OS DEZ MANDAMENTOS
1 – CITAÇÃO DA OBRA:
GRUN, Anselm. Os dez mandamentos. Petrópolis. Vozes, 2007.
2 – RESUMO:
A obra tem por objetivo apresentar os dez mandamentos numa perspectiva de orientação para as pessoas que se encontram “perdidos” em meio a sociedade. E mais ainda: quer levar as pessoas a um caminho do bem, onde podem encontrar a concretização de seus respectivos idéias de vida feliz e saudável. E um caminho que Anselm quer percorrer, tendo como meta levar os seus leitores a uma ampla reflexão sobre a situação atual em que a pós-modernidade se encontra engendrada.
Segundo Anselm, a vida tem que ter valor, independente da pessoa que a vive. Caso contrário a vida não teria sentido algum em ser vivida. É preciso viver com força e saúde equilibradas, sem qualquer tipo de exagero e radicalidade.
A pratica dos dez mandamentos é uma tarefa muito importante para a vida de qualquer pessoa, mesmo que esta seja cristã ou não. Os mandamentos possuem valor que ultrapassada a sua essência religiosa: é uma característica ética e moral que não pode ser deixada de lado de forma alguma. Além, é claro de ser reflexo do sentido da vida. Quem os prática de forma consciente e equilibrada, possui um determinado infiltramento no meio social. Assim, a dignidade humana é expressada por obras e ações que tem por finalidade exteriorizar o bem viver com os outros.
Comumente que quando se lembra dos mandamentos, logo vem a memória o seu peso ético e moral que é muito grande e exigente. Para as criança, por exemplo, os mandamentos é sinônimo de ameaça, ou seja, expressa a idéia de um “roteiro” de obrigações que devem ser realizadas. E pelo fato de ser mandamento cristão, esta adveio de Deus e, por esta mesma razão, não pode ser evitada e deixada de lado.
As pessoas que se empenham em aprender os mandamentos, de certa forma procuram realizá-las em suas vidas. E tais ações que tem como ponto de partida os mandamentos, tem tudo para dar certo e resultar em boas ações e obras. Afinal de contas, não basta apenas entender e “decorar” os mandamentos, é preciso que estes mesmos sejam exteriorizados em ações que valorize a vida do outro. Estas pessoas que procuram, de qualquer forma que for, em aprender e entender os mandamentos, devem ser valorizadas.
A questão do mal no mundo é um fato lamentável e de difícil aceitação por grande parte da população mundial. Um exemplo que pode ser dado é a morte que tem ocorrido cada vez mais. Tem pessoas que não pensam antes de matar. E pensam, certamente não levam em conta que tirar a vida de uma pessoa é muito mais que um crime, e sim um desrespeito pela dignidade e pela liberdade do outro que quer ter direito de viver. O fundamento da vida humana tem sido cada vez mais deixado de lado para dar lugar a infinitas “banalizações” daquilo que os mandamentos sempre frisam e citam: o amor a vida de si mesmo e do outro.
Não basta ficar criticando o não cumprimento dos mandamentos e a sua observância. É preciso ir, além disto, é necessário que se busque fazer por onde para melhorar, cada vez mais, a vivência dos mandamentos. É sabido que a própria palavra de Deus pode e deve colaborar para dar sentido aos mandamentos. Caso esta não seja levada em conta, os mandamentos se tornarão um “peso” na vida das pessoas que se sentirem obrigadas na sua execução.
É da vontade de Deus que as pessoas se sintam livres, em todos os aspectos de suas vidas. Evidentemente que não é uma liberdade semelhante a “libertinagem”, mas sim uma liberdade que tenha como alicerce os mandamentos para o bom uso do agir frente aos outros.
Esta ação de Deus, que é libertadora, é semelhante ao do Sinai, onde Deus cumpre as suas promessas em ajudar o povo sofrido daquela região. Por outro lado, vale ressaltar que não basta que Deus faça a sua parte em benefício da população, é de extrema necessidade que cada pessoa faça a própria parte em relação a vontade de Deus.
Cumprir com os dez mandamentos é uma realização de experiência com Deus. É mais que uma mera ação ética, e sim um contato direto com Deus e a sua vontade que é, essencialmente, gerar o amor e a caridade aos outros.
