, apodreciam e o tratamento era doloroso e ineficaz.

Consumia muito álcool, era um boêmio impenitente, infeliz nos seus amores. Entendia a gíria saborosa e o espírito do povo carioca como ninguém. Compunha seus sambas nas mesas dos cabarés e dos botequins. Seu gênio atiçava invejas e mais de uma vez bateu-se em polêmicas musicais que marcaram épocas, transformaram-se em lenda. Seu fio de voz era fraco-fraco; ainda assim, como voz fraquinha, foi o maior intérprete de suas composições, embora seus sambas tenham sido interpretados por cantores de peso – Mário Reis, Almirante, Araci de Almeida, Marília Batista e Sílvio Caldas. Ele possuía um senso incomum de ritmo e cadência do samba. E nisto, que é a essência do samba como expressão musical do povo, ninguém o superou. Quase médico formado, nunca deu importância ao fato. Poucas vezes possuiu dinheiro. Amigo de homens e mulheres do povo, de cantores da noite e de prostitutas, de tipos das favelas e dos subúrbios, foi uma autêntica voz do povo e da terra do Rio de Janeiro.

Não tinha vinte e sete anos. Apenas. E vivia mais à noite do que de dia. A voz do povo do Brasil criou um ditado:

“Morre o homem, fica a fama”.

E muita lenda, muita mistificação e inverdade, muita interpretação inconsequente correm em nome de Noel Rosa. Há quem diga que o Poeta de Vila Isabel, cuja obra desafia e avança no tempo, deixou mais de trezentos sambas. Noel, na verdade, compões 212 peças, aproximadamente. Todas boas, algumas geniais. Lírico e sentimental, satírico e irônico, trágico e amargo, seu estilo era de inspiração genuinamente brasileira e marcado por uma dimensão poderosa do humano. As letras de seus sambas, evidenciam alto uma personalidade do autor que seria grande mesmo fora das limitações da música popular.

Noel foi também um artista do universal, cujas dimensões transcendem as medidas de uma simples letra de samba-canção:

“Quem acha vive se perdendo

Por isso agora eu vou me defendendo

Da dor tão cruel dessa saudade

Que por infelicidade

O meu pobre peito invade.

Batuque é um privilégio

Ninguém aprende samba no colégio

Sambar é chorar de alegria

È sorrir de nostalgia

Dentro da melodia.

(...)Esta triste melodia

Que é meu samba

Em feitio de oração.

O samba na realidade

Não vem do morro nem lá da cidade.

E quem suportar uma paixão

Saberá que o samba então

Nasce do coração”.

A simples desmistificação do fenômeno sentimento da samba, que Noel, neste Feitio de Oração, afirma não vir do morro, nem da cidade, e sim das vivências sofridas e suportadas, já o coloca, de pronto, na condição de poeta do universal, superando imediatamente as limitações de letrista de samba-canção.

Sua vida novelesca, breve e torturada, suas infelicidades amorosas, seus complexos, seus defeitos e suas virtudes, vêm proporcionando, durante mais de trinta e cinco anos, a seus biógrafos, pesquisadores, analistas, ferozes fanáticos ou admiradores sérios, uma variedade de diferentes conclusões e controvertidos debates.

Noel Rosa foi um captador de essências da vida do povo e da terra do Rio de Janeiro, e um extraordinário recriador e transmissor desses valores.

Uma dramática, comovente paixão pela vida o acompanha, uma intermitente presença de calor humano segue todos os personagens e situações das melodias e das letras de seus sambas.

Para Noel, a música é paixão, o espetáculo humano é paixão.

As luzes da noite, o apito das fábricas, o canto dos pássaros, o condutor do bonde, o passeio ressonado do guarda-noturno, o açougueiro, o vigarista, a batucada, a lua, o violão, a mulher... Para Noel, tudo é paixão. Escreveu:

“Mesmo em guri, a minha grande fascinação era a música.

Qualquer espécie de música. Fosse qual fosse. E amava os instrumentos, sentindo-me sonhar antes de qualquer melodia. Canções de simples amas-secas ninando crianças; coisas sem nexo, brotadas da inspiração musical improvisada; ou cantos de pardais, de cigarras; ou mesmo a rude música urbana, com os rumores desconcertantes dos bondes, carroças, pregões, tudo isso me encantava.”

É uma profissão de fé e uma definição do homem Noel Rosa diante do espetáculo da vida, cuja espontaneidade e voôs livres o isentam claramente de qualquer tipo de rótulo ou “ismo”.

Era dotado de um admirável poder de síntese e – o que mais impressiona - compunha improvisando, nas ruas, nos botequins, nas esquinas... Era um intuitivo e não um livresco.

