O Vendedor de Armas, Hugh Laurie
"A estréia do ator Hugh Laurie no mundo literário". Esse pode ser o nome indígena do livro dele, O Vendedor de Armas, lançado agora em janeiro de 2010 pela Editora Planeta (vai Planeta!). Livro este que foi originalmente lançado em 1996, mas, sabe-se lá porque raios demorou poucos 14 anos pra vir a terras tupiniquins...
Bom, voltando à obra, ela é uma história de um cara chamado Thomas Lang, cujo destino o coloca em altas confusões, como diria o Narrador da Sessão da Tarde. Aliás, não sei quanto a vocês, mas esse sobrenome Lang me faz lembrar de outro protagonista de nome parecido, um tal de Langdon que eu li em algum lugar por aí. Mas voltando ao livro, ele é um romance policial. Ou terrorista, por assim dizer. Vá ler que você entende.
Thomas Lang recebe um estranho contato, onde a pessoa que o contatou lhe oferece dinheiro para matar um homem. Lang recusa, mas mesmo assim vai à casa do cara. estranho, não? Pois é, esse é só o aperto no gatilho, daí pra frente, o desenrolar da história se desenvolve com altas tramas, homens poderosos, dinheiro, armamento militar, e por aí vai.
Uma característica muito interessante é o jeito de Laurie escrever. Ele é britânico, tal qual seu personagem, e o humor desse povo é algo digno de ser notado. Pois então, o livro tem muito disso, as falas dos personagens são intercalados com piadinhas e/ou tiradas engraçadas, feitas pelo autor. Por vezes são ótimas, por outras vezes são tão boas que você tem de reler as linhas algumas vezes pra entender o que foi dito. E também por isso, se o leitor for daqueles que consegue se distrair muito facilmente na leitura, ele pode perder o fio do raciocínio e ter de ler algumas linhas de novo. Acontece, fique avisado.
Num geral, é um bom livro, uma boa trama. Não prende tanto o leitor assim como faz o Dan Brown (que, apesar disso, sempre caga no final), mas é um bom romance-piscológico-terrorista-etc. Se estiver escolhendo algo pra ler, leia o primeiro capítulo e então veja se compra o livro. Comprar às cegas pode decepcionar alguns leitores.
Dito sobre a obra em si, aqui tem algo que eu gostaria de comentar, e tem a ver com a edição do livro aqui no Brasil. Como comentei acima, a edição foi feita pela Editora Planeta. Já nas orelhas do livro, tanto na da frente como na do verso, a pessoa que escreveu-as coloca uma citação a respeito do brilhante personagem Dr. House, interpretado pelo ator que escreveu o livro. Colocar a citação na orelha final, tudo bem, faz parte da biografia do autor. Porém, dizer que o House ajudou o Hugh Laurie a escrever o livro é de uma bobagem sem ter fim. Lembra o que eu disse, o livro é de 1996, o seriado House, M.D. só estreou em 2004. Total falta de noção e bobagem sem ter fim dizer uma asneira dessas: "Hugh Laurie, formidável intérprete do Dr. House, soube se afirmar na TV e continua seu excelente trabalho com esta história de tirar o fôlego na qual é visível todo o seu consagrado estilo". Como assim "continua"? O livro veio antes de tudo, até mesmo de quando Hugh Laurie fez o pai do Start Little nos filmes da série. O pai do Stuart Little era que nem o Dr. House? Eu tenho certeza que não.
Outra coisa, essa é a primeira edição do livro. Não que eu esperasse, mas acho que por ser a primeira, existem muitos erros de edição. É, tem gente que ganha dinheiro pra cuidar disso e ainda assim deixa passar muita coisa. Por exemplo, os diálogos são todos feitos entre aspas, então, às vezes as aspas não são fechadas, no começo ou no fim. Alguns pensamentos poderiam vir entre aspas, pra melhorar o entendimento. Em algum lugar do livro a conjunção "mas" está escrito como sendo "ms". Alguém esqueceu de colocar o "a" ali no meio. A palavra "assento", indicando lugar onde se senta, foi escrita duas vezes como sendo "acento", tipo acento gráfico, acento agudo(´), grave (`), circunflexo (^) enfim. Isso quando essa palavra apareceu duas vezes numa mesma folha, ambas indicando lugar onde se senta, e da primeira vez estava escrito "acento" e na segunda estava escrito "assento". Primeiro o erro e depois o correto. Qualquer um pode ir a uma livraria, folhear até a página onde se inicia o capítulo vinte e quatro e ler ali escrito "Louis Vuittons". Tem um "s" a mais em Vuitton.
Sabe, são pequenas coisinhas, mas que a gente que compra o livro não espera encontrar. Isso tem de ser algo profissional, não tem cabimento haver erro banal como esse. É brincadeira, o livro demora anos pra chegar aqui e quando chega ainda tem dessas. Bom, é a primeira edição, tá desculpado. Mas se isso persistir, aí é muita falta de profissionalismo. Como disse certa vez um sábio, "herrar é umano, perçistir no herro é burriçe".