Na Bíblia é fácil ver como que muitos não compreenderam bem qual era o intuito de Deus ao oferecer a população a observância dos mandamentos. Isso dificulta a sua prática e a sua observância. Para viver e praticar os mandamentos é preciso entende-los não como um conjunto de regras e leis, mas sim uma graça dada por Deus que tem por objetivo o bem de todas as pessoas.
Em épocas anteriores houve muitas pessoas que entendiam o significado dos mandamentos e passavam este ensinamento para seus filhos. Este é o ideal da vida cristã: a constante passagem de ensinamentos da vontade de Deus destinada aos homens. Observar as leis é um ato de amor e de lealdade que mantém o povo sempre unido.
Indubitavelmente que a questão do amor é um tema essencial nos mandamentos. Caso não fosse assim, os mandamentos não teria sentido ter sido dado por Deus. Por esta mesma questão que Jesus, no decorrer de sua vida terrena, procurou enfatizar que o amor deve ser vivenciado por todas aquelas pessoas que queiram ser exemplo concreto de vida cristã frente aos mandamentos.
Em suma, os mandamentos não têm objetivo de ser um peso na vida de qualquer pessoa. Pelo contrário, quer ser motivo de alegria para todas as pessoas que procuram ter uma vida norteada pelos mandamentos.
No livro do Êxodo se pode notar o aparecimento da lei advinda de Deus. Este, por sua vez, conhece seu povo e procura levá-lo a felicidade completa. A entrega desta lei, que é os mandamentos, é sinônimo de amor ao povo daquela época, pois representa a mão de Deus agindo em benefício de cada pessoa vivente daquela época. É sumamente importante ver nos mandamentos a profundidade do amor de Deus ao seu povo, a seus filhos.
Praticar os mandamentos pode levar a pensar sobre a vida de si próprio e do outro. Quer dizer, gera uma comunhão fraterna, onde a felicidade plena pode ser conquistada, deis de que cada colabore para esta meta ser atingida. É esta a resposta que Deus quer de seu povo: a concretização dos mandamentos.
O primeiro mandamento ressalta a valorização que cada cristão deve dar ao único Deus existente. Desta forma não há como “criar” e adorar outro Deus que não seja aquele relatado em várias passagens Bíblicas. Não importa que imagem se faz de Deus, o que vale é ter a consciência de sua exclusividade enquanto criador do céu e da terra.
O importante é ter em mente que Deus é o centro da vida humana. Se isto for feito, e chegará ao descobrimento do centro de sua própria vida. Isto é uma liberdade que cada pessoa deve exercer: ter a consciência de que Deus é o único centro da vida humana e divina. Sua existência deve ser inquestionável. Isto é uma identidade cristã, da qual não pode deixar de existir na vida cristã.
Caso se tenha o sentido de pertença a um Deus único, então é desnecessário que haja um segundo Deus que deva ser seguido e glorificado. O próprio Jesus diz que se deve amar o senhor Deus de todo o coração, e de toda a alma.
A sua presença é universal e insubstituível. Não há como ter outro Deus além daquele que criou o céu e a terra. Ele esta presente em todos os tempos e lugares. Caso se tenha isto em mente, então a vida humana correrá de forma tranqüila e sadia.
O segundo mandamento é apresentada a proibição de elencar o nome de Deus em vão. Ou seja, de pronunciar o seu nome de forma descontextualizada e fora de padrão. A imagem que se faz de Deus é de um Deus criador e bondoso para com seu povo. Tal imagem deve ser respeitada e prevalecida no decorrer dos tempos. Caso seja esquecida esta imagem, então o segundo mandamento não esta sendo observado com seriedade e prudência.
Sua imagem é de difícil representação, uma vez que ninguém o viu pessoalmente. Não há imagem abarque a totalidade de Deus. Neste caso, o importante é prevalecer a idéia de que Deus é o criador e pai dos povos de todas as gerações passadas, presentes e futuras.
Neste caso, é digno que haja uma questão bastante importante: é possível falar de Deus sem ter uma imagem que comprove a sua existência? Na verdade o ser humano é portador da necessidade de ter uma imagem para comprovar a existência de algo. Sem esta não é possível ter certeza de nada. Por outro lado, é importante que se saiba que as imagem que representam qualquer tipo de divindade são, meramente, humanas e carentes em alguns aspectos. Neste sentido ver-se que mesmo que haja qualquer representação da existência de Deus, esta mesma será insuficiente para elevar a pessoa de Deus. O importante é deixar que Deus se represente por si só e nada mais.