Um artista popular integralmente identificado com as coisas do povo e atento para o espírito com que o povo e coisa popular se acasalavam formando um fascinante complexo: dores, lutas,alegrias, esperanças, suas histórias aparentemente sem grandeza. Um artista dos tipos vivos e dos grandes ou miúdos flagrantes do dia-a-dia; um homem do povo a refletir de maneira inteiramente pessoal os tipos e as cenas de rua, com grande senso de humor e ao mesmo tempo de ternura pelo humano, pelo trágico a até pelo ridículo.

Daí porque Noel captou e retransmitiu o espírito do povo carioca, que é displicente e irônico na aparência, e sentimental, terno e quente em profundidade, capaz de erguer um contraste de fotogenia-0hábil em transformar tragédia em piada, é completamente vulnerável diante das comoções mais miúdas. Capaz de ridicularizar o formal, o sacrossanto e o vigente; de se enternecer diante do feio, do burlesco.

Não recusava brigas musicais, em geral, motivadas pelo próprio ardor e paixão de suas letras. Amando, era um exaltado. E anterior a isso, era um poeta no sentido total dessa palavra. O mais que famoso Feitiço da Vila, onde Noel acentua que “o sol da Vila é triste” e cujo feitiço “que faz dançar os galhos do arvoredo e faz a lua nascer mais cedo”, levantou dúvidas e invejas.

Wilson Batista atalhou o caminho de Noel, tentando colocar certas coisas no lugar e propondo que a Vila não era tanto.

A polêmica ganhou nome e tamanho e enquanto os dois sambistas batiam-se em sambas desiguais (evidentemente a força Noel Rosa era maior r muito mais concentrado o seu fôlego, embora Wilson Batista fosse um sambista de talento), quem ganhava era o público.

O corrente “deixa pra lá” que corre na boca do povo da cidade do Rio de Janeiro, e que representa indubitavelmente uma solução de filosofia diante da maledicência, da mediocridade, da inveja, da calúnia e suas decorrências, já encontrava em Noel um intérprete de incomum fidelidade, e verbosidade rica e natural:

“Quem é você

Que não sabe o que diz?

Meu Deus do céu

Que palpite infeliz...

Salve Estácio, Mangueira, Salgueiro;

Osvaldo Cruz e Matriz

Que sempre souberam muito bem

Que a Vila não quer abafar ninguém

Só quer mostrar que faz samba também.

A Vila é uma cidade independente

Que tira samba

Mas não quer

Tirar patente,

Eu já chamei você pra ver

Você não viu porque não quis

Quem é você que não sabe o que diz!”

A grande maioria dos sambas de Noel Rosa possui letras imensas, formando, sem dúvida, ao lado das mais vastas já realizadas em termos de samba e , diga-se de relance, para a vergonha e atestado da mediocridade e ausência de mensagem da grossa maioria de nossos compositores de música popular. A tal ponto o legado de Noel é rico, que nem todos os seus intérpretes gravam a integridade de suas letras. Especialmente Com que Roupa? e Feitiço da Vila.

Segundo o ensaísta, a cantora Araci de Almeida, foi quem melhor aprendeu a natureza da cadência no samba de Noel Rosa, durante trinta anos o interpreta e muitas vezes tem se sentido sozinha, e em todas as peças há uma característica comum, a retratação dos tipos sem grandeza, que se situam entre o lírico e o grotesco do homem do povo-povo do Rio de Janeiro.

È um engano, o pressuposto ilusório de que sejam tipos chaplinianos, unicamente porque vagabundos ou deslocados no todo social ou porque carreguem uma irônica revolta e picaresca figura. São os personagens noelinos, homens, mulheres e situações sem remédio, nascendo, vivendo e continuando dentro de suas características negativas. Aí reside uma das maiores dificuldades para a exata interpretação de Noel, e é exatamente onde Araci de Almeida se revela a sua intérprete mais fiel e completa. Noel compunha nas entrelinhas e cuja mensagem é marcadamente amarga e dramática diante do irremediável.

A saudade do barracão, o último pedido à criatura amada, o ciúme do “gerente impertinente”, a compreensão diante do esquecimento amoroso e da ingratidão, os mercenários que se aproveitam do mercado nacional, o ingresso do revólver como arma dos covardes, a eterna vigarista que engana o açougueiro e fornece os assunto aos diários matutinos, e o típico anti-herói de João Ninguém, refletem com grande força o sentimento da inexorável falência que Noel via na criatura humana, e, à visão desse todo, Noel impregnava um aparente tom peralta, ainda de acordo com o espírito carioca. Era um criador por excelência e tais polêmicas eram puras decorrências das composições que ele realizava livremente, não esperando respostas ou atenções de outros sambistas.

