FREUD E A PSICANÁLISE

Na tentativa de constituir a psicologia como ciência, que tem como objeto de experimento as observações empíricas e o inconsciente humano.

Sigmund Freud apresenta por volta do século XIX uma teoria chamada "Psicanálise" que tinha como objetivo buscar explicações razoáveis para as atitudes do complexo mundo intelectual que o homem vive consigo mesmo.

Porém, como a "Psicanálise" dá ênfase à sexualidade humana, ele enfrenta preconceitos por parte da burguesia de Viena, que considerava seus conceitos como sendo impróprios e ofensivos para a época.

Mas, ao refletirmos sobre a Psicanálise percebemos que esta abordagem vai muito além da sexologia humana, trabalhando com conjecturas, interpretações do inconsciente dos indivíduos, talvez, a Psicanálise não incomodava a burguesia de Viena por enfatizar explicitamente o sexo, mas sim, por tentar fazer com que o indivíduo reflita e busque suas reais necessidades e interesses, o que de certa forma não se adequava à época. Já que as pessoas eram submetidas ao poder, imposições, leis, etc... que as denegriam fazendo-as com "marionetes" nas mãos dos "senhores do poder".

Mesmo com todos os obstáculos, Freud ousa e sugere que o homem é um ser repleto de conflitos entre forças antagônicas (pulsões e cultura repressora).

O comportamento de Freud, ou melhor, sua opção profissional era um tanto quanto ambígua, já que como médico o clássico desta profissão é obter provas reais, que comprovem a veracidade do que realmente é observado ou examinado. Mas em sua clínica apresentavam-se pessoas com problemas físicos, porém, não apresentavam problemas neurológicos nos exames, então, ele começa a questionar o poder dos sintomas psicológicos que se se manifestavam no corpo.

"A lesão incide não sobre um nervo, mas sobre a idéia relativa a uma determinada parte do corpo".

No início de sua carreira Freud se dedica a estudar o cérebro dos indivíduos com patologias psiquiátricas, mas devido a uma série de fatos entre eles o financeiro, o médico então, abandona a anatomia e inicia seu trabalho clínico.

Com o passar dos tempos Freud conhece alguns "gênios" da época entre eles Josef Breuer, com esta parceria ele tem acesso a uma grandiosa e significativa aprendizagem que lhe auxiliou nos seus estudos. Como exemplo Breuer apresenta a Freud o sintoma de histeria, que mesmo sendo tratado com medicamentos e hipnose, após algum tempo as paciente voltavam a apresentar o quadro doentil de "histeria". Reforçando que as experiências vividas na infância eram fundamentais e responsáveis por traumas. Ou seja, um conflito (insuportável) é reprimido e retorna como um sintoma, o que podem ocasionar-se em maneiras de expressar o afeto, como em sonhos, fantasias, desejos, etc... O indivíduo "descarrega" seus conflitos.

O que pode revelar significados jamais imaginados, pois o conflito é difícil de ser vivido conscientemente, e seu inconsciente possivelmente irá determinar atitudes, ações que serão tomadas durante a vida.

Ou seja, desde que a criança passa por etapas como o Complexo de Édipo, adolescência, iniciação sexual até chegar ao presente, suas atitudes são influenciadas na maioria das vezes pelo inconsciente.

"Para Freud sempre há uma causa para quaisquer eventos ocorridos na vida do ser humano, não pode haver eventos mentais sem uma causa que os determine" (pág. 126).

Todas essas interpretações atravessaram a fronteira do biológico, e os resultados muitas vezes estavam contidos no psiquismo, nos símbolos, nas interpretações da realidade, desvendar esses conteúdos "distorcidos" pode ser a chave do real consciente que atinge uma verdade inconsciente.

Basear suas teorias em fatos empíricos foi o maior desafio que Freud enfrentou, pois quando o ser humano se depara com algo que o incomoda a tendência é a regressão, ou seja, o indivíduo busca uma fuga da realidade para ocultar uma verdade.

Ousar e explicar fatos é mais do que analisar profundamente o ser, é achar uma resposta válida, mesmo que esta não seja obtida por provas empíricas.

Freud mesmo tendo como profissão a medicina que se utiliza de fatos comprovados, reconheceu que o homem é muito mais complexo, incompreensível, mutável, versátil, capaz de distorcer toda uma realidade para se satisfazer (obter um prazer).

Freud enfrenta toda uma época, ideologia, política, poder, etc... É um ato louvável que só pode ser encarado por pessoas que procuram mais do que lhe é imposto, buscando explicar o impossível, pois para ser impossível algum dia alguém o tentou fazê-lo possível.

E a psicologia sempre foi contestada por ciêntistas, pesquisadores, filósofos, etc... E tentar fazer desta, uma ciência independente foi concerteza um dos maiores obstáculos que grandes pensadores enfrentaram, pois falar sobre o inconsciente (alma, moral, intelecto, ou o que cada um classifica) é sempre contraditório.

Observar empiricamente sem ter em mãos as provas é o maior desafio e é exatamente assim que a psicologia vai se constituindo, de teorias apresentadas, abordagens questionadas, pensadores "alucinados",entre outras muitas maneiras que são classificadas.

Referência

Kahale, E. M. P. (org)

A diversidade da Psicologia uma Construção Teórica. São Paulo: Cortez 2002

JL

jeneffer
Enviado por jeneffer em 26/02/2010
Código do texto: T2108977