Ainda neste mandamento a idéia de proibição de exagero de falácias sobre Deus esta presente. Se por um lado não há como representar Deus por imagens, do outro é impossível dizer, em sua totalidade, quem seja Deus. O máximo que se pode chegar é afirmar quem é Deus para a vida de determinada pessoa. Daí é uma fala bastante subjetiva e sem qualquer necessidade de comprovação. Agora falar de forma totalitária da personalidade de Deus é impossível. Caso seja realizada esta tarefa, o mandamento segundo será desrespeitado.
O terceiro mandamento traz a idéia de que se deve santificar os dias de sábado. Semelhante a Deus que criou tudo em seis e dias e no sétimo descansou, assim também deve agir o homem: de trabalhar durante seis dias e descansar no sétimo. Só que não é um descanso ocioso, e sim um dia voltado para Deus, ou seja, santificando em nome de Deus.
E este descanso pode e deve gerar maior produção no trabalho, uma vez que o homem não é uma maquina que existe somente para o trabalho: é importante que descanse e recupere o fôlego para melhorar o seu próprio trabalho. Não é só um descanso físico que é importante para a pessoa, é preciso que haja um descanso interior também.
O descanso no sábado remete a idéia expressa no livro de Deuteronômio, de que o Senhor libertou o seu povo do Egito. Daí se vê que o sábado expressa a idéia de liberdade.
Na época de Jesus não e entendia muito bem o que significava, realmente, este mandamento. Havia a noção de que Deus se preocupava com a liberdade da pessoa. No decorrer dos tempos, Jesus foi instruindo melhor sobre tal mandamento.
Já o Domingo é um presente dado por Deus: é um tempo livre em que cada pessoa pode desfrutar de descanso e de honrarias oferecidas ao criador. Muito embora haja correntes de pensamento em que não frisam o sentido religioso do domingo não só para a vida cristã, mas também para a sociedade, se vê, claramente, que o domingo é generalizadamente o dia de descansar.
O quarto mandamento quer apresentar a importância de honrar a existência e o valor que possui o pai e a mãe. Para isso não basta, somente, valorizar a existência tanto paterna quanto materna, é necessário que a respeite e reconheça a sua grandiosidade.
Geralmente quando se fala deste mandamento, logo vem a mente a imagem da criança cumpridora deste preceito. Porém este mandamento não é só para as crianças, mas sim para adultos de forma geral. Caso fosse só para as crianças obedecerem este mandamento, não haveria necessidade de existir pai e mãe para a pessoa que já tenha atingido a vida adulta.
É interessante, também, reconhecer os erros e as faltas em que os filhos tiveram, ou que ainda tem, em relação aos seus pais. Isso ajuda para que haja uma melhor e autêntica honra aos pais. Caso seja visto que exista um pecado ou um erro em relação aos pais, o filho deve pedir perdão aos seus pais. É um ato de consideração ver que os pais são pessoas em que aceitaram, de forma voluntária, em cuidar de uma vida.
Ainda no patamar deste mandamento, se nota o cerne da família. Esta deve ser bem cuidada e bem criada, senão a vontade do criador jamais poderá vir a se concretizar. Se não houver respeito aos pais e nem boa maneira de educar os filhos, então o foco da essencialidade familiar se perde facilmente. Segundo a Bíblia, o respeito é fundamental para que dê certo a vida, tanto familiar quanto social.
O quinto mandamento remete a idéia de proibição de assassinato, o “não matarás”. O seu sentido originário esta no fato de que ele mesmo protege a vida. Em outras palavras, ninguém tem o direito de tirar a vida de uma pessoa que possui todo o direito de fazer uso pleno de toda a sua vitalidade.
É da vontade de Deus que a dignidade humana seja preservada a todo custo. Neste sentido é justo criticar a pena de morte, a eutanásia e tantos outros métodos que tiram ou impedem a vida de qualquer pessoa.
Há um outro sentido sobre este mandamento, que é a idéia de não matar a si mesmo. É necessário que cuide da vida do próximo, mas não se pode esquecer de si próprio também. Afinal de contas, aquela pessoa que pratica o bem, também precisa receber cuidados e preservar a própria saúde e seu bem estar. Ninguém tem o direito de tirar a própria vida e nem do outro, pois esta está nas mãos de Deus e de ninguém mais.