Era um artista, quando menos,muito atento à realidade o meio social em que vivia, existindo nele uma característica nova para o samba de sua época. A marca realista.

No colorido fascinante das madrugadas, penetrado inteiramente pela sua observação satírica voltada para a crítica social e sua incorrigível boêmia. Ainda assim, nunca há um deslize para o efeito fácil, para o lírico ou o pitoresco.

O meu chapéu vai de mal para pior

E o meu terno pertenceu a um defunto maior,

(...)

A minha sopa não tem osso nem tem sal.

Se um dia passo bem, dois e três passo mal,

(Isto é muito natural...)

A minha terra dá banana e aipim.

Meu trabalho é achar quem descasque por mim,

(Vivo triste mesmo assim...)”

Tudo isso pertence à sua primeira fase, vigorosamente irônica, no princípio; tornando-se, mais tarde, satírica.

Noel iniciou-se como humorista e tornou-se satírico à medida em que a presença do sofrimento físico e moral, aliado às dificuldades criadas pela morte do pai, o tornaram um homem necessitado de dinheiro e carinho. É absurda a afirmação de que Noel Rosa, o homem, foi apenas o boêmio, e são perfeitamente claros os motivos de mudança da obra de Noel de uma fase para outra. Sua última etapa de compositor é, como as duas anteriores, uma resultante direta das próprias mudanças de sua vida e de seu amadurecimento como homem. Crescendo progressivamente o sofrimento físico dos dentes, que com rapidez se estragavam – os abscessos rasgados pelo dentista Bruno de Moraes o faziam sofrer atrozmente – e, em particular, a perspectiva de se ausentar do Rio de Janeiro e de suas rodas de samba, ou para Friburgo, ou para Minas Gerais, com o objetivo de mudar para ares melhores – e Noel detestava regimes-, além de sua imutável infelicidade nos casos amorosos, acordaram-lhe o espírito amargo.

Não se deve omitir o fato que Noel era um típico sambista de inspiração circunstancial. E porque fosse praticamente um menino e sendo carioca e vivendo no Rio de Janeiro, colhia com impressionante fidelidade e agudeza a carga de potencial irônico que possui o homem carioca. Um pontudo bom humor, uma facilidade extraordinária de composição e uma capacidade rara para a perfeição das tônicas, além de uma clara demonstração do quanto e de como sabia rimar, desfilam neste Com que Roupa?, num esbanjar de talento:

“ Agora vou mudar , minha conduta

Eu vou pra luta

Pois eu quero me aprumar.

Vou tratar você com força bruta

Pra poder me reabilitar,

Pois esta vida não está sopa,

E eu pergunto:- Com que roupa?

Com que roupa eu vou

Pro samba que você me convidou?”

Noel respeitava o amor, esse sentimento que ele pouco inspirou ou recebeu em vida e que viria a ser o grande tema de sua última fase de sambista.

É de inspiração no amor e na morte, nas coisas dos homens e mulheres das favelas cariocas, este Quando o Samba Acabou, um autêntico poema e uma das páginas mais altas da música popular do Brasil:

“ Lá no morro da Mangueira

Bem em frente a Ribanceira

Uma cruz a gente vê

Quem fincou foi a Rosinha

Que é cabrocha de alta linha

Que nos olhos tem, seu não sei quê.(...)

Disputando a namorada

Foram os dois improvisar

E como em toda façanha

Sempre um perde e outro ganha.

Um dos dois parou de versejar.

E perdendo a doce amada

Foi fumar na encruzilhada,

Ficando horas em meditação.

Quando o sol raiou foi encontrado

Na ribanceira esticado

Com um punhal no coração

Lá no morro

Uma luz somente havia,

Era o sol.

Quando o samba acabou.

De noite não houve lua

Ninguém cantou.”

Um biógrafo de Noel tentou classificar o Poeta da Vila como músico de tendências socialistas ou algo equivalente. Noel, entretanto, não era um homem que coubesse dentro de “ismos”.

Era um empírico e, um boêmio no bom e amplo sentido da palavra, um homem enternecido diante daquilo que via.

Noel amava o seu povo e isto era tudo. Não havia,contudo, em Noel, uma conscientização política deste fato, porque ele era um intuitivo. Foi, propositadamente, mau estudante de Medicina, irreverente e indisciplinado aos programas oficiais e aos professores; ele, que era essencialmente um poeta do povo.

Inequívoco e grande, sim, era o seu discernimento perante uma porção de decorrências do contexto social em que vivia.

Noel tinha um sentimento do nacional que transcende a simples área de Vila Isabel, do barracão da Penha ou da palmeira do Mangue. E nos seus ataques à imitação e aos estrangeirismos, não atacava exatamente o estrangeiro e sim a sua imitação.

E corajosa foi a sua posição de defesa contra a conspurcação e adulteração de elementos nacionais. Noel, em sambas de admirável beleza, fustiga com autoridade e talento a inclusão de tais corpos estranhos no cenário carioca. Não admitia estrangeirismos e, no profundo de sua personalidade, era um homem tímido, pacato. O exibicionismo o indignava. Assim reagiu em Não tem Tradução:

“ Essa gente hoje em dia

Que tem mania

Da exibição

Não se lembra que o samba

Não tem tradução

No idioma francês.

Tudo aquilo que o malandro pronuncia

Com voz macia,

É brasileiro: já passou de português.”

Não se encontra em toda a extensão e variedade da obra de mais de 200 peças de Noel, uma das características mais frequentes à maioria dos letristas de samba; a frase pré-fabricada para a obtenção de um efeito estético. Como artista, acreditava firmemente em suas fontes de ternura, de beleza e inspiração. Por isso, em Noel tudo é honesto, convincente e cabido. Quando criticava Copacabana, já denunciando nela a presença espúria do exibicionismo na forma de imitação cega ao estrangeiro, não havia nisso uma atitude, mas uma inteira consciência de discernimento, que chegou a imagens muito espontâneas em X de Problema, por exemplo:

“ Você pode crer -

Palmeira do Mangue

Não vive na areia

De Copacabana.”

Mesmo o tom apologético em Noel não chega ao nervosismo apatriotado da grossa maioria de nossos compositores de música popular, Noel jamais se perdia pelas cores nacionais e a própria exaltação não o deslocava da realidade:

“O samba, a prontidão e outras bossas,

São nossas coisas... são coisas nossas...

Baleiro, jornaleiro,

Motorista, condutor e passageiro,

Prestamista e vigarista...

E o bonde que parece uma carroça...

Coisa nossa... muito nossa...”

Morreu com menos de 27 anos. Deixou mais de 200 produções. Esta proporção absurda, unida à intensa vida de Noel, motiva muitas considerações sobre a personalidade do autor, sobre a vida e a obra. Artista popular extravagantemente fecundo, abrangendo diversas áreas e sentidos. Noel Rosa continua resistindo, como um dos compositores mais festejados e cantados pelo povo, mas também como uma das personalidades mais difíceis ( porque rica e profusa ) de toda a música popular do Brasil. E na realidade, atualmente, apenas menos de um quarto da contribuição noelina transita pelos veículos de divulgação.

Sua obra que começara intensamente irônica e satírica, trazendo-lhe de imediato (Noel já compunha aos dezesseis anos) um êxito incomum nos meios musicais brasileiros. Tal amadurecimento em termos vivenciais e estéticos, explica-se pelo fato de que viveu muito cedo, além de possuir, naturalmente, um talento incomum que o leva, de pronto, à condição de grande poeta, para além das limitações da natureza da música popular.

A convicção do desamor e da antipatia que sua indisfarçável figura física inspirava; a impossibilidade de sentir-se querido ou aguardado; a repetia e sempre recomeçada infelicidade nos casos de amor, deram a Noel uma visão trágica, contida e ao mesmo tempo imensa e desesperada do fenômeno amoroso, que jamais outro sambista brasileiro teve e que Noel transmitiu como ninguém.

O estilo continuou igualmente espontâneo, rico, pessoal. Mas as melodias e as letras cresceram em alto e profundo, surgindo com um vigor amargo até então desconhecido no samba brasileiro. Dariam, sem dúvida, a mais legítima antologia do trágico na música popular do Brasil. Noel de Medeiros Rosa, com tuberculose pulmonar, morreu no dia 4 de maio de 1937, no seu chalé humilde de Vila Isabel, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro.

Um profundo e desalentado conhecimento das criaturas amadas, transmitido através de um talento genuíno em momentos dolorosamente grandiosos da música popular do Brasil, acompanhou este poeta do povo até seu fim em Vila Isabel,

No mesmo chalé sobre o qual Noel fizera um dos maiores sambas seus, Só pode ser Você, inteiramente sofrido da primeira à última palavra.

“Compreendi seu gesto.

Você entrou

Naquele meu chalé modesto

Porque pretendia

Somente saber

Qual era o dia

Em que eu deixaria de viver; (...)

E pelas informações quem recebi

Já vi

Que essa ilustre visita era você;

Não existe nesta vida

Pessoa mais fingida

Do que você.”

Neste ano de 2010, celebramos centenário de nascimento do grande poeta popular, Noel Rosa , que nos deixa de herança vasto repertório nas letras brasileiras.

Referências:

Antonio, João.

Casa de Loucos. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,1976. 2ª ed.

Thais R Lima
Enviado por Thais R Lima em 17/03/2010
Código do texto: T2143779
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