O sexto mandamento, o não cometerás adultério, se refere a falta de fidelidade a um compromissa entre duas pessoas que juraram serem pessoas sinceras uma com a outra. Segundo a Bíblia, o adultério possui um sentido para o homem e outro para a mulher. O homem era o “dono” da mulher e esta era sua “propriedade”. Sendo propriedade, não se podia romper com a sua missão que era de, unicamente, ser fiel ao seu senhor. Caso isto não fosse feito e o adultério fosse realizado, então a sociedade chamaria de crime. O antigo testamento não visava somente o marido e a esposa, mas sim toda a família de ambas as partes.
Na Igreja, o adultério tange a questão de um comportamento impudico, ou seja, contra a fidelidade. Se duas pessoas resolveram, de forma voluntária, se unirem, então se espera que elas sejam fiéis um com o outro. Caso haja traição, seja da mulher ou do homem, é um adultério.
O mandamento quer proteger o matrimonio dos perigos que possa surgir no decorrer da vida matrimonial. Caso um casamento não dê certo por outras razões que não seja o adultério, então é aconselhável que se separem de vez. Agora, se um descobrir que a outra esta o traindo, o sexto mandamento condena quem foi o agente desta contradição no casamento.
O sétimo mandamento é o não furtarás. Tal mandamento denota a idéia de respeito por aquilo que é da outra pessoa e que não pertence a uma segunda pessoa. É culposa aquela pessoa que rouba algo que é do outro. E ainda é errado aquela pessoa que se enriquece a custas dos pobres.
É mais que um furto material, é um roubar algo que a pessoa tem por direito. Ninguém tem o direito de pegar o que não é seu.
É da vontade de Deus que haja confiança entre as pessoas. Ele quer protegê-las de qualquer tipo de perigo.
O oitavo mandamento, o não darás falso testemunho contra o próximo, revela que Deus não quer que exista mentiras e nem difamações gratuitas a qualquer tipo de pessoa: é preciso que haja sinceridade ao falar de outra pessoa. Se for vista de forma bastante atenciosa, se constatará que nos dias atuais o sentido originário do oitavo mandamento não foi perdido. Existe, ainda, muita falsa de honestidade e muitas testemunhas falsas por ai.
Este mandamento sugere que cada pessoa examine a própria forma de falar, sobretudo quando se refere a uma segunda pessoa. Pois quando se fala de outra pessoa se deve tomar muito cuidado e precaução, porque é a “reputação” da pessoa que esta em jogo.
É preciso que haja uma melhor utilização das palavras proferidas para que exista maior amor pelo próximo e, até mesmo, uma honestidade mais coerente a verdade. Por isso que é importante ser sincero não só com a outra pessoa, mas sim consigo mesmo.
O nono e penúltimo mandamento, o não cobiçarás a mulher do próximo, é um pouco parecido com o mandamento de não cometer adultério. Neste nono mandamento a mulher recebe um título de propriedade do homem, ou seja, que ela é exclusivamente dele. É, em outras palavras, “indivisível” com qualquer outra pessoa.
Claro que pode haver uma simpatia com a mulher do próximo, mas também se deve levar em conta o marido desta mulher, senão haverá a impressão de que este “amigo” quer algo a mais que uma simples e bela amizade.
O décimo e último mandamento, o não cobiçarás os bens de teu próximo, defende a propriedade privada de qualquer pessoa. Esta tem o direito de desfrutar daquilo que possui. Não é certo alguém roubá-la. Tal mandamento oferece a pessoa uma proteção que possibilita viver com os outros sem se preocupar em ser roubado.
Os empregados que exercem determinados serviços em qualquer lugar também recebe proteção neste mandamento. São protegidos daqueles que querem os seus respectivos serviços.
O décimo mandamento não só denota a idéia de proteção de bens e propriedades, mas ajuda a pessoa a ser grata por aquilo que possui. É reconhecer que foi graças a Deus que tal pessoa conseguiu o que queria. Não só é bom agradecer a Deus, mas também todas as pessoas que, de forma direta ou indireta, colaborou para que a conquista fosse alcançada.